Seca, Habitação e (des)Governo: 2023 em notícias no Sul Informação

Os principais acontecimentos do ano em revista

A equipa do Sul Informação no lançamento da revista DOIS

2023, que ontem acabou, com muita música, fogo de artifício e hotéis cheios no Algarve, foi um ano complicado. O ataque do Hamas em Israel, a Guerra em Gaza e a queda do Governo são os acontecimentos que, tendo-se dado fora da região, mais impactam o nosso dia a dia.

Ao longo dos doze meses, muita coisa aconteceu no Algarve – e no Alentejo. Até nós, ao fazermos o balanço do ano, recordámos algumas notícias, boas e más, das quais já nem nos lembrávamos.

Para o Sul Informação, o ano foi muito bom. Começámos em Fevereiro com o lançamento de um novo projeto, denominado «Sabe a Ciência», numa parceria com o Centro Ciência Viva de Lagos. Ao longo do ano, publicámos diversos artigos e vídeos de divulgação científica produzidos pela equipa do CCV Lagos.

Depois, em Outubro, dois elementos da equipa do Sul Informação, o jornalista Pedro Lemos e o fotojornalista Nuno Costa, foram a Coimbra receber o Prémio de Jornalismo “Analisar a pobreza na Imprensa”.

Em Dezembro, pudemos partilhar a boa notícia de que o Sul Informação vai receber um financiamento de 23 mil euros do Local Media for Democracy project, para desenvolver uma nova ferramenta de interação com os leitores, a ser lançada em 2024.

Além disso, ao longo dos últimos meses do ano começámos a trabalhar afincadamente, com a Dengun, numa profunda e impactante reformulação do nosso site, que vamos lançar em breve.

E já temos a ideia para o tema do número 3 da Revista DOIS, que vamos lançar em Junho próximo.

 

 

JANEIRO

 

Martim Sousa Tavares – Foto: Diana Tinoco | OSF

O mês de Janeiro começou, a nível nacional, com a nomeação de dois novos ministros: João Galamba, para o Ministério das Infraestruturas, e Marina Gonçalves, para o novo Ministério da Habitação.

Depois da demissão, nos últimos dias de Dezembro de 2022, de Pedro Nuno Santos do cargo de ministro das Infraestruturas, fragilizado pelos casos à volta da TAP, o primeiro-ministro escolheu Galamba para o substituir. Estava dado o mote para mais um ano de «casos, casinhos e casões», que culminaria com a demissão de Costa e a consequente queda do Governo, dissolução da Assembleia da República e marcação de novas Eleições Legislativas. Mas ainda faltam muitos meses – e muita confusão – até lá chegarmos.

No primeiro mês do ano, em Loulé, o histórico Café Calcinha voltou a abrir, para «dar alma e vida à cidade». Com nova gerência e novo alento, o Calcinha, com António Aleixo para sempre sentado à sua porta, fazia falta a Loulé.

Na aldeia de Parises, abriu portas uma casa que quer dar futuro a esta zona do interior: o Centro Interpretativo da Serra do Caldeirão. O Sul Informação esteve lá e contou-lhe tudo, mostrando que, nesta aldeia do concelho de São Brás de Alportel, há muita vontade de viver.

Janeiro foi um mês com alguma chuva, mas nem assim se afastou o espectro da seca. Para combater a escassez de recursos hídricos com que a região algarvia se debate cada vez mais, soube-se que há duas instalações possíveis para a dessalinizadora: Albufeira (a mais provável) ou Lagos. Entretanto, a primeira obra para aumentar a eficiência hídrica do Algarve, paga pelo PRR, estava quase concluída.

Nas costas Alentejana e Vicentina, em pleno Parque Natural, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), em conjunto com outras entidades, lança uma mega ação de fiscalização das estufas de Sines a Aljezur. É uma primeira grande ação para tentar impor alguma ordem num mundo que parecia viver à parte das leis – o do agronegócio -, numa iniciativa que irá merecer aplausos de vários setores.

Em Portimão, a antiga cadeia deu lugar à nova Escola de Hotelaria e Turismo, com boas condições para um ensino que se quer de excelência.

Mas, na mesma cidade, a Maternidade do seu hospital, devido à falta de recursos humanos, vai fechar de 15 em 15 dias até Março… É apenas um dos muitos casos que se irão repetir ao longo do ano, no Algarve e no resto do país, motivados pela falta de médicos, de enfermeiros e de outros profissionais no Serviço Nacional de Saúde.

Quase no final do mês, uma boa notícia: a Orquestra vai voltar a chamar-se «do Algarve» e passa a ter como seu maestro principal o jovem e talentoso Martim Sousa Tavares. O Sul Informação foi o primeiro órgão a entrevistar o novo maestro, que anunciou muitas novidades. É o relançar da Orquestra do Algarve, que tantas alegrias já nos deu ao longo dos anos.

 

FEVEREIRO

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

O Algarve até pode parecer uma região rica, mas não é, para quem cá vive e trabalha. E isso traduz-se noutras dificuldades, nomeadamente nas escolas. É que a região tem a maior taxa de abandono escolar do país, entre outros problemas. Mas várias entidades, com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional à cabeça, estão apostadas em mudar este estado de coisas e por isso, mobilizaram vontades, para reduzir o abandono escolar precoce de 20% para 5% em 2030.

Ao largo do Algarve, sucedem-se as apreensões de droga ou, pelo menos, de lanchas de alta velocidade, usadas pelo narcotráfico. Graças à maior vigilância, ao longo do ano de 2023 haverá diversas grandes apreensões de estupefacientes, muitos detidos e muitas embarcações apreendidas.

Nos tempos da Troika e do Governo de Passos Coelho, as freguesias foram obrigadas a juntar-se, levando ao desaparecimento de muitas, num processo que foi polémico em todo o país. Alguns anos depois, é possível reverter a situação. O Sul Informação foi saber quantas Uniões de Freguesias algarvias querem separar-se e quantas querem manter o “casamento”. Não é que, entretanto, algo tenha avançado em relação a este tema na Assembleia da República. E com tantas eleições em 2024, nem tão cedo avançará…

Em Alta Mora, no interior do concelho de Castro Marim, há um festival promovido pelas gentes de lá que atrai muitos caminhantes e outros interessados pelas tradições, pela gastronomia, pela festa ou, simplesmente, pelo ar puro. Chama-se Festival das Amendoeiras em Flor e voltou a ser sucesso.

Dando voz aos algarvios e algarvias, de todas as idades e em todas as modalidades, que querem mostrar o que valem, o Sul Informação foi falar com a jovem Carlota, a menina do cabelo azul que quer chegar ao MotoGP.

Um jovem nepalês, imigrante, foi agredido, em finais de Janeiro, por um grupo de jovens numa rua de Olhão. O caso foi conhecido porque os agressores se vangloriaram da façanha, publicando um vídeo na internet.  A agressão gerou um movimento de repúdio que chegou ao próprio Presidente da República.

Ciente das tensões que se podem gerar, Marcelo Rebelo de Sousa veio a uma escola de Olhão para falar com os jovens sobre a tolerância e pedir desculpa ao nepalês agredido, um pouco constrangido com tanta atenção.

Mais tarde, três jovens olhanenses de 16 anos foram detidos por suspeita de serem os autores da agressão. Esta detenção foi anunciada em conferência de imprensa pelo comandante da PSP no Algarve, o que atesta a importância que as autoridades deram ao assunto. Um caso de xenofobia que envergonhou o país… mas deu azo ao destilar de muito ódio, nomeadamente nas redes sociais.

Depois dos violentos sismos na Turquia e na Síria, bombeiros de Albufeira, com um cão treinado para o efeito, rumaram ao primeiro destes países para tentar ajudar a encontrar sobreviventes soterrados.

Um velho sonho de Alcoutim, o da ponte sobre o rio Guadiana, parece estar a dar passos largos em direção à sua concretização: soube-se agora que o início da obra está previsto para daqui a pouco mais de um ano, em Março de 2024. Será?

Depois da coleção de romãzeiras, macieiras e outras árvores de fruto, única no país, o Algarve quer aumentar as suas coleções de árvores fruteiras tradicionais, até como repositório de toda uma bkiodiversidade que se está a perder. E pede ajuda.

Em mais um artigo do Aurélio Nuno Cabrita, que habituou os leitores do Sul Informação às suas histórias da história, assinalámos a chegada do comboio a Portimão, há 120 anos. Mas, como se verá aqui, o comboio não chegou bem, bem à cidade, porque ficou ainda por mais 20 anos do outro lado do rio…

Fevereiro de 2023 foi também o mês em que se soube um número que causou comoção em todo o país: a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, presidida pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, revelou que um «mínimo» de 4815 crianças foram abusadas por membros da Igreja Católica em Portugal, ao longo dos anos… Uma triste realidade que causou choque. Mas que infelizmente não teve muitas consequências…

No âmbito do seu Programa Mais Habitação, que, supostamente, iria resolver os problemas da falta de casas para arrendar, a preços normais e acessíveis, em todo o país, o Governo anunciou novas medidas, que têm o Alojamento Local como inimigo público número um.

António Costa também anunciou o fim dos chamados “vistos gold”, o que criou alarme no setor da construção e do imobiliário, em todo o país, mas com especial incidência no Algarve. Estas foram apenas duas das várias medidas previstas no Programa Mais Habitação, que chegou com entrada de leão e saída de sendeiro

Ao longo deste mês de Fevereiro, demos conta de duas mortes, ambas em Faro: a de Vítor Picanço Mestre, artista plástico e antigo professor, e a de João Falcão Marques, antigo presidente do PS farense.

Quase a fechar o mês, uma equipa do Sul Informação acompanhou a PSP durante uma noite de rusga nos bares e discotecas da baixa de Faro. É uma zona onde as queixas dos moradores são frequentes, mas aparentemente sem solução.

 

MARÇO

 

 

O mês de Março arranca com a iniciativa «Governo + Próximo» no Algarve. O executivo de António Costa, durante dois dias, mudou-se de armas e bagagens para terras algarvias, desdobrando-se em visitas, reuniões, primeiras pedras e inaugurações, de uma ponta à outra da região.

Entre as principais novidades que surgiram, destaca-se a apresentação do Metrobus, o tal metro de superfície que, em vez de andar em carris, anda em estrada, e que deverá ligar Loulé, Faro e Olhão, por um corredor dedicado. A solução não agradou particularmente…

Outra novidade, aliás decisão que saiu do Conselho de Ministros que teve lugar em Faro, foi a da aprovação da despesa para a construção da nova sede da PJ em Faro, nas instalações da antiga Escola Superior de Saúde, numa das entradas da cidade. Até agora, não há notícia de avanço nesta obra…

Mas esta deslocação do Governo ao Algarve foi também acompanhada por manifestações de diversos setores, em especial dos professores. Em Portimão, o ministro da Educação até teve de fugir pelas traseiras.

No Estabelecimento Prisional de Faro os reclusos passaram a ter acesso a teleconsultas. O Sul Informação esteve lá, a acompanhar este que foi classificado como «um passos de humanização».

História bonita, de amores tardios, é a que vos contámos, do casal que se conheceu no lar da Misericórdia de Monchique e resolveu casar-se.

Também bonita foi a festa que marcou a inauguração da Antiga Lota de Alvor, agora com novas funções de sala de visitas, que conta a história da vila a quem por lá passar. A reportagem em vídeo que fizemos desta festa foi a que mais visualizações teve, em 2023.

Em Querença, por iniciativa da Fundação Manuel Viegas Guerreiro e da pena do arquiteto paisagista Fernando Santos Pessoa, saiu um jardim botânico mediterrânico que prova que se pode criar oásis de contacto com a natureza, mas adaptados ao clima do Algarve. Este jardim à beira barrocal plantado foi inaugurado com a presença de Ramalho Eanes, antigo Presidente da República.

Para quem estava menos atento, Março trouxe uma surpresa: João Fernandes anunciou que, por questões que têm a ver com a lei, não se recandidataria à Região de Turismo do Algarve.

Uns dias depois, soube-se que André Gomes queria candidatar-se a esse cargo. Mas, por ser filho de Isilda Gomes (presidente da Câmara de Portimão) e marido de Ana Varges Gomes (então presidente do Conselho de Administração do CHUA), o PSD, pela boca do seu líder regional Cristóvão Norte, acusou essa candidatura de «nepotismo». Pelo meio, ainda se esboçou a hipótese de outra candidatura da área do PS, a de Carla Ponte, mas esta acabou por recuar.

Numa das suas últimas aparições enquanto presidente da RTA, João Fernandes esteve no balanço final do projeto «Revitalizar Monchique», lançado após o grande incêndio de 2018 e que teve o turismo como catalisador. O projeto chegou ao fim… mas até vai continuar.

Outro projeto ao qual João Fernandes esteve ligado, nas suas funções de presidente do Turismo do Algarve, foi o Festival do Contrabando, em Alcoutim. Em Março, o festival regressou em força, voltando a unir as duas margens do Guadiana com uma ponte pedonal.

O mês marcou também a abertura da Mata do Liceu, em Faro, que esteve a ser alvo de uma profunda intervenção. Segundo os responsáveis autárquicos, ficou pronta para os próximos 30 anos.

Outro projeto importante, numa área bem diferente, abriu as suas portas. Em Castro Marim, os doentes com Alzheimer do Algarve e Alentejo passaram a ter um “oásis” à sua espera.

Portimão recebeu, durante vários dias, centenas de jovens de todo o país, para o Campeonato Nacional das Profissões. Foi uma grande jornada para mostrar o melhor da formação profissional no nosso país. Dos distritos do Sul, quem mais se destacou foi um jovem alentejano, que foi o melhor a nível nacional da sua área.

A 17 de Março, o Algarve registou um sismo de magnitude 3,7 (que até é fraquinho) mas que, pela hora e local do epicentro, acabou por ser sentido por muita gente. De tal forma que, em menos de uma hora, mais de 500 pessoas relataram ao IPMA ter sentido o sismo. Felizmente, foi só o susto…

Em Março houve também más notícias, cá pelo Sul do país. Isabel Palmeirim demitiu-se de vez da direção da Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve, tecendo novas críticas duras à administração do Centro Hospitalar Universitário.

No desporto, o histórico clube de futebol Olhanense, que ainda não há muito tempo disputava a I Liga de Futebol, desceu aos campeonatos distritais.

Mas a notícia mais triste foi mesmo a da morte do empresário alentejano Rui Nabeiro, lamentada a nível nacional, por todos os setores, políticos, económicos e sociais. Um grande homem, que muito fez pela sua terra e pelo país.

 

ABRIL

 

 

O mês começou com a tradicional brincadeira de 1 de Abril, dia das mentiras. Ao longo dos anos, já foram muitas as ideias que saíram das cabeças dos jornalistas do Sul Informação – desde a compra da Ilha Deserta por Cristiano Ronaldo à construção de uma Via Formosa que ligaria as quatro ilhas-barreira da Ria Formosa.

Este ano, imbuídos pela recente apresentação do Metrobus, lembrámo-nos de brincar com esse projeto… e, no dia 1 de Abril, apresentámos o “Dronebus”, o primeiro sistema de transporte público totalmente baseado em drones. 

Houve quem acreditasse, houve quem desconfiasse… Este ano de 2024 há mais.

De regresso às “notícias sérias”, foi em Abril que foi apresentado um projeto inédito que usa tecnologia de ponta para produzir dourada e robalo em alto mar. Trata-se de uma iniciativa de uma empresa israelita que quer instalar esta aquacultura offshore em Vila Real de Santo António, um local que não foi escolhido ao acaso.

Também em Abril, continuaram os resquícios de uma guerra que havia começado em Março quando Isabel Palmeirim se demitiu do cargo de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Algarve (UAlg), em rotura com o Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

O caso motivou acusações de parte a parte e teve, na sua base, o acolhimento, no CHUA, dos alunos de Medicina. Numa nota enviada às redações, o Conselho de Administração do CHUA garantiu, dias depois da polémica estalar, que estaria sempre disposto para receber os estudantes. 

De resto, Abril foi cheio de polémicas ao nível da saúde no Algarve. Apesar da boa notícia relacionada com o avanço do Centro Oncológico do Sul – há muito desejado – o mês ficou marcado pelas denúncias de uma médica interna de alegada negligência no Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.

Diana Pereira, que começou por expor o caso nas redes sociais, dava conta dos casos de 11 doentes, três dos quais acabariam por morrer, devido a erros médicos. O caso logo ganhou projeção e levou o Ministério Público a abrir um inquérito.

A Ordem dos Médicos também visitou o Hospital de Faro e, no final, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem anunciou que uma comissão independente iria começar a investigar as alegadas acusações. 

Diana Pereira acabaria por pedir a suspensão do internato médico e um dos cirurgiões acusados pela médica também pediu a autossuspensão. A polémica chegou mesmo à sociedade civil, com um grupo de cidadãos a organizar uma manifestação de apoio à jovem médica. 

Ainda no mundo da saúde, em Abril soube-se que Francisco Ramos, antigo secretário de Estado da Saúde, vai liderar a equipa que estudará a PPP do Hospital Central do Algarve. 

Infelizmente, o mês também ficou marcado pela morte, aos 86 anos, de Manuel Baptista. O artista plástico farense deixou uma vasta obra e foi um dos principais nomes das artes e um dos últimos grandes artistas da sua geração, em Portugal.

No mundo da cultura, em Abril estreou “Emídio”, uma produção do “Lavrar o Mar” que o Sul Informação deu a conhecer após uma entrevista a Sandro William Junqueira.  O escritor homenageia, nesta peça, o seu avô “Emídio”, um «fura-vidas» que trabalhou no circo, fez teatro, ilusionismo…

Já em Loulé, foi outro vulto a ser homenageado: Miguel Esteves Cardoso, cronista, escritor, figura ímpar da cultura portuguesa. 

A meio do mês, surgiu uma das principais notícias de Abril de 2023. A história podia facilmente integrar o guião de um qualquer filme de Hollywood, mas aconteceu mesmo.

Érica Vicente, de 17 anos, estava na praia do Coelho, em Monte Gordo, quando decidiu fazer stand-up paddle. Empurrada pelo vento, em cima da prancha, a jovem desapareceu. Durante 20 horas, Érica esteve à deriva. Passou uma noite em alto mar até que foi avistada por um cargueiro que avisou as autoridades. 

A jovem acabaria por ser encontrada com vida, mas em elevado estado de hipotermia. Érica foi transportada para o Hospital de Faro, onde esteve alguns dias. O adjetivo «heroína», usado pelo então diretor clínico Horácio Guerreiro, não podia ter sido mais certeiro.

Para terminar Abril: este foi também o mês de mais uma Festa da Mãe Soberana – acompanhada pelo Sul Informação mesmo junto aos homens do andor -, da saída de cena de Carla Ponte de uma eventual candidatura à Região de Turismo do Algarve e da inauguração de um Centro dedicado ao envelhecimento em Loulé. 

 

MAIO

 

 

Maio rima com Semana Académica e, como é hábito desde sempre, o Sul Informação deu especial atenção à grande festa dos estudantes algarvios. Pelo “País das Maravilhas”, passaram nomes como Danni Gato, Kappa Jotta, Bárbara Bandeira ou T-Rex.  As noites tiveram música e… muita festa.

O início do mês teve direito a uma mini crise política (mal sabíamos, ainda, o que nos esperaria a 7 de Novembro).

Depois de tristes episódios no Ministério das Infraestruturas, com relatos de agressões entre assessores e funcionários, o ministro João Galamba ficou numa posição hiper fragilizada. Foi resistindo, resistindo, até que pediu mesmo a demissão ao início da noite de dia 2.

O caso parecia arrumado, mas, numa comunicação ao país no exterior do Palácio de S. Bento, António Costa veio dar outros contornos à história. O primeiro-ministro recusou a demissão e foi contra a vontade de Marcelo Rebelo de Sousa.

Foi o primeiro episódio de uma espécie de mini-série “Belém vs S. Bento” que se foi prolongando meses a fio… até ao desfecho que conhecemos.

No plano internacional, Maio também foi o mês da coroação do Rei D. Carlos III, depois da morte da sua mãe, a Rainha Elisabete II. Há mais de sete décadas que o Reino Unido não tinha uma coroação e o momento histórico foi acompanhado pela vasta comunidade britânica residente no Algarve.

E por falar no UK… foi em Maio que, 16 anos depois, voltaram as buscas pelo desaparecimento de Madeleine McCann, a criança inglesa desaparecida em 2007 na Praia da Luz (Lagos). As autoridades estiveram na Barragem do Arade e, no final, garantiram ter recolhido «algum material». Mas o mistério em torno do desaparecimento de Maddie, esse, continua por desvendar.

No desporto, este foi um mês em grande para o Algarve. Além de o Portimonense ter garantido a permanência na I Liga – onde está desde 2017 -, o histórico Farense alcançou a tão desejada subida ao escalão máximo do futebol português.

Numa época que começou com Vasco Faísca e acabou com José Mota, os algarvios estiveram quase sempre nos lugares cimeiros e acabaram o campeonato da II Liga em segundo lugar, atrás do campeão Moreirense.

A festa foi rija em Faro e até teve a presença de Hassan, histórico avançado dos algarvios, melhor marcador do campeonato em 1994/1995.

Já João Neves e Gonçalo Ramos, ambos algarvios e atletas do Benfica, sagraram-se campeões nacionais.

Em Maio, o Algarve assistiu também ao primeiro incêndio do ano com alguma dimensão. Foi no Azinhal, em Castro Marim, e o fumo chegou a ser visível a alguns quilómetros de distância, nomeadamente do Festival Setecentista de Vila Real de Santo António. 

Em Abril, falei-lhe da saída de cena de Carla Ponte de uma eventual candidatura à presidência da RTA. A razão foi o avanço de André Gomes que, em Maio, apresentou oficialmente a sua candidatura. 

O então diretor do Núcleo de Promoção, Animação e Informação Turística da RTA – e filho de Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão -, acabou por ser o único candidato e criticou o Governo na apresentação da sua lista.

De fora da lista de apoiantes, ficaram três municípios. 

No que diz respeito a mortes, em Maio, o Algarve viu desaparecer José Estevens, antigo presidente da Câmara de Castro Marim, eleito pelo PSD, bem como Paula Teixeira, diretora do Agrupamento de Escolas Júdice Fialho, de Portimão, e Sander van Gelder, o “pai” de Vale do Lobo. 

Quanto ao mundo da cultura, foi neste mês que foram apresentados mais nomes do cartaz do Festival MED, em Loulé, e em que Mértola viveu mais um Festival Islâmico. 

Já a Câmara de Lagoa viu-se a braços com um ciberataque que paralisou os serviços informáticos da autarquia…

 

JUNHO

 

 

Em Junho, voltámos a ser “Dois”. Foi no dia 23 que o Sul Informação lançou a segunda edição da revista “Dois”, o nosso novo projeto editorial que lançámos em 2022.

Com capa de Vhils e o tema do “mar” como pano de fundo, a “Dois” esteve à venda nas bancas de todo o país e conta com, além de uma entrevista a Vhils, crónicas da escritora algarvia Lídia Jorge, do paleontólogo Luís Azevedo Rodrigues e diversas reportagens de fundo, sobre temas como o surf na Costa Vicentina, o futuro da pesca ou a utilização das microalgas.

Se ainda não tem a sua, ainda nos pode encomendar aqui uma revista.

Apesar da intensa dedicação a que a “Dois” nos obrigou, Junho não deixou de ser um mês também repleto de notícias no Sul Informação.

Muitas deles, infelizmente, relacionadas com um tema que teima em não sair da ordem do dia: a seca e a falta de água no Algarve. Foi em Junho que as Câmaras Municipais decidiram fechar as piscinas e deixar de regar, até porque tanto a Bravura como o Arade estavam entre as bacias com menos água no país.

A situação de seca agravou-se em todo o país e este foi também o mês em que houve novidades sobre a futura dessalinizadora, um dos projetos que faz parte do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve.

Além de ter sido anunciado o local da construção – o concelho de Albufeira -, o Governo, pela voz do secretário de Estado do Ambiente, revelou que o objetivo era lançar o concurso para construção até ao final do ano.

Junho foi também o mês em que o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve deu mais um passo – apesar das críticas de algumas organizações de pescadores.

É que este futuro parque, com uma área total de 156 quilómetros quadrados (km2), desde a costa até aos 50 metros de profundidade, frente aos concelhos de Albufeira, Silves e Lagoa, terá uma zona de proibição de pesca, com um total de 20 km2.

Ainda nos temas relacionados com o ambiente… o projeto “Culatra2030” ganhou um prémio importante e a Universidade do Algarve apresentou um barco que também é sala de aula.

No capítulo do desporto, Manuel Cajuda, histórico jogador e treinador algarvio, tornou-se presidente do Olhanense, clube da sua terra, que tinha descido, no final da época, aos campeonatos distritais (e pensar que, há 10 anos, estava na I Liga…).

O Algarve soube também, em Junho, que voltaria a receber a Volta a Portugal em bicicleta. Loulé foi palco da chegada de uma das etapas a emblemática prova.

Em termos de desaparecimentos, Junho foi o mês das mortes de Aníbal Guerreiro, empresário e histórico dirigente do Farense que ainda viu o seu clube do coração regressar à I Liga, e de Hermínio Rebelo, um grande embaixador dos vinhos do Algarve.

Também neste mês foi notícia uma eventual exploração mineira em Alcoutim e Castro Marim, à qual esta última autarquia logo se opôs, bem como a mudança da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve para o edifício do antigo Governo Civil, em Faro, junto ao Arco da Vila e ao Jardim Manuel Bivar.

André Gomes foi eleito presidente da Região de Turismo do Algarve e Cláudio Torres, nome maior da arqueologia em Portugal, foi galardoado com mais um prémio.

E por falar em arqueologia: os Banhos Islâmicos, de Loulé, tornaram-se oficialmente Monumento Nacional – e de forma muito merecida depois das profundas obras levadas a cabo.

Ainda em Junho, fomos à descoberta de um festival diferente na Penina – terra de 66 pessoas -, dos produtos da Gran Carob e ainda demos atenção à Gala Michelin que, soube-se, acontecerá no Algarve no próximo ano.

Ah, e ainda relatamos (mais) um imbróglio entre um proprietário no Ludo, a Câmara de Faro e o ICNF.

 

JULHO

 

Horácio Guerreiro

 

O mês de Julho começou cheio de esperança para os mais de cem farenses que viram os seus nomes sair no sorteio de habitações a Custos Controlados feito pela Câmara de Faro.

Pelo menos foi esse o sentimento que o Sul Informação captou entre aqueles que iam festejando a saída do seu nome, na lotaria da habitação, embora ainda estivesse por garantir a parte mais importante: o acesso a financiamento para comprar as casas.

Mas, como seria de esperar, e apesar de ter começado “com o pé direito” para algumas famílias de Faro, nem tudo foram rosas, em Julho.

Ainda o mês não ia a meio quando Horácio Guerreiro, respeitado e experiente médico, anunciou a sua saída do cargo Diretor Clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

A justificação dada pelo clínico para esta decisão foi a de não concordar com a decisão do Conselho de Administração do CHUA de manter o bloco de partos de Portimão aberto aos fins-de-semana, apesar da carência de recursos humanos, uma decisão que, na sua visão, acarreta riscos.

Na altura, Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do CHUA, não o deixou sem resposta, dando azo a mais uma polémica envolvendo o CA do CHUA, como pode recordar aqui.

Também surpreendente – e nada positiva – foi a decisão da empresa Sun Concept, que nasceu em Olhão e se dedicava à produção de barcos 100% elétricos, de se mudar de “armas e bagagens” para Setúbal.

Esta mudança deveu-se a questões logísticas, principalmente ao facto de não existirem, no Algarve, espaços com a dimensão que esta empresa necessita para aumentar a produção. Quer dizer, existir, existem, mas o seu custo é proibitivamente elevado. Resultado: menos uma unidade produtiva na região.

No entanto, uma vez que já se estava em pleno Verão, Julho foi, igualmente, um mês de festas e feiras.

E uma festa que é sempre muito aguardada é a Concentração Internacional do Motoclube de Faro.

Como é hábito, a festa dos motards acabou com um desfile pela baixa da cidade de Faro. O Sul Informação esteve lá e captou tudo em vídeo. Recorde aqui como foi.

Na mesma altura em que decorria a concentração, São Teotónio, em Odemira, acolhia mais uma edição da FACECO.

No final, e depois de três dias a celebrar o que de melhor existe no seu território, a Câmara odemirense deu por bem empregue a (muita) energia gasta na realização deste grande evento.

Outra boa notícia foi a atribuição do Grande Prémio de Romance e Novela da APE/DGLAB a Lídia Jorge, pelo seu livro “Misericórdia”, um dos muitos galardões que a escritora algarvia venceu, em 2023, devido a este romance.

Chegado o fim do mês, terminou o mandato de João Fernandes enquanto presidente do Turismo do Algarve, após cinco anos no cargo.

Antes que Julho acabasse, a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve promoveu uma homenagem a João Fernandes, alguém que, para a AHETA, «esteve sempre ao lado dos empresários, na procura de soluções para os diversos problemas».

Infelizmente, em Julho, o Sul Informação noticiou a morte de diversas personalidades algarvias.

A primeira foi no dia 4 e dava conta do desaparecimento de Ti Cândido, uma figura muito conhecida e querida de Quarteira.

Dias depois, foi Fernando da Conceição Santos, antigo presidente da Assembleia Municipal de Silves,que morreu.

Antes de terminar o mês, o Algarve havia ainda de lamentar a morte de João Pereira Neto, professor catedrático que foi membro da Comissão Instaladora da Universidade do Algarve, e de Filipe Viegas, antigo presidente da Junta de Quarteira.

 

AGOSTO

 

Incêndio em Odemira – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Se Julho terminou com o final do mandato do presidente do Turismo do Algarve, Agosto começou, como seria de esperar, com a entrada ao serviço do seu sucessor.

André Gomes tomou posse logo no dia 1, numa cerimónia onde reafirmou as bandeiras que havia apresentado na campanha para as eleições, mas de onde saíram outras novidades, nomeadamente a chegada de um reforço de 3 milhões para a promoção turística do Algarve.

No dia 4, os habitantes do Cerro do Leiria, em Tavira, e das localidades que o rodeiam receberam uma boa notícia, a do chumbo de uma polémica central fotovoltaica que a Iberdrola pretendia construir nesta zona de barrocal.

Este foi um assunto que o nosso jornal seguiu, de resto, desde o primeiro momento, e para o qual alertou mesmo antes de haver anúncio oficial da parte da energética espanhola de que o projeto existia.

No dia seguinte, 5 de Agosto, deflagrou em Odemira aquele que se revelaria o maior incêndio do ano, em Portugal, com cerca de 7500 hectares ardidos.

As chamas ameaçaram habitações logo no primeiro dia, tendo sido necessário proceder à evacuação de habitações.

Depois de dois dias a causar grande destruição e preocupação em Odemira, o incêndio galgou a fronteira entre Odemira e Aljezur e chegou ao perímetro da vila de Odeceixe.

Antes de ter sido dominado, a 9 de Agosto, o incêndio ainda alastrou ao concelho de Monchique.

Dominadas as chamas, o retrato que se podia fazer no terreno era muito triste e de grande destruição.

E se um grande incêndio não bastasse, o fantasma da escassez de água continuou a pairar sobre o Algarve, onde o consumo subiu, em Julho, apesar das muitas campanhas que estavam em curso, a apelar à poupança e ao uso racional deste bem essencial.

Entretanto, surgiu o anúncio de uma nova rota aérea, desta feita entre Faro e Copenhaga, a ser operada pela Ryanair.

A 27 de Agosto, a morte de um cabo da GNR, quando estava de serviço em Loulé, consternou o Algarve e o país, com reação pública do próprio Presidente da República.

No mesmo dia, morreu o médico louletano Pedro Rocheta, que chegou a ser candidato à Assembleia Municipal de Loulé.

Antes, a 5 de Agosto, já tinha sido notícia a morte do jornalista António Vinagre, que foi delegado do Diário de Notícias no Algarve, nos anos 80 e 90.

A acabar o mês, foi anunciada a fusão do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e da Administração Regional de Saúde, para criação da nova Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, que nasce oficialmente hoje, dia 1 de Janeiro.

 

SETEMBRO

 

 

O mês de Setembro foi marcado por um sismo que, apesar de ter acontecido bem longe, foi sentido no Algarve e causou muitos mortos e enorme destruição.

No dia 8, muitas pessoas sentiram no Algarve (e noutros pontos de Portugal) os efeitos de um sismo de magnitude 7.0 na escala de Richter, com epicentro perto de Marraquexe, bem longe daqui.

O facto de um sismo que teve lugar a largas centenas de quilómetros de distância ter sido sentido em Portugal, pôs, como é natural, os “olhos” dos algarvios em Marrocos.

E mais razões houve para isso quando se soube que, precisamente em Marraquexe, onde os efeitos do sismo se fizeram sentir com maior intensidade, estava, na altura, uma delegação algarvia, com os presidentes das Câmaras de Albufeira, Loulé e Silves, bem como com técnicos desta autarquia.

O Sul Informação falou com alguns dos algarvios que viveram o momento, que contaram na primeira pessoa aquilo que sentiram e viram.

Outro tema quente, neste 9º mês do ano, foi o da habitação.

Primeiro, foram os estudantes da Universidade do Algarve que denunciaram as dificuldades enfrentadas por muitos dos seus colegas, para encontrar casa, num Desfile do Caloiro cujo mote foi “Estudar onde não consigo viver”.

A terminar o mês, as ruas de várias localidades do Algarve encheram-se num protesto a exigir mais habitação e habitação mais acessível. O Sul Informação esteve em Faro, onde se exigiu casa para viver.

Podia esperar mais um pouco, mas o orgulho nos meus colegas Pedro Lemos e Nuno Costa insta-me a dar-lhe desde já conta de algo que foi anunciado no dia 20: a atribuição ao Sul Informação do 1º lugar no prémio de jornalismo Analisar a Pobreza na Imprensa.

Antes, o mês tinha começado com mais uma triste notícia de uma morte, desta feita de Manuel Brito, empresário que fundou a editora Sul, Sol e Sal e a empresa Sun Concept.

Nos primeiros dias do mês, também chegaram dados que deram conta que Agosto foi o quinto mais quente de sempre, em Portugal, desde que há registos, e que a seca atingia já 97% do território continental.

À luz desta informação – e de toda a outra que tem chegado, dando conta que a escassez de água é agora um problema estrutural, na região algarvia – torna-se ainda mais relevante o investimento de 15 milhões que permitirá ao Algarve mais que duplicar a reutilização de águas residuais tratadas.

Setembro também foi o mês em que Vhils nos presenteou com o EDP Art Reef, após ter mergulhado no mar de Albufeira, para ali deixar obras de arte. Este projeto foi, de resto, um dos temas abordados na entrevista de Vhils à Revista Dois, cuja capa foi desenhada por este artista.

Setembro igualmente foi marcado pela publicação em Diário da República da portaria que fixou a Zona Especial de Proteção (ZEP) do Rîbat da Arrifana, na Ponta da Atalaia (Vale da Telha), em Aljezur, uma medida há muito esperada.

Mais de um mês após o incêndio de Odemira, ainda se lambia as feridas no território afetado, mas já havia quem trilhasse o caminho do futuro, para deixar a desgraça para trás, como foi o caso da Rota Vicentina.

Outro incêndio que fez correr muita tinta, mas por razões diferentes – e, em certa medida, piores – foi o que lavrou durante semanas numa lixeira em Vale da Venda, em plena Mata do Ludo, entre Loulé e Faro, no Verão de 2022. Um ano depois, o Sul Informação foi saber qual era o ponto da situação.

Setembro foi finalmente o mês em que foi anunciada uma redução dos preços das portagens na A 22.

 

OUTUBRO

 

 

Outubro começou com mudanças no executivo da Câmara de Loulé. Para espanto de todos, a dois anos das Eleições Autárquicas, Ana Machado deixou de ser vice-presidente desta autarquia e não terão sido «nem razões pessoais, nem de saúde» que a levaram a pedir para cessar essas funções.

As mudanças foram confirmadas também por Vitor Aleixo a 3 de Outubro, altura em que o autarca informou que, tirando o facto de David Pimentel passar a ser o vice-presidente, o resto do executivo ficava igual e com os mesmos pelouros.

A nível internacional, há a salientar a atribuição do Prémio Nobel da Paz à ativista iraniana Narges Mohammadi – a escolha deveu-se à sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e para promover os direitos humanos e a liberdade de todos – e, numa perspectiva totalmente oposta, o início dos confrontos entre Israel e a Palestina, que já causaram mais de 15.900 mortos.

Por cá, Outubro costuma também ser altura de balanços em relação ao início do ano letivo e, este ano, o Sul Informação foi perceber como estava a correr a integração dos alunos estrangeiros nas escolas do Algarve, que já são 20,1% dos alunos matriculados.

De acordo com Alexandre Lima, delegado regional da DGEstE, esta é uma percentagem que tem vindo a aumentar, ano após ano, e à qual as escolas têm sempre dado resposta, «apesar das dificuldades».

Outubro, apesar de marcado pela seca, – levando até o Algarve a pedir a construção de outra dessalinizadora – foi também o mês em que, apesar de pouca, a chuva que caiu, no dia 17, foi suficiente para causar estragos, principalmente na Baixa de Faro e no Aeroporto.

Bastou meia hora para alagar várias vias e zonas da cidade, mas, felizmente, sem causar grandes problemas.

O mesmo não se pode dizer da Depressão Bernard, que passou por cá a 22 de Outubro e só num dia registou mais de 61 ocorrências, sendo a maioria quedas de árvores e pequenas inundações. Devido à tempestade, o jogo Moncarapachense-Vitória, que decorria no Estádio Algarve, teve de ser interrompido por alguns minutos.

O dia 17 de Outubro ficou marcado ainda, pelo menos para a equipa do Sul Informação, pela entrega do 1º lugar do Prémio de Jornalismo “Analisar a pobreza na Imprensa”, na categoria de Imprensa Regional, ao jornalista Pedro Lemos e ao fotojornalista Nuno Costa. É sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido.

Já o Aliança, um café histórico na cidade de Faro, que estava encerrado há cerca de dois anos, reabriu, com nova gerência e conceito de café, restaurante e bar. Logo no dia 11 o Sul Informação visitou este espaço, mas a inauguração oficial só se deu a 25.

Foi também anunciado que Faro vai passar a ter um voo direto para o Aeroporto de Newark, em Nova Iorque, a partir de 24 de Maio. Esta novidade, dada pela United Arlines, a 26 de Outubro, foi recebida com muito entusiasmo, principalmente por parte do setor do turismo.

Para André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, a primeira ligação aérea direta entre Faro e Nova Iorque foi uma «excelente notícia para a região e um marco muito relevante, que abre uma nova página de oportunidades para o turismo do Algarve».

Por falar em aeroportos, o dia 29 ficou marcado pela extinção oficial do SEF. Jose Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, esteve no Aeroporto Gago Coutinho, em Faro, e divulgou que mais de 82 mil controlos nas fronteiras aéreas e mais de 11.400 nas fronteiras marítimas era o balanço do primeiro dia em que PSP, PJ e GNR assumiram novas competências.

Em Outubro, há ainda a realçar o festejo dos 40 anos das primeiras aulas da Universidade do Algarve  e a inauguração oficial do Passadiço do Barranco do Demo, na freguesia de Alferce, em Monchique. Esta infraestrutura, que se espera que ajude a fazer rejuvenescer esta localidade, foi inaugurada com a presença de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial.

Na área da saúde, soube-se em Outubro que João Ferreira passaria a ser o novo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), substituindo Ana Varges Gomes, que já havia terminado o seu mandado a 31 de Dezembro do ano passado.

Por falar em CHUA, foi também neste mês que houve a notícia de que uma mãe tinha raptado a filha bebé do Hospital de Faro. A recém-nascida de 1 mês foi encontrada cinco dias depois na casa de conhecidos da progenitora, nos arredores de Faro.

O caso ficou entregue à Polícia Judiciária, que prestou esclarecimentos no dia em que a bebé foi encontrada e levada novamente para o hospital.

Ainda na capital algarvia, Outubro foi altura de mais um “Faro Positivo”. Este ano, em destaque estiveram as obras da nova ponte da Praia de Faro, a nova escola e três qualificações previstas até 2026 e o loteamento industrial do Guilhim. 

Não podia terminar o balanço deste mês sem falar de uma das notícias que talvez mais tenha marcado a região e o país – a morte de Margarida Tengarrinha. 

A resistente anti-fascista, membro destacado do Partido Comunista, artista plástica, escritora e ativista cultural, natural de Portimão, morreu no dia 26 de Outubro, aos 95 anos, deixando um legado eterno.

 

NOVEMBRO

 

 

Se Outubro foi um mês com muitos e diversos temas, Novembro não lhe ficou atrás.

No dia 7, o país acordava com a notícia de que a PSP estava a fazer buscas no gabinete do primeiro-ministro e nos Ministérios do Ambiente e Infraestruturas, estando em causa os negócios do lítio e do hidrogénio de Sines.

As buscas levaram de imediato à detenção de Vítor Escária, chefe de gabinete de Costa, Diogo Lacerda Machado, empresário e amigo do primeiro-ministro, e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines.

Perante os acontecimentos, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu António Costa em Belém. Numa comunicação ao país, cerca das 14h30, a partir da residência oficial do primeiro-ministro, António Costa anunciou que apresentou a sua demissão ao Presidente da República e, meia hora depois, o Presidente da República confirmou que aceitava.

Seguiram-se dias em que muito se falou sobre o que iria acontecer a António Costa, ao Governo e ao País. Dois dias depois da demissão do primeiro-ministro, a 9 de Novembro, Marcelo Rebelo de Sousa anunciava a dissolução da Assembleia da República e a consequente marcação de novas eleições legislativas para 10 de Março deste ano de 2024.

A 11, António Costa voltou, de forma inesperada, a falar ao país, justificando-se acerca das investigações em curso, e, a 13, João Galamba apresentou a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas.

No início de Novembro, esteve em Faro Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, para inaugurar oficialmente o primeiro polo da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), localizada dentro da Loja do Cidadão, que fica no Mercado Municipal de Faro.

A iniciativa, que pretendeu dar a conhecer o trabalho da AIMA – que é uma fusão do que eram as competências administrativas do SEF e daquilo que são as competências do Alto Comissariado para as Migrações – aconteceu poucos dias após a extinção do SEF.

Acolher estas pessoas com todos os cuidados é necessário para que não surjam mais notícias como a que chegou também em Novembro de que pelo menos 100 imigrantes estavam a ser explorados no Baixo Alentejo.

Na sequência da “Operação Espelho”, desencadeada pela Unidade Nacional de Contra Terrorismo desta polícia e que envolveu cerca de 480 operacionais da PJ, que deram cumprimento a 78 mandados de busca domiciliária e não domiciliária, foram detidas 28 pessoas.

Por falar em detenções, em Novembro foi também apanhado um burlão que agia tendo por base o fenómeno conhecido por “Olá, Mãe / Olá, Pai”, com vítimas por todo o território nacional e, também, muito disseminado noutros países europeus.

Em Novembro, foi homenageada Maria Barroso, orgulhosa fuzetense, que passou a dar nome ao Auditório Municipal de Olhão. A cerimónia contou com a presença dos dois filhos da antiga Primeira Dama e companheira de vida de Mário Soares.

Há ainda a relembrar a morte de Viegas Gomes no dia 14 desse mês. O jornalista, natural de Faro e que residia em Olhão, colaborou com o Diário de Notícias e com vários órgãos de comunicação nacionais e regionais.

A nível desportivo, Novembro foi também um mês de novidades.

Realizou-se o Monte Gordo Sand Experience, entre os dias 17 e 19, um evento no qual a autarquia de Vila Real de Santo Antônio depositou muitas expectativas, mas que também recebeu várias críticas devido aos impactos negativos que poderia trazer para o ambiente. Terminado o evento, o balanço foi de que a prova tinha levado cerca de 20 mil pessoas a Vila Real de Santo António.

Além disso, a 24 foi anunciado que o Autódromo Internacional do Algarve ia ser palco de mais um MotoGP, em Março.

Nos eventos, há ainda a destacar a comemoração dos 35 anos da Escola Superior de Gestão Hoteleira e Turismo da Universidade do Algarve e o Festival da batata-doce de Aljezur, que, uma vez mais, juntou milhares de pessoas.

A 25ª edição contou com a visita de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial.

No fim de Novembro, nasceu ainda a Associação dos Amigos do Museu do Lyceu de Faro, que pretende fazer crescer este museu e levá-lo a mais gente.

 

DEZEMBRO

 

 

Chegámos a Dezembro, o último mês do ano e aquele que, por norma, costuma ser mais calmo.

Os eventos que há são mais relacionados com as épocas festivas e não costuma haver grandes revelações, mas, ainda assim, o Sul Informação está sempre atento a tudo o que se passa no Algarve e no país e tem notícias a destacar.

Este foi um mês em que pelo nosso jornal muito de falou de mercados. Porquê? Porque foi lançada oficialmente a Rede Regional de Mercados Locais e porque estivemos a acompanhar a iniciativa “Há Petisco no Mercado”, que passou por toda a Rede, composta pelos Mercados Municipais de Sagres, Aljezur, Odeceixe, Vila do Bispo, Almádena, Odiáxere, Barão de São João, Bensafrim, Espiche, Monchique, Alvor, Silves, São Bartolomeu de Messines, Alcantarilha, Pêra, Algoz, Moncarapacho e São Brás de Alportel.

Além disso, foi o mês em que o Mercado Municipal de Faro celebrou 70 anos. Nesse âmbito, o Sul Informação foi tentar perceber como está a situação desta infraestrutura crucial da capital algarvia e quais são as ideias para o futuro.

Ainda em Faro, há a realçar as comemorações dos 100 anos do Estádio do Farense, logo no dia 1, e o lançamento da inciativa “Faro Somos Todos”, no âmbito da época natalícia e que decorre ao longo de todo o mês.

A nível político, Dezembro ficou também marcado pelo inesperado chumbo do Orçamento Municipal de Faro para 2024 com dois votos contra de elementos do PSD, o partido que lidera a coligação no poder nesta Câmara.

A proposta de orçamento do executivo liderado por Rogério Bacalhau foi chumbada no dia 19 com 15 votos contra, 13 dos quais de partidos na oposição, mas também de Gameiro Alves e de Tiago Botelho, dois deputados municipais do PSD, eleitos pela coligação “Unidos Por Faro”, que junta PSD, CDS, MPT, PPM e Iniciativa Liberal.

Poucos dias depois, acendeu-se também a discórdia em Olhão devido à Ludoteca da Fuzeta. A guerra não é de hoje e há mais uma batalha em curso entre a Câmara de Olhão (PS) e a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta (PSD).

Neste mês, realizou-se também a tomada de posse de Rita Tavares como presidente da AAUAlg. Em entrevista ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve (RUA) FM, a jovem frisou que tem como prioritários os temas da habitação e dos transportes.

Dono de notável destaque ao longo de todo o ano, o músico algarvio Dino d’Santiago voltou, em Dezembro, a ser tema de notícia, desta vez pela atribuição da Medalha de Mérito Cultural, dada pelo Governo.

A cerimónia ocorreu, de forma simbólica, no Estabelecimento Prisional do Linhó, onde o artista tem desenvolvido o projeto “De dentro para fora”.

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Aqui fica o balanço do ano de 2023. O novo ano que hoje começa promete muita agitação política e a tristeza da continuação das guerras e das desigualdades.

Mas é também altura para celebrar o meio século do 25 de Abril de 1974. Mesmo que muitas das promessas surgidas nesse «dia inicial inteiro e limpo» não estejam ainda cumpridas, Portugal está bem melhor que há 50 anos!

Um ano cheio de boas notícias, são os desejos de toda a equipa do Sul Informação para os seus leitores!

 

«Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo»

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

NOTA: Textos do balanço da autoria de Elisabete Rodrigues, Hugo Rodrigues, Mariana Carriço e Pedro Lemos

 

 

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