Horácio Guerreiro demite-se de diretor clínico do CHUA

Médico não concordou com decisão de manter aberto o bloco de partos de Portimão

O médico Horácio Guerreiro demitiu-se do cargo de diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve por não concordar com a decisão do Conselho de Administração do CHUA, de manter o bloco de partos de Portimão aberto aos fins-de-semana, apesar da carência de recursos humanos.

Esta decisão, que Ana Varges Gomes disse ao Sul Informação ter sido «colegial», vai ao encontro daquilo que está estipulado no plano de contingência da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.

Este plano prevê que a maternidade portimonense feche de 15 em 15 dias, durante o Verão, mas a presidente do Conselho de Administração do CHUA disse que «em Julho já estão asseguradas escalas em todos os fins de semana, em Portimão».

No entanto, na visão de Horácio Guerreiro, esta aposta em manter aberto a maternidade de Portimão pode colocar em causa o funcionamento do bloco de partos e da urgência pediátrica de Faro, algo que, na sua visão, acarreta riscos.

Em declarações ao Sul Informação, o médico confirmou que pediu a sua demissão do cargo numa carta que enviou ao ministro da Saúde «no final de Junho».

As justificações dadas para a renúncia ao seu cargo no Conselho de Administração do CHUA foram «o desgaste inerente à função, a dificuldade que é encontrar soluções com a falta de recursos e a divergência interna sobre a forma como esses recursos, de si já escassos, são alocados».

A escassez de médicos com que o CHUA se debate, que é pública, obriga a fazer opções.

«Em Junho, por decisão minha, optámos por encerrar o bloco de partos de Portimão aos fins de semana, abrindo apenas naqueles que fosse possível», lembrou.

«No entanto, foi entendido que a estratégia a adotar seria manter o bloco de partos de Portimão aberto», revelou Horácio Guerreiro.

O ex-diretor clínico contestou esta decisão, porque considera que acarreta riscos, nomeadamente ao nível dos Cuidados Intensivos Pediátricos, que podem ter de funcionar em Faro só com um pediatra, algo que considera ser arriscado.

«Eu, como diretor clínico, tenho a responsabilidade deontológica e até penal. Sentia-me confortável com as minhas propostas. Assumir propostas de outros com as quais não concordo, não é boa política», explicou.

Ana Varges Gomes, por seu lado, assegura que o facto de a maternidade de Portimão estar aberta não coloca em risco o funcionamento de outros serviços.

«Mesmo fechando Portimão, onde faltam neonatologistas, não se assegura o bloco de partos de Faro, onde há carência de ginecologistas», defendeu.

Quanto às urgências pediátricas «funcionam sempre, ou em Faro ou em Portimão», diz a presidente do CA do CHUA, que reforça que a urgência pediátrica «está garantida na região», mesmo com o funcionamento de ambos os blocos de partos.

Horácio Guerreiro, por seu lado, assegura que não há «inimizades» nem «divergências de fundo» com os restantes elementos do CA.

Questionada sobre a decisão do ex-diretor clínico do CHUA, Ana Varges Gomes disse apenas perceber que, «como não há recursos, é desgastante tentar completar escalas».

 

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