O passado (e quem melhor do que o goleador Hassan Nader para o personificar), o presente (com os heróis da subida) e o futuro – que dominou as intervenções de um clube que ainda vive dias de euforia. A Câmara de Faro homenageou, ao final da tarde desta segunda-feira, 29 de Maio, o Farense, um histórico que está de volta aos grandes palcos do futebol português. Houve abraços, beijos, palmas e um desejo transversal: que o clube se mantenha «para sempre» na I Liga.
Voltemos um pouco atrás nesta história.
Foi no final da manhã daquele domingo, 21 de Maio, que o sonho começou a ganhar contornos de realidade. Talvez poucos acreditassem no deslize, mas ele aconteceu: o Estrela da Amadora, a jogar em casa, perdeu com o Nacional, com uma consequência imediata.
O Farense, que havia descido de divisão em 2020/2021 e que, mais lá para trás, no início do século, tinha passado as passas do Algarve, estava de regresso à I Liga.
A festa dura desde então: já houve cortejos, celebrações junto ao Mercado Municipal até de madrugada, um jogo de consagração no domingo frente ao Tondela e uma receção ontem, na Câmara de Faro, que marcou o fim dos festejos.
Para Cristian Ponde, avançado do Farense, foi «mais um dia de festa».
«Estamos muito felizes. É um momento muito especial para todos nós: jogadores, instituição, região… O segredo da subida foi o nosso grupo: a maneira como trabalhámos, como nos entendemos», disse, aos jornalistas, de sorriso no rosto.
Para ele, que cresceu no Algarve – despontou no Olhanense, muito novo, e fez o resto da formação no Sporting -, a subida teve um significado «especial».
«Estar a viver isto de perto com a minha família, os meus amigos do Algarve… é especial», confessou.

Ao longo de toda a cerimónia, houve um nome constantemente repetido: João Rodrigues, presidente da SAD do Farense.
Rogério Bacalhau, autarca de Faro, elogiou o trabalho do líder dos leões farenses. Cristóvão Norte, presidente da Assembleia Municipal de Faro e da Assembleia Geral do Farense, idem.
João Rodrigues, que, no discurso, não se esqueceu de Aníbal Guerreiro, sócio nº1, que se encontra doente, e do seu pai, que lhe transmitiu a paixão pelo Farense, confessou mais tarde, aos jornalistas, o grande desejo para a próxima época.
«O Farense tem de fazer tudo para conseguir ser um clube estável na I Liga. É isso que nós vamos tentar fazer para o ano», garantiu.
E será com José Mota ao leme, treinador que assumiu a liderança dos algarvios a meio da época e garantiu a subida?
«Estamos a tratar da situação e, de certeza, que haverá muito em breve notícias sobre isso», respondeu, sorridente, João Rodrigues.
Já em relação à base do plantel para a próxima temporada, o presidente deixou pistas mais concretas.

«Temos estado a renovar com vários jogadores. Não vamos ficar com todos – isso é óbvio -, mas vamos ficar com uma base importante deste ano para a próxima temporada», assegurou.
Estes dias de celebração, confessou João Rodrigues, têm sido «muito importantes».
«Os farenses mereciam este extravasar de alegria para darem azo a toda a sua paixão. Nós reservámos estes dias para darmos oportunidade para isso», disse o presidente do Farense.
Para José Mota, este foi também o «fecho» de uma «época fantástica».
«Eu gosto de vir às Câmaras Municipais: é sempre um bom sinal», gracejou o técnico que já conseguiu cinco subidas à I Liga na sua carreira e que venceu uma Taça de Portugal, pelo Aves em 2017/2018.
Em relação ao futuro em Faro, o técnico também remeteu decisões para mais tarde… mas tudo parece bem encaminhado.
«Vou conversar com o presidente e com o José Luís [diretor desportivo]. Com certeza, as coisas naturalmente vão acontecer. Eu gosto de Faro, da massa associativa, das condições de trabalho. Temos possibilidades de ficar, sem dúvida alguma», perspetivou o treinador.
O anfitrião da festa também estava radiante. Das mãos de João Rodrigues, Rogério Bacalhau recebeu um quadro, com uma foto da equipa, e uma camisola com o seu nome nas costas.
«Quanto estamos neste cargo, que é sempre transitório, há coisas que gostaríamos que acontecessem: esta é uma delas. Tivemos, em 2020, a subida, mas as coisas foram muito diferentes. Hoje penso que temos condições para nos mantermos na I Liga», considerou o autarca, em declarações aos jornalistas.
Rogério Bacalhau admitiu estar «muito satisfeito» porque o Farense é «uma marca muito forte do concelho».
«Quando vou a qualquer lado e digo que sou de Faro, regra geral as pessoas associam ao Farense», contou o autarca.

A assistir à cerimónia, logo numa das primeiras filas, esteve aquele que é um dos símbolos vivos do Farense. Hassan Nader tem o seu nome gravado na história do clube algarvio, onde jogou 10 épocas e onde se sagrou melhor marcador do campeonato em 1994/1995.
A viver em Marrocos, país de onde é natural, Hassan assistiu, no domingo, ao jogo frente ao Tondela, no S. Luís… e ficou para a festa na Câmara de Faro.
É que se Hassan é importante para o Farense, o Farense também continua a ser «muito importante» para o antigo goleador.
«Eu amo este clube e sempre disse que o seu lugar é na I Liga. Aquilo que sonhei, aconteceu. É por isso que digo obrigado a um senhor que apareceu e que se chama João Rodrigues», disse o jogador, aos jornalistas.
Depois de um dia «muito especial», no São Luís, no domingo, Hassan deixou o mote para a próxima temporada.
«O Farense tem de ficar na I Liga. Tem de assegurar a manutenção e não entrar em loucuras. Tem de se planear as coisas, passo a passo. Esta equipa está gravada no meu coração. O importante é que estamos na I Liga e que fiquemos para sempre».
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
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