Detidos os 3 jovens de 16 anos que agrediram imigrante nepalês em Olhão 

Até ao momento, foram identificados 11 jovens pertencentes ao grupo, que participaram ou presenciaram os atos violentos

A PSP deteve os três jovens «mais ativos do grupo» que agrediu o cidadão nepalês em Olhão. A informação foi avançada esta segunda-feira, 13 de Fevereiro, pelo superintendente Dário Prates, em conferência de imprensa. 

De acordo com o comandante distrital da Polícia de Segurança Pública, após a visualização de mais de 20.000 vídeos, bem como de centenas de horas de imagens de CCTV, e outras diligências, foi possível identificar 11 jovens olhanenses, oito rapazes e três raparigas, com idades entre os 14 e os 16 anos, pertencentes ao grupo, que participaram ou presenciaram os atos violentos.

As imagens divulgadas a 2 de Fevereiro levaram a PSP a fazer uma investigação criminal e «apesar de não haver queixa» foi possível «identificar a vítima e receber o seu testemunho».

O comandante distrital revela que no dia de hoje foi feita a recolha de prova através da realização de seis buscas domiciliárias e que foi «possível relacionar o grupo com oito ocorrências, 5 por roubos e 3 de agressões, só no mês de Janeiro».

Os jovens, estudantes e residentes em Olhão, «comunicavam entre si através de um grupo fechado na rede social Instagram, a que atribuíram o nome de “8700”», revelou o comandante.

«A atuação do grupo passava pela escolha de vítimas especialmente vulneráveis, quer em razão da sua naturalidade (comunidades indiana e nepalesa) quer pela sua condição social (de sem abrigo), ou pela idade (vítima de 16 anos) com aproveitamento da força do coletivo, alicerçados numa extrema violência gratuita e espontânea, especialmente por parte dos três dos jovens com maior ascendência no grupo, hoje detidos», esclareceu ainda.

A PSP acredita que, além das motivações inerentes aos crimes indiciados (roubo e ofensas à integridade físicas qualificadas), «existem também motivações que se prendem com a promoção da sua afirmação nas ruas de Olhão, e os que os acompanharam e presenciaram os atos violentos, como forma de pertença ou integração no grupo».

Assim, em poucos dias, o grupo contribuiu, de acordo com a PSP, «para o aumento do sentimento de insegurança, especialmente das comunidades indiana e nepalesa, residentes na cidade de Olhão», apesar de as suas condutas ilícitas visarem também cidadãos de outras nacionalidades, incluindo a portuguesa.

Os suspeitos estão agora indiciados por cinco crimes de roubo, quatro crimes de ofensa à integridade física qualificada e um crime de dano com violência.

A maior parte das vítimas identificadas são imigrantes e das oito ocorrências sinalizadas, a PSP só tinha registo de duas delas – um roubo em que a vítima é um jovem de 16 anos português, e a desordem num restaurante indiano.

Em conferência de imprensa, Dário Prates realçou ainda que «nenhuma das vítimas estrangeiras dos roubos sentiu a confiança necessária para apresentar queixa-crime, o que demonstra bem a sua condição de vulnerabilidade».

No final, o comandante quis deixar uma mensagem a todas as comunidades de migrantes em Portugal, referindo que «a Polícia, enquanto representante do Estado, tem as obrigações de respeitar e de proteger os direitos fundamentais de todos os cidadãos, incluindo o direito à justiça».

«Todos devem ter a confiança necessária para apresentar queixa quando são vítimas de crime, contando sempre com o apoio, a solidariedade e o empenho policial para a salvaguarda dos seus direitos fundamentais», rematou, apelando a que todos os cidadãos, em especial os mais jovens, adiram a «uma cultura de inclusão, que promova a paz social, o respeito pelos direitos de todos os cidadãos, não bastando a indiferença perante casos de flagrante abuso, sendo necessário desafiar frontalmente estes atos de violência exercidos perante vítimas vulneráveis, através da oportuna comunicação à Polícia».

 

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