«Mas a festa acabou?»: uma noite de rusga na baixa de Faro

Reportagem na noite farense

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

A noite aparenta correr como uma outra qualquer. Há gente à porta das discotecas, filas para entrar, música alta, muito álcool. Estamos na baixa de Faro, é sexta-feira. Em poucos segundos, tudo muda – de repente, os DJs deixam de tocar, as pessoas param de dançar. O barulho de há minutos dá lugar ao silêncio. E ao espanto.

O relógio marca perto da 1h20.

Nas caras e nos gestos de muitos jovens, nota-se a apreensão: a PSP chegou à baixa. Dezenas de carros ocupam a rua de São Pedro, não deixando ninguém entrar ou sair.

Mal chegam, os 45 agentes dividem-se por três bares/discotecas: o First Floor, o Call In e o Faro Nos, todos próximos uns dos outros.

Vão em passo apressado e não demoram a entrar nos estabelecimentos – há elementos da Unidade Especial de Polícia, da Investigação Criminal, da Unidade de Intervenção Rápida, da ASAE.

Quem está à porta, surpreende-se com o aparato. «Isto deve ser uma coisa grande!», comenta um jovem, à porta do “Faro Nos”.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

É lá que entramos primeiro. O espaço é exíguo, mas está repleto de jovens. À vez, vão sendo chamados para a revista. Depois, são encaminhados para a rua.

«Hey, tu, aqui encostado à parede!», diz um agente para um jovem que prontamente acata a ordem. É revistado, de cima a baixo, mas está limpo.

Os objetivos desta ação são claros: encontrar droga e armas, mas também fiscalizar os próprios espaços de diversão noturna.

No First Floor, logo ali ao lado, o cenário é idêntico: de um lado da discoteca, estão os jovens; do outro, os agentes da PSP que os vão chamando. Tudo é revistado: malas, carteiras, mochilas.

Enquanto esperam, há quem aproveite para tirar fotos à forte presença policial. Afinal de contas, não é todos os dias que se vê uma rusga destas.

O subintendente Paulo Graça comanda a operação. Ao longo da noite, vai saltitando entre os três bares.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

«Esta é uma operação especial de prevenção criminal, planeada, e feita com base na análise dos dados das ocorrências criminais numa determinada zona», diz ao Sul Informação.

A Baixa de Faro, reconhece, «é conotada com este tipo de criminalidade (droga, furtos, roubos)».

«É por isso que fazemos estas operações: tentamos ter alguma presença policial para dissuadir este tipo de comportamentos», acrescenta.

Parece ter efeito, pelo menos julgando pelo que se vai ouvindo dentro dos bares ou à porta.

«Olha só, parece que estou num filme, com tantos policiais», comenta uma jovem, de telemóvel em riste a fazer uma videochamada perto do Call In.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

A noite é de sexta-feira de Carnaval e, aqui e ali, também se veem alguns disfarces. Um dos que mais salta à vista é o de um vampiro.

«Olha, o vampiro já está cá fora, já se safou», graceja um grupo de amigos.

Em dois dos bares, foi encontrada droga, mas em quantidade diminuta – cerca de 5 gramas. Não houve detenções: o haxixe estava no chão e foi detetado pelo cão pisteiro que acompanhou toda a operação.

Também em dois dos bares, foram passadas duas multas por irregularidades no âmbito da segurança privada.

Isso significa que os objetivos foram cumpridos?, perguntamos ao subintendente que continua a saltitar de bar em bar.

«O que nós queremos, acima de tudo, é estar presentes. Os resultados da operação, sejam detenções ou apreensões, nunca são o principal objetivo», responde.

Ali perto, no Largo da Estação, o aparato também é grande, mas por outras razões: a PSP está a fazer uma grande operação STOP.

Duas pessoas são detidas: uma por excesso de álcool e outra por posse de arma proibida (uma bastão e uma soqueira). Além disso, também tinha abusado no álcool.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

Voltamos aos bares.

Agora, o relógio já marca 2h30. Uma hora passou desde que os agentes irromperam pelas ruas de São Pedro e do Prior. Há centenas de jovens ainda na rua, sem autorização para circular até que a rusga termine.

Ela acaba pouco depois, perto das 2h45. Os agentes começam a desmobilizar e a música vai voltando às colunas; o ambiente fica menos tenso.

Volta a alegria e a pergunta, feita há minutos por um jovem a um PSP, no First Floor, tem resposta.

«Mas e a festa? Acabou?».

Não acabou, mas talvez não volte a ser a mesma.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

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