Algarve recebe «reforço extraordinário» de 3 milhões de euros para promoção turística

Mais de 200 convidados, entre os quais um ministro e três secretários de Estado, estiveram na tomada de posse do novo presidente da RTA

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O Algarve receberá «um reforço extraordinário de mais 3 milhões de euros para a promoção turística e de eventos». A novidade foi anunciada ontem à tarde, pelo secretário de Estado do Turismo, na tomada de posse de André Gomes como presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA).

Nuno Fazenda explicou que aquele montante, a ser usado este ano e no próximo, já tem destinatários, uma vez que será usado na promoção de grandes eventos que terão lugar no Algarve em 2024.

Um deles, revelou o secretário de Estado, será o «maior encontro de agentes de viagens e turismo da Alemanha». Trata-se de um grande evento que os empresários turísticos e hoteleiros do Algarve há muito queriam atrair para a região, o que agora foi conseguido, graças aos esforços do «Governo Português e a Entidade Regional de Turismo do Algarve».

O outro evento referido por Nuno Fazenda é a “Gala Michelin Star Revelation”, que, «pela primeira vez vamos ter também em Portugal», mais concretamente no Algarve.

Apesar deste anúncio de milhões, muito aplaudido por todos os convidados para a posse, que teve lugar no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, o novo presidente da RTA, tal como já tinha feito aquando do anúncio da sua candidatura, criticou o reduzido orçamento das regiões de turismo.

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Na sua opinião, aplicando as atualizações da dotação financeira que seriam devidas, «o financiamento anual da RTA para 2023» deveria andar «na ordem dos 5,5 milhões de euros», defendeu.

Isso seria, acrescentou André Gomes no seu discurso, «um valor bem mais realista do que os exíguos 4,1 milhões de euros destinados pelo Estado central à região de turismo mais importante do país», para mais, uma verba estrangulada pelas «cativações».

Hélder Martins, antigo presidente da RTA e que ontem voltou a tomar posse como presidente da Mesa da Assembleia Geral, já tinha recordado que «hoje, o orçamento da Região de Turismo é muito idêntico àquele que havia na altura em que eu fui presidente, há vinte anos».

Ele que é também empresário hoteleiro e presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), e que, por isso, sente na pele os problemas da região, falou do «ligeiro abaixamento na ocupação das unidades hoteleiras», que se está a registar.

Ora, salientou, «o que verificamos, à data de hoje, é que, estando o Aeroporto de Faro com mais passageiros, com mais turistas, o que falta é claramente o mercado nacional». E isso, tal como acontece com o mercado espanhol, tem muito a ver com o aumento das taxas de juro nos créditos, que «faz com que muitos compatriotas nossos não possam viajar».

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Tendo em conta este abaixamento, que está também a ser sentido, com mais força até, pela restauração, Hélder Martins considerou que seria preciso que a RTA fizesse o que lhe compete, uma campanha forte para atrair os turistas do «mercado interno e mercado interno alargado» (que inclui Espanha).

Só que a RTA não tem dinheiro para isso, afirmou: «o Algarve não tem condições para fazer uma campanha no mercado interno», agora que «é necessário fazer este ataque».

Virando-se para o secretário do Estado do Turismo, o presidente da Mesa da AG da RTA, apelou: «é muito importante que, neste ciclo que agora começa, com a liderança do André Gomes, seja revista esta questão» do financiamento.

O novo presidente da Região de Turismo do Algarve, no seu discurso de seis páginas, defendeu igualmente outra «fonte de financiamento adicional para a promoção turística e para o desenvolvimento de infraestruturas capazes de dar resposta às necessidades e vivências dos que cá vivem e nos visitam»: a taxa turística, que alguns municípios algarvios já cobram.

A taxa turística, defendeu André Gomes, permitirá «investir em estratégias que atraiam a atenção de empresas e investidores e promover o Algarve como um destino turístico atraente e de excelência para sediar infraestruturas e eventos internacionais».

No fundo, sublinhou, a taxa turística acabará por ser «um estímulo à economia local», uma vez que «grandes eventos internacionais trazem consigo um grande fluxo de turistas, participantes e patrocinadores, beneficiando hotéis, restaurantes, comércio e outros setores, criando empregos temporários e permanentes na região, fortalecendo a imagem do nosso destino e gerando impactos positivos a longo prazo».

 

André Gomes com o secretário de Estado do Turismo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

A questão dos grandes eventos âncora, que já tinha estado na base do anúncio do reforço do financiamento da promoção turística do Algarve em 3 milhões de euros, feita pelo secretário de Estado do Turismo, acabou por atravessar todos os discursos.

Hélder Martins, por exemplo, manifestou a sua preocupação pela «perda de eventos estruturantes para o Algarve: já perdemos a Fórmula1, perdemos o Rali de Portugal, eventualmente poderemos ter perdido o Portugal Masters [em golfe] e isso é muito preocupante. Resta-nos hoje a Volta ao Algarve, alguns eventos que têm lugar neste espaço [do Autódromo]», mas é preciso «lutar por mais».

«Os eventos não são apenas importantes para o retorno da imagem, são também importantes pelo negócio que geram em épocas baixas», sublinhou o presidente da Mesa da AG da RTA.

Voltando ao discurso de André Gomes, o novo presidente da RTA sublinhou que é preciso «desenvolver uma estratégia articulada de gestão dos postos de turismo da região, que possa ser compatibilizada com a criação de uma rede nacional de postos de turismo, numa articulação estreita com os municípios e assente em princípios de viabilidade económica e financeira.

«Conto com todos os senhores e senhoras presidentes de Câmara Municipal para esta gestão articulada», disse.

«Em breve», o novo responsável pelo Turismo do Algarve irá propor, através da Comunidade Intermunicipal (AMAL), «um modelo específico e uniforme de gestão» desses postos de turismo.

A terminar, André Gomes assumiu, «enquanto missão neste mandato» de cinco anos, «assegurar que o Algarve tem uma voz audível e é ator principal no seu próprio destino».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 


E porquê a posse no Autódromo?

Logo no início do seu discurso, o novo presidente da RTA respondeu à pergunta que muita gente formulou, quando se soube que a sua tomada de posse teria lugar não na sede daquele organismo, como era habitual, mas fora dela e numa estrutura privada: o Autódromo Internacional do Algarve.André Gomes considerou que o futuro do Algarve «passa muito por este local onde nos encontramos hoje e que não foi escolhido ao acaso».

O novo responsável pelo Turismo algarvio falou perante uma plateia de mais de 200 convidados, numa sala do Autódromo situada junto à reta da meta, que tinha Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar, sentado na primeira fila, a mesma onde estavam o ministro do Ambiente, os secretários de Estado do Turismo, das Pescas e do Ambiente, o presidente do Turismo de Portugal, o presidente da CCDR Algarve, as presidentes da Câmara de Portimão e do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, respetivamente mãe e mulher de André Gomes, entre outras personalidades.

O Autódromo é «um palco da internacionalização, não só da imagem do Algarve, como de Portugal no seu todo. As competições que se desenrolam naquela pista e atraem milhares de pessoas de várias geografias àquelas bancadas, é a metáfora para o Algarve de excelência», sublinhou, apontando para a pista e a bancada, lá fora.

E acrescentou: «aqui se realizam eventos e competições internacionais que trazem benefícios indiscutíveis para a região – falo de notoriedade, projeção da imagem do destino a um nível internacional que só este tipo de eventos atingem, receitas, visitantes, dinamização da economia, da indústria, do comércio local».

«Numa estimativa com base nos eventos realizados até 30 de Junho e previstos até ao final do presente ano de 2023, só aqui no Autódromo Internacional do Algarve, o impacto económico direto na região será de entre 133 e 154 milhões de euros. Estamos a falar de cerca de 720 mil visitantes e 230 mil dormidas», reforçou.

Tendo dedicado seis parágrafos ao Autódromo, o novo presidente da RTA nem uma só vez falou de outros segmentos do mercado turístico que têm vindo a subir no Algarve, e de forma sustentável, como o turismo de natureza, criativo ou enogastronómico. Apesar de não atraírem multidões, nem milhões, têm sido fundamentais para esbater a imagem desta como uma região turística sazonal, apenas de sol e praia, bem como para criar dinamismo no interior da região.

Aliás, André Gomes só fez uma breve referência à sustentabilidade, mas para falar da falta de água e da necessidade de «atrair mais investimento do setor das águas para mitigar o grave problema de escassez e permitir maior poupança deste recurso fundamental à vida e, naturalmente, ao turismo».

 

 

 

Novos órgãos sociais da RTA

André Gomes, de 43 anos, irá liderar a Comissão Executiva da RTA, contando na direção com Fátima Catarina (vice-presidente), Alberto Mota Borges (membro da Comissão Executiva), Vítor Guerreiro (membro cooptado em representação dos municípios) e José Matias (membro cooptado em representação das entidades privadas com interesse no desenvolvimento da atividade turística).

Na ocasião, tomaram ainda posse os membros da Mesa da Assembleia Geral da RTA. Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, ocupará o lugar de presidente da Mesa, enquanto Isolete Correia, presidente da Associação Portuguesa de Portos de Recreio, assumirá a função de secretária da Mesa.

 

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