Professores, médicos e polícias entre os futuros moradores dos 227 fogos de Vale de Lagar

No total, são 204 fogos a custos controlados para jovens, mais 23 para a Câmara de Portimão alojar profissionais de áreas prioritárias

«Casas viradas para o futuro, de utilização fácil, económicas no seu uso, inteligentes e descomprometidas, com classificação A/A+». É assim que Gaspar Ferreira, da empresa que vai construir 227 fogos de habitação a custos controlados em Vale de Lagar, Portimão, descreve as casas a erigir.

A nova urbanização, dividida em sete blocos que deverão estar todos construídos daqui a dois anos, custará cerca de 20 milhões de euros. O terreno foi comprado e cedido pela Câmara Municipal de Portimão, que assim prossegue a concretização da sua estratégia municipal de combate às carências habitacionais do concelho.

O novo bairro situa-se bem perto dos edifícios erigidos nos anos 70 e 80 pela Cooperativa de Habitação Económica, precisamente para dar resposta àquele que era, há meio século, imediatamente a seguir à revolução do 25 de Abril de 1974, um dos grandes problemas: a falta de casas condignas para as pessoas que, então, viviam em barracas, em bairros clandestinos na periferia da cidade. Um deles era precisamente ali, em Vale de Lagar.

Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, na cerimónia de lançamento da primeira pedra, disse sentir-se «muito feliz por estarmos a fazer isto exatamente na altura do 25 de Abril, porque a verdadeira democracia só existirá quando toda a gente tiver direito a uma habitação condigna. Esse é o primeiro direito».

«Nenhuma família será feliz se não tiver o seu espaço para crescer, para viver e para ter, de facto, os seus momentos de repouso. Isso é fundamental», frisou a autarca.

É que, cinquenta anos depois, talvez por razões um pouco diferentes, a falta de habitação volta a ser uma carência grave. Mas a nova urbanização, com habitações construídas a custos controlados, destina-se não às famílias mais carenciadas, mas à classe média, que também não consegue comprar casa aos preços atuais de mercado.

«A classe média, nos últimos anos, foi esmagada e baixou muito a sua qualidade de vida, a sua capacidade económica e de investimento. Darmos a possibilidade a casais jovens que querem constituir uma família de ter uma casa é um passo em frente, de gigante», acrescentou a autarca portimonense.

 

 

Dos 227 fogos a serem construídos, 23 «serão da Câmara Municipal», destinando-se «sobretudo a alguns grupos profissionais dos quais nós temos alguma falta» e que «não vêm para Portimão porque não conseguem arranjar casa a preço que possam pagar». São eles os «profissionais da área de saúde, professores, a profissionais da área da segurança».

Além das casas destinadas a esses profissionais, sobram 204, para serem compradas, «por um preço bastante mais baixo do que aquele que se vende aí no mercado», por outras tantas famílias, acrescentou Isilda Gomes.

E isso, segundo a autarca, «é estarmos a dar um salto enorme na construção da democracia em Portimão, porque, de facto, o 25 de Abril, há 50 anos, trouxe-nos este dever, esta obrigação, de olharmos para aqueles que têm mais necessidades e tentarmos resolver os seus problemas».

O empresário Gaspar Ferreira acrescentou, por seu lado, a garantia de que a nova urbanização terá grande qualidade. «Diz-me o que é que constróis e onde é que constróis. Estamos a construir num local ótimo para viver em Portimão, em que sentimos essa responsabilidade de construir bem. Acho que nenhum dos vizinhos tem que estar preocupado porque não vamos construir casas inferiores em qualidade às que aqui existem. Esse é o nosso compromisso».

O empresário falou da experiência da sua empresa na Lejana de Baixo, em Faro, onde, no mesmo regime de habitação a custos controlados, foram já construídos 90 fogos, que estão agora em fase de escrituras com os compradores.

Para assegurar que o trabalho fica bem feito, «temos uma equipa altamente profissional, toda com pessoas do Algarve, inclusive encontrámos um jovem aqui de Portimão que está a fazer o contacto direto com as pessoas que a Câmara selecionou», após concurso público, para comprar estes apartamentos a custos controlados.

«A empresa vai ganhar o seu dinheiro, porque tem direito a isso, a Câmara também, com certeza, vai ficar feliz porque cumpriu um dos seus objetivos políticos, que é dar qualidade de vida às pessoas», concluiu Gaspar Ferreira.

Para assinalar o lançamento da primeira pedra, foi assinado, por muitos dos presentes – presidente da Câmara, vereadores, membros da administração e técnicos da empresa construtora, outros autarcas, nomedamente de freguesia, técnicos do Município e até uma deputada municipal da oposição -, um auto, que depois foi colocado num tubo estanque, juntamente com um jornal do dia e algumas moedas atuais.

Em seguida, esse tubo foi colocado numa zona que ficará nas fundações de um dos blocos de apartamentos a construir, para testemunhar o dia do início dos trabalhos. «É para os arqueólogos do futuro descobrirem», disse Pedro Poucochinho, do gabinete de comunicação da Câmara de Portimão.

No Vale de Lagar, serão agora construídos 85 fogos de tipologia 1, 105 de T2 e 10 de T3, destinados a pessoas entre os 18 e os 45 anos que se candidataram ao concurso público previamente lançado pela Câmara de Portimão, no âmbito da sua Estratégia Local de Habitação.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

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