Cowboys que servem pizza em terra de romanos antes do regresso a casa

A maior peripécia do dia do Caminhante foi vivida já dentro do comboio, no regresso a casa

T3:E13 – Conímbriga / Coimbra

Como sabem, Conímbriga sempre esteve muito ligada aos Romanos e quisemos ir visitar o museu PO.RO.S (POrtugal ROmano em Sicó) mas, apesar de aberto, já chegamos tarde para entrar porque a visita era virtual e já não tínhamos tempo para percorrer o espaço com o áudio guia.

Numa terra tão romana, não seria de estranhar que fôssemos jantar a um restaurante temático. E assim fomos comer pizzas num restaurante cujo tema era… o faroeste, cheio de parafernália de cowboys e com música country. O Caminho continua a surpreender…

Voltamos ao albergue e já éramos seis, porque entretanto tinham chegado dois peregrinos ciclistas que iam para Fátima. Com estes reforços – e contando com a estrela da companhia, o argentino, e com o espanhol, de que desconhecíamos o currículo -, tínhamos uma orquestra de Câmara(ta) internacional pronta para executar o Concerto Noturno N°6 para ronco e cama.

Digo-lhes que foi um espetáculo inesquecível, em que os vários intérpretes tiveram oportunidade de se exercitar a solo, mas também tiveram a arte de se integrar no coletivo. Até os silêncios expectantes e as notas dissonantes do ranger das camas, quando os artistas se mexiam, estiveram em perfeita sintonia com os ligeiros assobios, as sonoridades em crescendo e a apoteose quando toda a orquestra ressonava em uníssono. Brilhante!!! Não houve aplausos, mas havia olheiras quando o dia clareou.

 

 

Mas voltemos ao Caminho. Hoje foi um dia sem nada de especial, praticamente sempre em estrada e com uma entrada em Coimbra caótica, uma vez que as setas amarelas e a sinalética eram quase inexistentes e abafadas pela poluição visual.

Esta temporada termina hoje e aqui em Coimbra. O Caminho passava pela estação de comboios Coimbra B, onde me despedi da minha companheira destas últimas etapas. Fiquei a vê-la arrancar, com passo decidido, até ao destino final: Santiago de Compostela.

Bom Caminho, P.

 

Nota 1: Como nas séries da Netflix, amanhã há um (trailer) resumo desta Temporada 3.

Nota 2: Estava quase a enviar a crónica, daqui do comboio (Alfa Pendular) onde vou na carruagem da frente. As velocidades indicadas andam geralmente acima dos cem à hora. De repente há uma grande trepidação, vejo saltar uns estilhaços (madeira?) sente-se que o comboio vai meio desgovernado a travar e conseguimos parar. Foi tão rápido que não deu para pensar.

Segundo as informações o comboio atropelou uma mota e há um corropio de bombeiros do Cartaxo. Segundo o GPS estamos parados em Benfica do Ribatejo, antes de Santarém, há cerca de meia hora. São 17h30.

 

 

Leia os outros episódios da Temporada 3 da saga d’O Caminhante:

Episódio 1 – Junto à Sé de Lisboa, começa a Temporada 3 da saga do Caminhante
Episódio 2 – Hoje não temos couratos
Episódio 3 – Desventuras de um algarvio nas voltas da grande idade
Episódio 4 – Entre estradão e alcatrão, até ao pescador do peixe-gato com 10 quilos
Episódio 5 – O milagre da fonte à beira do caminho
Episódio 6 – Uma cabeçada no beliche, um cão muito mau e um final com pés de molho
Episódio 7 – O Caminhante na terra de Saramago
Episódio 8 – De Vila Nova da Barquinha a Tomar, há Vhils e “Caça Brava”
Episódio 9 – Nos Casais, o caminhante foi recebido com sinos
Episódio 10 – Uma caminhada de quase 24 km e um almoço na Casa do Benfica
Episódio 11 – O Caminhante encontrou “homem nu” e chegou a Alvorge
Episódio 12 – 24 km com “arte popular” e outras coisas que o caminho proporciona

 

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



 

Comentários

pub