Nasceu um centro em Loulé «fundamental» para melhorar cuidados aos idosos

Centro de Competências de Envelhecimento Ativo (CCEA) vai criar estratégias de formação a pensar em todos os «que lidam, de alguma forma, com o envelhecimento»

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Dar «um contributo fundamental para a melhoria dos cuidados que são prestados aos mais idosos», através de nova e melhor formação de profissionais dos lares, mas também de cuidadores informais, é o grande objetivo do novo Centro de Competências de Envelhecimento Ativo (CCEA), que foi apresentado e inaugurado em Loulé na quinta-feira, dia 27 de Abril.

Nuno Marques, diretor executivo deste centro, falou com o Sul Informação à margem da sessão de dia 27 e assegurou que formar cuidadores, mas também a comunidade em geral, para o envelhecimento ativo «é um ponto-chave» da missão do CCEA.

«Temos que definir prioridades e atuar para aquilo que todos achamos necessário. Há aqui dois níveis fundamentais, o de quem já está ou começa a trabalhar nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, os lares, e dos cuidadores informais», explicou o antigo presidente do Algarve Biomedical Center, que também foi escolhido pelo Governo para ser o coordenador do Plano Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável.

O mesmo responsável considerou fulcral «dar uma resposta imediata e, acima de tudo, articulada, a nível nacional» e criar ações de formação muito orientadas «para as necessidades das pessoas e para cada situação distinta».

«As formações a ministrar serão pensadas aqui em Loulé. Temos a expetativa de começar algumas das ações de formação em Junho ou Julho, para durante o próximo ano colocarmos a máquina toda em movimento e, nos próximos dois anos, termos um  grande alavancar da formação, neste âmbito», resumiu Nuno Marques.

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

O Centro de Competências de Envelhecimento Ativo, um centro protocolar do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), que tem como parceiros o Instituto de Segurança Social (ISS) e o ABC – Algarve Biomedical Center, foi criado com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A sua inauguração contou com a presença de Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e dos secretários de Estado Miguel Fontes (Trabalho) e Ana Sofia Antunes (Inclusão Social).

«O objetivo é que o centro capacite todas as pessoas que lidam de alguma forma com o envelhecimento e, portanto, ajude a desenvolver aqui técnicas de resposta, de estímulo, ao envelhecimento ativo nas suas várias dimensões», disse Ana Mendes Godinho, à margem da cerimónia de lançamento do CCEA.

A ministra acredita que este centro protocolar «poderá ser um instrumento não só de capacitação e formação das pessoas, mas também um parceiro determinante na formação das políticas públicas dedicadas ao envelhecimento».

 

Ana Mendes Godinho- Foto: Câmara de Loulé

 

No fundo, trata-se de criar uma resposta para uma população cada vez mais envelhecida e com mais longevidade.

«A quantidade de pessoas que hoje carecem de respostas sociais em tudo o que está ligado ao envelhecimento é por demais evidente. Temos aqui também um desafio ao nível destes recursos humanos, que são cada vez mais numerosos e mais necessários», disse o secretário de Estado Miguel Fontes durante a sessão.

O membro do Governo também elogiou a disponibilidade e dinamismo da Câmara de Loulé, nomeadamente do seu presidente Vítor Aleixo, que permitiu criar este centro que, como frisou, é descentralizado e propositadamente criado fora dos grandes centros urbanos.

Já Vitor Aleixo explicou que foi desafiado por Nuno Marques para aceitar este desafio e que não hesitou em fazê-lo, uma vez que, diz, há um «ecossistema ligado ao envelhecimento ativo e saudável» que tem vindo a ser criado e está a crescer em Loulé, com forte apoio do município.

O presidente da Câmara de Loulé falou de alguns projetos que contribuem para esse ecossistema, desde logo o Observatório Nacional do Envelhecimento, inaugurado em Março de 2022 em Alte, mas também os dois projetos que nascem da parceria entre a Autarquia e o ABC – Algarve Biomedical Center: em Loulé, o edifício para investigação científica em áreas médicas e biociências, cuja empreitada aguarda o concurso público internacional em preparação; e em Vilamoura, o Centro Active Life, que tem já o seu projeto de arquitetura concluído.

 

Vitor Aleixo – Foto: Câmara de Loulé

No caso do CCEA, foi ontem protocolada a cedência de um terreno camarário de 2500 metros quadrados, junto à Avenida Parque das Cidades, para a construção das futuras instalações do centro, que, numa primeira fase, irá funcionar no Ninho de Empresas do IEFP, na Zona Industrial de Loulé.

Segundo Ana Mendes Godinho, através desta iniciativa, «pretende-se tornar o setor mais atrativo, não só para quem nele trabalha, mas também para quem possa vir a ser recrutado», o que também passa por melhorar as condições de trabalho.

«É evidente que os salários têm que ser valorizados! Mas essa valorização passa também pelo ponto de vista da própria identidade dos trabalhadores com as organizações, pela capacidade de conciliação da vida pessoal com a vida profissional e pela própria contratação», disse a ministra.

Este foi, de resto, um dos desafios apontados na mesa-redonda “Capacitar para cuidar mais e melhor”, em que especialistas ligados ao setor expuseram as suas ideias e preocupações sobre os cuidados aos idosos e os desafios do envelhecimento ativo.

Uma melhor adequação dos currículos, da dinâmica e do tipo de formações ao público -alvo, nomeadamente aos trabalhadores dos lares, que terão de as conciliar com a vida profissional, a necessidade de capacitar os cuidadores informais e a necessidade de haver uma sensibilização de toda a sociedade, começando pelos técnicos da autarquia, em relação ao tema do envelhecimento ativo, foram alguns dos caminhos apontados pelos especialistas.

O CCEA tem como objetivos «promover a formação em prestação de cuidados aos idosos, valorizar os recursos humanos envolvidos na prestação de cuidados aos idosos, no sentido de qualificar e requalificar os trabalhadores, e investir na formação e capacitação para a prestação diferenciada de cuidados com respostas formativas inovadoras, dotando os ativos de competências para respostas mais eficazes face às necessidades do envelhecimento ativo na sociedade portuguesa».

Além de ter Nuno Marques, a quem Ana Mendes Godinho não poupou elogios pelo contributo que deu, enquanto presidente do ABC, na altura da pandemia, nomeadamente ao nível dos testes de despistagem nos lares, o centro também irá contar com outro element0 da academia do Algarve, a médica Isabel Palmeirim, antiga diretora da faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve, que será presidente do conselho de administração do centro, órgão que também contará com representantes do IEFP e do ISS.

 

 

 

 

 

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