Rota Vicentina já trilha o futuro depois do incêndio

Região de Turismo do Algarve escolheu a Rota Vicentina para fazer, uma reunião da sua Comissão Executiva, na passada quinta-feira, 21 de Setembro

Marta Cabral – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

As condições podem ainda não ser as ideais, mas quem quiser já pode voltar a percorrer a Rota Vicentina com o «mínimo de segurança». O «grande choque», durante o incêndio de Agosto, está ultrapassado e o futuro já está a ser trilhado, como comprova o interesse que a Rota continua a gerar, dia após dia. 

Marta Cabral é a presidente da direção da Associação Rota Vicentina, que gere esta grande rota pedestre, com cerca de 400 quilómetros e dois percursos principais que passam por Odeceixe, no concelho de Aljezur.

Na paisagem da vila, continua muito presente o incêndio de Agosto, que começou do outro lado da ribeira de Seixe, na freguesia alentejana de S. Teotónio (Odemira), mas acabou por chegar também a Odeceixe, já no Algarve.

À volta, há árvores queimadas, vegetação ainda chamuscada e um quadro desolador. Que o diga Marta Cabral que se tem desdobrado, desde o fim do fogo, em ações para repor as condições na Rota Vicentina.

«Temos tido uns chuviscos este mês que nos dão um certo tom de esperança, porque há umas ervinhas a começar a despontar…», diz ao Sul Informação, junto à fronteira que divide o Algarve do Alentejo.

O maior estrago que o incêndio provocou, no percurso da Rota Vicentina, está nas costas de Marta Cabral. Trata-se de uma ponte pedonal que marca a divisão entre as duas regiões, que ficou muito queimada, impossibilitando a sua utilização pelos caminhantes.

«Estruturalmente, foi o maior estrago que tivemos, porque é uma ponte já com alguma dimensão e representa um investimento importante», explica.

 

A ponte – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Cerca de um mês e meio depois do fogo, já foi feito um trabalho intenso de «tentar perceber o seu impacto efetivo no território».

«Sobretudo nos trilhos, isso está feito. Estamos também a quantificar a necessidade de intervenção, estamos a dialogar com os nossos parceiros, nomeadamente públicos, para saber como é que podemos financiar o trabalho de reposição das condições ideais», diz Marta Cabral.

«Neste preciso momento, já estamos no terreno a remarcar, de forma um bocadinho provisória, mas com o mínimo de segurança, os trilhos, para garantir que, quem chega nesta época do ano para caminhar, não se perde», acrescenta.

E o certo é que a Rota continua a atrair turistas, como comprovou o Sul Informação, à entrada da vila de Odeceixe, quando se cruzou com dois grupos de caminhantes.

«Neste tipo de mercado, e nós temos esse feedback, as pessoas são muito abertas àquilo que o território tem para oferecer. Portanto, tendencialmente não vêm com uma fantasia de uma coisa que não seja aquilo que está a acontecer. Eu diria que caminhar, durante meio dia, numa zona que ardeu, até pode ser uma experiência muito enriquecedora», diz Marta Cabral.

Neste trabalho para repor todas as condições – que deverá estar terminado em Outubro – a Rota Vicentina contará também com o apoio da Região de Turismo do Algarve.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Este organismo, de resto, escolheu a Rota Vicentina para fazer uma reunião da sua Comissão Executiva, na passada quinta-feira, 21 de Setembro.

André Gomes, presidente da RTA, garante que a preocupação em ajudar este «importante produto turístico» surgiu «logo durante o incêndio».

«Feito o apuramento dos estragos, com custos inclusive (cerca de 38 mil euros), entregámos esse levantamento ao senhor secretário de Estado do Turismo. Agora, em conjunto, estamos a preparar o mecanismo de resposta em termos financeiros que poderá passar por um instrumento específico do próprio Turismo de Portugal ou mesmo através daquilo que é o orçamento, reduzido, da Região de Turismo», explica ao Sul Informação.

A palavra chave é «celeridade».

«Não obstante o impacto que o incêndio criou e apesar de ainda não estarem repostas todas as infraestruturas relacionadas com esta rota, vemos turistas a chegarem, a saírem dos transportes públicos… Fica bem demonstrada a importância da Rota Vicentina», acrescenta.

Essa relevância, esse interesse, tem um rosto: Marta Cabral que, apesar dos esforços, não esquece aqueles dias de Agosto.

«Houve ali um momento em que, na minha cabeça, esta etapa da Rota era para riscar. E agora percebemos que não. A verdade é que nós continuamos a olhar para a paisagem e para o território com o mesmo amor de antes. Está chamuscado? Está, mas chama por nós. E acreditamos que vai continuar a chamar pelas pessoas também», conclui.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

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