Maria Barroso, orgulhosa fuzetense, já dá nome ao Auditório Municipal de Olhão

Antiga Primeira Dama e companheira de vida de Mário Soares nasceu na vila piscatória do concelho de Olhão

Era da Fuzeta e «tinha um orgulho imenso» de o ser, apesar de pouco tempo ter vivido nesta localidade. Esta ligação de Maria Barroso a Olhão foi agora celebrada e imortalizada, com a atribuição do nome da antiga Primeira Dama ao Auditório Municipal da cidade.

Na sexta-feira, dia 3 de Novembro, a Câmara de Olhão oficializou esta homenagem à «mulher do teatro, do cinema, ativista e política que foi Maria Barroso, um nome incontornável da cultura, da sociedade e da política nacionais, mas que sempre teve muito gosto e apreço por Olhão», segundo António Pina, presidente da Câmara de Olhão.

«Foi uma mulher de causas e uma cidadã ativa, que se distinguiu ao longo de décadas como uma lutadora pela liberdade e pela democracia», acrescentou o autarca, na cerimónia de atribuição do nome de Maria Barroso ao auditório municipal.

António Pina falava para as muitas pessoas que estiveram na sessão, mas principalmente para Isabel Soares e João Soares, os dois filhos da homenageada, que também marcaram presença e revelaram o quanto a sua mãe se identificava com o concelho de Olhão.

«A minha mãe tinha um orgulho imenso nas suas origens. Dizia sempre que era da Fuzeta e tinha muito gosto disso», assegurou Isabel Soares.

«A minha mãe tinha uma imensa paixão pelo Algarve. Afirmava-se sempre como algarvia. A família paterna do lado da minha mãe era mais de Montes de Alvor, mas ela nasceu na Fuzeta por um acaso da vida, à semelhança de mais dois irmãos dela», lembrou, por outro lado, João Soares.

Tendo em conta esta ligação de Maria Barroso à Fuzeta, as comemorações do centenário, que terão lugar em 2025,  vão «começar em Olhão. Acho que é mais do que adequado», anunciou a Isabel Soares.

 

 

Os dois filhos da homenageada fizeram questão de enaltecer a vida e legado a sua mãe, que foi «uma mulher extraordinária. (…) Era fantástica, uma mulher de causas, sempre atenta e preocupada com os outros e de uma tolerância extrema. Foi um exemplo para todos nós», segundo a filha.

«O maior orgulho que nós temos é que ela nunca foi a mulher do Mário Soares, foi sempre a Maria Barroso. Valeu sempre por si própria. Primeiro, foi atriz, talvez a única que foi proibida de representar pelo ditador Salazar. Foi sempre uma mulher resistente. Foi a única mulher que falou no Congresso Republicano de Aveiro, em 1973, e teve sempre uma intervenção política ativa». continuou.

Também foi, à semelhança do seu marido Mário Soares, que haveria de ser primeiro-ministro e Presidente da República, fundadora do PS, tendo feito parte «do núcleo muito pequeno de pessoas que esteve na Alemanha para fundar o partido».

«Queria agradecer e dizer que este gesto nos tocou imenso a todos, a nós, os filhos, mas também a toda a família», disse ainda Isabel Soares, que foi secundada pelo irmão nos agradecimentos.

A cerimónia de atribuição do nome de Maria Barroso ao Auditório Municipal de Olhão aconteceu no âmbito da iniciativa Arte Larga, que Olhão está a acolher até ao próximo domingo, dia 12 de Novembro.

Entre muitas outras propostas que fazem parte do programa, que pode ser consultado na íntegra aqui, a autarquia destaca a peça de teatro Pedras com Asas, pela ACTA (A Companhia de Teatro do Algarve) no dia 10, às 21h30, bem como um espetáculo de stand-up comedy com Jorge Serafim e um concerto de Teresa Salgueiro, no dia 11, às 16h30 e às 21h30.

O último dia de “Arte Larga” terá atividades durante todo o dia, começando com a iniciativa Museu ao Largo e a inauguração da Loja do Museu Municipal. Haverá, ainda nesse local, experiências com famílias, exposições e degustações.

Já no primeiro dia, além da homenagem a Maria Barroso, foram inauguradas  quatro exposições/instalações, que agora podem ser apreciadas no átrio e no exterior do Auditório Municipal Maria Barroso: “God Publishing”, coletivo com a participação de João Lelo; “Antiguidades Tecnológicas”, de Victor Rodrigues, “ÁguasMil”, de Maria Ventura e “Poemas Vagabundos”, de Igor Nunes Silva.

No mesmo dia, o auditório acolheu um concerto de Júlio Resende, músico, pianista e compositor igualmente natural de Olhão e a peça“Ruy, a história devida”, de Ruy de Carvalho, com Luís Pacheco e encenação de Paulo Sousa Costa.

 

 

 

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