Carlota, a menina do cabelo azul que quer chegar ao MotoGP

Marc Márquez é o grande ídolo da jovem

Carlota tem 12 anos e um sonho bem definido: chegar ao MotoGP. Campeã nacional por duas vezes, não esconde que o «amor pelas motos é cada vez maior». Os sacrifícios, diz a família, têm sido «muitos», mas podem acabar por ser infrutíferos. É que, sem o apoio de patrocinadores, o sonho da jovem farense – conhecida como a «piloto do cabelo azul» – pode cair por terra. 

A sala de estar da casa de Carlota não engana: por todo o lado, há prémios, troféus e recordações das muitas provas em que a jovem já participou.

Aos 12 anos, Carlota respira motociclismo e tudo começou por influência dos pais, como explica a própria.

«Eles sempre tiveram motos e seguíamos esse mundo. Como somos de Faro, íamos sempre à Concentração e, quando fiz 6 anos, lembro-me de que me ofereceram uma pequena mota para ir ao desfile», conta.

Pouco tempo depois, aos 8 anos, Carlota e os pais foram ao Kartódromo de Portimão para «tirar uma foto com o Miguel Oliveira» – a paixão pelo motociclismo, que já lá estava, começou a crescer e a vontade de começar a participar em provas apareceu com naturalidade.

Carlota é um caso raro de uma rapariga num desporto dominado por homens, mas isso está longe de a intimidar – treina e compete normalmente só com rapazes e, até agora, já foi campeã nacional por duas vezes (em 2020 e em 2022, em categorias diferentes).

 

 

Apesar dos sucessos, os treinos, explica a mãe Diana Sério, são um dos muitos problemas que a família tem enfrentado.

«Ultimamente, temos treinado mais em Espanha porque a Carlota também faz o Campeonato da Andaluzia. Nós não temos pilotos no Algarve – apesar de termos o Kartódromo de Portimão, ela lá treina sozinha e isso não é bom», lamenta.

Em Portugal, outra das soluções tem sido o Kartódromo de Santo André, na zona de Santiago do Cacém, gerida pela empresa SAKI, que também patrocina a jovem piloto.

Mas o facto de serem de Faro é, nas palavras de Diana Sério, uma desvantagem.

«Se formos para cima, para ter ainda mais pilotos para competir, em Évora, Abrantes, Fátima ou Braga, temos de atravessar o país. Devido às portagens, acaba por ser um grande desgaste financeiro», considera.

Os esforços têm sido imensos: além dos milhares de quilómetros, Carlota e os pais já tiveram, por exemplo, de dormir no carro antes de provas.

«O motociclismo é um desporto que exige alguma capacidade financeira. Isto requer esforço. Todos os pais o fazem, mas nós deparamo-nos sempre com esta situação: para podermos garantir que a Carlota vá a um treino, a uma prova, andamos ali até à última», conta a mãe Diana.

 

 

 

Por isso, a dificuldade maior, ao longo destes anos de sucessos, têm sido mesmo «os patrocínios».

«Por a Carlota ser conhecida (só no Facebook a sua página tem cerca de 25 mil gostos), as pessoas pensam que seria mais fácil arranjar esses apoios, mas não é. O que gostaríamos era de ter um parceiro que nos permitisse respirar», diz Diana Sério.

«A Carlota tem aprendido a ser piloto: eu e o meu marido temos aprendido a ser um bocadinho mecânicos… tem sido uma aprendizagem para toda a família», acrescenta, sorridente.

Ali ao lado, Carlota vai ouvindo e concordando, mas o amor que a jovem tem às motos é maior do que tudo. E nem mesmo as quedas que já sofreu o beliscam.

«As maiores dificuldades que tive até agora foram as lesões. Já parti o braço e o rádio. O mais difícil de ultrapassar foi que tinha vontade de andar de mota… e não podia», conta.

Apesar de também gostar muito do português Miguel Oliveira, o grande ídolo de Carlota é o espanhol Marc Márquez, que já venceu o MotoGP por seis vezes.

Para chegar ao seu nível, a jovem algarvia tem investido também noutros desportos.

 

 

«Também faço natação, boxe e aikido. É importante fazer outros desportos para ter mais força e mais resistência para conseguir aguentar melhor uma prova ou um treino em cima da mota», explica.

E, no meio de tanta coisa, como é o dia de Carlota? «O de uma criança normal», responde prontamente, a rir.

«Vou todos os dias à escola e, quando chego a casa, às vezes vou para o Youtube, vejo vídeos de MotoGP, outras vezes brinco e também ajudo os meus pais», acrescenta.

Brevemente, os próximos desafios de Carlota são campeonato português, a copa ETG internacional, o campeonato da Andaluzia e também o FIM World Series.

Mas o maior sonho é só um – chegar onde ainda nenhuma mulher chegou: ao MotoGP.

 

 

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