E viveram felizes para sempre: uma história de amor num lar de Monchique

«Eu fui muito marota porque ele andava a varrer o quintal e eu ia para lá piscar-lhe o olho»

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Nenhum é natural de Monchique, mas foi ali, na serra algarvia, que encontraram o amor. O senhor Adalberto Romão tem 67 anos; a dona Custódia Romão, 68. Conheceram-se, por mero acaso, no lar da Santa Casa da Misericórdia, onde foram acolhidos. Apaixonaram-se, passaram a morar juntos e agora casaram-se, mostrando que a ideia feita talvez seja mesmo verdadeira: o amor não escolhe idades. 

Como manda a tradição, são 14h10 e ainda não há sinal da noiva.

Custódia está atrasada, enquanto Adalberto já a espera em frente ao altar.

O casamento a que se assistirá dentro de minutos na Igreja Matriz de Monchique será especial: não é todos os dias que se vê o matrimónio de dois sexagenários, utentes de um lar.

A vila mobilizou-se: as funcionárias da Santa Casa da Misericórdia andam num corrupio, a receber os convidados à entrada da igreja.

As carrinhas do lar, sempre cheias de utentes, vão chegando.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Sente-se aquela azáfama típica de qualquer casamento: em frente à Igreja, há também muita gente à espera. Uma senhora vem mesmo meter conversa com o repórter do Sul Informação: «só vim ver a noiva».

E ela chega já perto das 14h30, num carro vermelho, decorado para a ocasião.

Tem um vestido azul e dezenas de pessoas à sua espera, de telemóvel em riste para registar a entrada na igreja, acompanhada pela tradicional marcha nupcial.

Quem celebra o casamento é D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve.

Nas palavras que dirige aos noivos, já depois dos ritos de matrimónio, fala da «lição» que Custódia e Adalberto estão a dar.

«O amor não escolhe idades nem para se manifestar, nem para ser vivido. O amor não envelhece porque nunca acaba e vocês estão a dar-nos essa lição», diz.

Custódia e Adalberto conheceram-se há sete anos. Com um passado difícil, a vida levou-os a Monchique, onde foram acolhidos pela Misericórdia.

 

 

São namorados há cinco anos e a história de como começou o relacionamento é contada por Custódia.

«Eu fui muito marota porque ele andava a varrer o quintal e eu ia para lá piscar-lhe o olho», diz entre risos.

E quem é que deu o primeiro passo?

«Eu piquei-o e ele depois fez o resto», acrescenta a dona Custódia, com o marido ao lado.

O casal já mora junto há cinco anos, num anexo que é propriedade da Misericórdia de Monchique. Casarem-se foi o passo natural.

«Quem fez o pedido fui eu, claro. Já tinha falado com o senhor provedor e depois falei com ela», conta o senhor Adalberto que, ao contrário da dona Custódia, já foi casado, mas só pelo civil.

Na cerimónia não esteve nenhum familiar: só amigos do lar, populares, membros de outras Misericórdias e os padrinhos (Margarida Flores, diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Faro, e Rui André, vice-provedor da Misericórdia e ex-presidente da Câmara de Monchique).

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Os recém-casados assumem que tudo o que idealizaram, para o seu casamento, está a ser cumprido.

«Está a ser um dia mesmo muito feliz», dizem.

Depois do casamento e da sessão de fotografias, no Parque Urbano da vila, a festa seguiu no salão da Santa Casa da Misericórdia de Monchique.

À sua espera, estavam muitos amigos do casal, colegas do lar, e um banquete, como manda a tradição em qualquer casamento.

Houve bolo, champanhe e um único desejo para o futuro, deixado por Custódia e Adalberto.

«Que tudo continue a correr bem, como até agora. As zangas nunca dão bom resultado».

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

 

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