«Há um forte desinvestimento [do Governo] no Turismo do Algarve», afirmou André Gomes esta segunda-feira, dia 15 de Maio, em Faro, na apresentação oficial da sua candidatura à presidência da Região de Turismo do Algarve (RTA).
O candidato único às eleições que terão lugar a 13 de Junho garantiu que, lutar por mais financiamento do Estado central para a RTA, será «uma das grandes causas que me irá mover durante todo o período do mandato e da qual depende muito a execução de tudo o que nos propomos fazer nos próximos cinco anos».
Com casa cheia, no auditório do edifício-sede da RTA em Faro, e num curto e conciso discurso de 12 minutos, André Gomes recordou que «o Algarve é a região que mais contribui para a economia do turismo a nível nacional e, no entanto, somos a entidade que menos recebe para a sua atividade».
Além disso, salientou, «a RTA, como as outras Entidades Regionais de Turismo, está claramente subfinanciada».
Explicando os números, o candidato a presidente do órgão máximo do turismo algarvio recordou que «a verba do Orçamento de Estado atribuída às Entidades Regionais de Turismo tem-se mantido inalterada desde 2016», tendo sido «inicialmente» reduzida «de 20,8 milhões [de euros] para 17,8 milhões e, mais tarde para 16,4, montante que se mantém ainda hoje».
«Num exercício meramente teórico, mas que me vou bater para tornar realidade, se aplicássemos o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ao montante do OE, as Entidades Regionais de Turismo contariam hoje com 22,2 milhões de euros».
Só a «RTA receberia, em 2023, 5,5 milhões. Ao invés disso, receberemos 4,1 milhões, sobre os quais recaem já cativos de 600 mil euros», a que se juntam «as cativações impostas pelo Governo».
Contas feitas, André Gomes não tem dúvidas em afirmar que «há aqui um forte desinvestimento no Turismo do Algarve», recordando que esta é uma «luta antiga da RTA que anteriores presidentes travaram, sem o sucesso desejado».
Mas os propósitos do candidato não se ficam por aqui, já que André Gomes se disse também «empenhado» na reforma da lei que estabelece o regime jurídico da organização e funcionamento das Entidades Regionais de Turismo. «Há muito que a RTA (…) provou que tem condições para uma maior autonomia administrativa e financeira».
No seu discurso, André Gomes afirmou que «razões de coração para esta candidatura, tenho-as de sobra». Razões objetivas também, nomeadamente os 20 anos de trabalho no Algarve, «15 deles na área do turismo».
Por isso, manifestou-se disposto a assumir compromissos «para manter o Algarve não apenas como o principal destino turístico português, mas como o melhor, o mais diversificado, o mais sustentável, o mais inovador, o mais capacitado, sem nunca perder o encanto do Algarve que preenche as memórias de infância, de juventude e até da idade adulta» dos milhões de turistas, nacionais e estrangeiros, que procuram a região.
Definiu ainda cinco outras linhas de atuação: em primeiro lugar, a «diversificação e valorização» da oferta turística do Algarve, aliás, como afirmou, «na linha da estratégia seguida pelo atual presidente João Fernandes, que subscrevo na íntegra».
Depois, «aumentar a promoção do destino», nomeadamente através da «exploração de novas geografias e do reforço em mercados já estabelecidos», bem como «assegurar maior diversificação das fontes de financiamento».
O candidato defendeu igualmente a necessidade de «investir no diálogo e cooperação entre associações do setor» e ainda em «maior formação e qualificação».

Na apresentação oficial, o candidato único à presidência da RTA esteve ladeado por aqueles que classificou como o «núcleo duro» da sua candidatura, no qual só havia uma novidade: Alberto Mota Borges, que é o diretor do Aeroporto de Faro / Gago Coutinho, enquanto candidato a membro da Comissão Executiva.
Os restantes transitam da presidência de João Fernandes: Helder Martins, atual presidente da Mesa da Assembleia Geral da RTA, candidato a novo mandato, e presidente da AHETA, Isolete Correia, atual secretária da Mesa da AG, candidata a novo mandato, representando a Associação Portuguesa de Portos de Recreio e ainda Fátima Catarina, atual vice-presidente da RTA e também candidata a novo mandato como membro da Comissão Executiva.
Apesar da sala cheia, com muitos empresários ligados ao turismo, à hotelaria, à restauração, à animação, à náutica, à construção naval, alguns diretores regionais (IEFP e DRPAlg), dirigentes de associações do setor, colegas de trabalho, membros do staff da RTA, parte deles com cargos de chefia, amigos, faltavam na sala os autarcas. A questão é que, à mesma hora, estava ainda a decorrer uma reunião da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), em Faro, enquanto em Loulé tinha lugar uma iniciativa do NERA com o IAPMEI.
No final, já André Gomes tinha terminado o seu discurso, chegaram os autarcas, socialistas apenas. Que o Sul Informação tenha visto, dos autarcas do PSD só estava na apresentação Carlos Baía, vereador da Câmara Municipal de Faro.
Antes da intervenção do candidato, falou ainda o empresário Renato Pereira, um dos donos do Grupo RR, mandatário da candidatura, que se referiu aos tempos em que conheceu André Gomes na infância e às suas qualidades.
No final, André Gomes agradeceu a presença e o apoio de todos, dos setores «público e privado, autarcas, empresários, representantes de associações do setor, colegas de trabalho, amigos e família».
Brincando com as críticas que lhe foram dirigidas pelo PSD, André Gomes pessoalizou os agradecimentos à família na sua mãe (Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão) e na sua mulher (Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve), ambas sentadas na primeira fila. Apontando para elas, disse, com um rasgado sorriso: «para que não restem dúvidas de quem é a minha mãe e a minha mulher». Gargalhada geral na sala.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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