A chave da Ludoteca (re)abriu a discórdia em Olhão

Mais um capítulo no mal-estar entre a Câmara de Olhão e a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta

A guerra não é de hoje e há mais uma batalha em curso. Desta vez, é a Ludoteca da Fuzeta a motivar trocas de acusações entre a Câmara de Olhão (PS) e a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta (PSD). De um lado, fala-se em «birra»; do outro, acusa-se de agir «à socapa». Tudo por causa de uma chave. 

O caso rebentou na manhã desta quarta-feira, 20 de Dezembro, nas redes sociais.

Na sua página oficial, a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta publicou uma selfie – do presidente Manuel Carlos – à porta da Ludoteca da Fuzeta, onde se veem militares da GNR a identificar funcionários do Município de Olhão.

As acusações surgem logo aí: de acordo com a Freguesia, os trabalhadores, a mando do executivo camarário de António Pina, foram trocar os cadeados da Ludoteca e colocaram «fechaduras novas», mas a história começa bem antes.

Contactado pelo Sul Informação, Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias, dá a sua versão.

«O edifício foi construído em parte nos anos 80 e outra nos anos 90. O projeto foi da Câmara, mas quem pagou os materiais foi a, então, Junta de Freguesia da Fuzeta. A chave sempre esteve na nossa posse», começa por dizer.

Segundo o autarca, há «cerca de dois anos» que a União de Freguesias quer dar o edifício – desativado desde a pandemia – à Delegação da Cruz Vermelha de Moncarapacho-Fuzeta.

Só que, ainda de acordo com Manuel Carlos, o espaço foi registado, «em primeiro», como «propriedade da Câmara», apesar da União de Freguesias também querer ficar com ele.

«Eu tive uma reunião, em Outubro, com o senhor presidente da Câmara em que lhe disse que, se me fosse dada a garantia que o edifício seria dado à Cruz Vermelha, dava logo a chave. Mas essa garantia não surgiu», acusa o autarca moncarapachense.

 

 

O espaço da Ludoteca

 

Também contactado pelo nosso jornal, António Pina, presidente da Câmara de Olhão, explica que o edifício «sempre foi» da autarquia.

De resto, segundo um comunicado do Município, o objetivo também era doá-lo à Delegação da Cruz Vermelha para que nele «possa vir a funcionar a creche “A Joaninha”.

Até porque, de acordo com António Pina, decorre um aviso do Plano de Recuperação e Resiliência que permite fazer «obras de remodelação» do espaço.

Manuel Carlos tenta desmentir o presidente da Câmara de Olhão, acusando-o de ter outras intenções. «Durante as eleições, o senhor presidente da Câmara andava à procura de um espaço para uma associação ligada ao PS», disse ao Sul Informação. 

Além disso, acrescenta, ele próprio acabou por entregar a chave diretamente à Delegação da Cruz Vermelha.

Em relação à mudança da fechadura, António Pina diz que, depois de uma reunião, em que foi a Câmara a pedir a chave à União de Freguesias, era necessário agir.

«Tínhamos de atuar. Esperámos dois meses e o senhor presidente [da União de Freguesias] fez uma birra», acusa.

No comunicado da autarquia, lê-se que esse pedido foi também «formalizado através de carta registada, datada de 13 de Outubro».

«Passados mais de dois meses, e sem que as chaves tivessem sido entregues, decidiu o senhor presidente da Câmara Municipal determinar as diligências necessárias à tomada de posse do edifício, uma vez que esta recusa inviabiliza a candidatura da Cruz Vermelha ao PRR, para proceder às respetivas obras de remodelação da Ludoteca», diz também.

«Nós também queremos o edifício para a Cruz Vermelha, que funciona atualmente em dois apartamentos, porque assim teremos mais dois apartamentos para habitação pública», acrescentou, nas suas declarações ao nosso jornal, António Pina.

Da parte da União de Freguesias, vem também uma garantia: será instaurado um processo-crime ao presidente da Câmara, a uma vereadora e ao chefe de gabinete Sérgio Viana.

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



Comentários

pub