Vhils mergulhou no mar de Albufeira e por lá deixou o “EDP Art Reef”

Esta é a primeira exposição subaquática em Portugal

Foto: Nuno Sá

Há, naqueles 1250 metros quadrados, «um mundo à parte». É uma história, contada ao longo de 13 obras, da nossa relação com o mar, «feita de subsistência, de confronto», mas também «de pontes». Os três anos de trabalho obrigaram a muito esforço. É o próprio artista que o reconhece. Vhils (Alexandre Farto) teve de aprender a mergulhar, a lidar com o sítio, para terminar a epopeia que é o “EDP Art Reef”. Uma exposição subaquática, ao largo de Albufeira, que, mesmo longe do comum olhar, está cheia de vida. 

Um antigo depósito de água, peças de metal com caras de pessoas, ou esculturas, feitas de betão. É isto – e muito mais – que se pode encontrar nesta exposição, muito diferente daquelas a que estamos habituados.

O convite partiu da EDP: por que não desafiar Vhils a fazer um projeto artístico com peças que foram usadas para produzir eletricidade, nas Centrais Termoelétricas do Carregado, de Sines e de Soto de Ribera (Espanha), todas desativadas?

A ideia só podia agradar ao artista.

«Isto foi um encontro de vontades. Era uma ideia que já tinha, esta de fazer uma peça que vivesse debaixo do mar, mas que também albergasse vida», explicou Vhils, aos jornalistas.

Esta terça-feira, 19 de Setembro, foi a data escolhida para se fazer uma apresentação da pública da exposição. O cenário: o Grande Real Santa Eulália Resort & Hotel Spa, com vista para o mar, mais ou menos em frente ao local onde foram afundadas as peças, a cerca de duas milhas da costa (coordenadas N 37.06922391,W -8.20990784).

 

Catarina Barradas (EDP), Vhils e José Carlos Rolo – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

O momento juntou Vhils e a sua equipa, a EDP, a Câmara de Albufeira, mas também outras entidades, como a Marina de Albufeira ou a Autoridade Marítima Nacional. Ou não tivesse sido este um trabalho em várias frentes.

«Sem dúvida que este foi o meu trabalho mais complexo!», reconheceu o artista. E porquê?

«Porque envolveu uma equipa de muitas pessoas. Também foi desafiante porque tivemos de aprender a lidar com o sítio, com todas as suas forças, intempéries, com um terreno completamente diferente», acrescentou.

Em todo este trabalho, Vhils teve uma preocupação ambiental vincada. Algumas das peças são pensadas «inteiramente para agregar vida», adiantou. Houve também a plantação de corais, em colaboração com o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, e do projeto local Plant a Coral.

E quem se fizer ao mar – a bordo de uma das 19 empresas marítimo-turísticas que fazem visitas guiadas – o que irá encontrar?

 

Foto: Nuno Sá

 

«É um mundo à parte, diferente do que estamos à espera, mas fantástico e super interessante, com muita coisa para descobrir», respondeu Vhils, de sorriso no rosto.

A exposição tem, de resto, uma «história que se vai desenrolando ao longo do processo, com vários elementos, várias profundidades», acrescentou.

Em algumas peças, é mesmo possível a interação.

«Tentei encontrar um pouco de várias histórias da nossa relação, enquanto humanos, com o mar: feita de subsistência, de confronto, de tensões, mas também de quão o mar se tornou, tantas vezes, numa ponte», disse o artista.

Quando foi contactada pela EDP para este projeto, a Câmara de Albufeira não hesitou – a exposição é, nas palavras do presidente José Carlos Rolo, mais um «chamativo» para levar turistas ao município.

«O concelho de Albufeira vai ficar mais rico e isso é fundamental. Esta exposição dá a possibilidade a que os mergulhadores façam aqui o seu batismo, a sua exploração do fundo do mar… No fundo, dá um bocado de substância também às marítimo turísticas que temos no Algarve e que são um valor acrescentado», disse.

De resto, todo este projeto foi uma verdadeira «epopeia», nas palavras de José Carlos Rolo, uma vez que envolveu vários licenciamentos, num processo «moroso».

«Felizmente, os percalços foram ultrapassados», resumiu.

E quem ganhou com isso fomos todos – Vhils deixa o convite para se visitar uma exposição que terá o futuro que o mar quiser.

«Quão alterada pode ficar a obra? Todo o meu trabalho é efémero. Tudo é efémero, mas aqui as obras são pensadas para o mar tomar conta delas e foram feitas também para a vida tomar conta dela. Cabe ao mar ditar o futuro», concluiu.

 

Vhils e a Revista Dois

O “EDP Art Reef” foi um dos panos de fundo para a grande entrevista que Vhils deu à revista Dois, projeto do Sul Informação, que ainda está nas bancas.

Nessa mesma entrevista, o artista, que assinou também a capa da revista, já tinha explicado que este projeto «era um sonho antigo», cuja ideia era «fazer algo que tenha impacto positivo no ecossistema».

A revista ainda pode ser comprada nas bancas ou encomendada aqui.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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