O último episódio da 1ª temporada d’O Caminhante e os créditos finais

Chega ao fim a travessia, em 11 dias e outros tantos episódios, da Rota Vicentina. Em breve, haverá mais capítulos, porque O Caminhante quer chegar a…Santiago de Compostela

T1 E11 – Vale Seco>Santiago do Cacém

Como em Vale Seco não há alojamento, passámos a noite nos Apartamentos Miróbriga, em Santiago do Cacém, onde, uma vez mais, fomos muito bem tratados (e mantendo a tradição, também tinha gato). Gostámos especialmente do charco, cheio de vida.

Não sei se estão a perceber, mas estávamos em Santiago do Cacém, saímos de lá de táxi para Vale Seco, para voltar outra vez para Santiago do Cacém, a pé. Isto, racionalmente, é um contrassenso.

Apesar do sol e do calor (nem parece que estamos em Outubro), esperavam-nos 18 km, subida acumulada de 400m, descida acumulada de 350m… e fácil.

E acabou por sê-lo, uma vez que o caminho foi sendo feito por estradões ladeados de montados de sobro, sem ser preciso ativar o sistema de refrigeração de emergência. Eu explico: quando o sol aperta, especialmente nas subidas, temos uma garrafa de água a mais que é despejada por cima da cabeça, encharcando o chapéu ou o cabelo (conforme os casos) para refrescar e aguentar melhor o calor. Garanto-lhes que isto funciona.

 

Convento de Nossa Senhora do Loreto, que já foi poiso para os peregrinos

O percurso é muito agradável, passaram por nós três caminhantes, muitas vezes fomos avistando Sines ao longe, nomeadamente as chaminés da refinaria, e passámos pelas ruínas do Convento de Nossa Senhora do Loreto, que data do século XV. Já quase no final, atravessámos o Parque Urbano, subimos uma calçada medieval íngreme e chegámos à Igreja Matriz de Santiago do Cacém.

Desde a Idade Média, peregrinos vindos do Promontorium Sacrum (Cabo de S. Vicente) com destino a Santiago de Compostela param nesta igreja.
O Caminhante fez o mesmo. Termina aqui a Temporada 1.

Foram 213 km percorridos a pé, deixando apenas pegadas, levando muitas e boas recordações e memórias. Foi duro, mas gratificante. Entrei na Igreja e senti-me em paz.

Tal como nas séries de TV, chegou a altura do genérico e dos agradecimentos. Nenhum animal foi maltratado, antes pelo contrário. Não houve lesões, nem foi preciso usar o estojo médico. Não tive borrefas.

Algumas palavras para a Rota Vicentina. Os percursos estão muito, muito bem marcados. Parabéns. Como contribuição para a melhoria, seria interessante disponibilizar o documento de apoio ao Caminho Histórico também para o percurso Sul/Norte.

 

A cortiça foi tirada, mas a marca do Caminho Histórico ficou

 

Cremos que a população local já tomou como seu este projeto. Quando chegávamos, muitas vezes o comentário era “Estão a fazer a Vicentina”. Um sinal deste apoio vimos hoje, num sobreiro, em que tiraram a cortiça, mas de forma a deixar ficar a marcação do Caminho.

Utilizando um cenário muito simples, o que gastámos em alojamento, táxis e transportes, no pequeno comércio local e nos restaurantes, multiplicado pelo número de pessoas que fomos encontrando ao longo do Caminho, multiplicado por 365 dias, dá uma ideia do valor económico gerado por esta iniciativa. Mais uma vez, parabéns Rota Vicentina.

Para finalizar, e como manda o genérico, muito obrigado aos Caminhantes. Por ordem alfabética (e eles sabem quem são), obrigado à A., ao F., à E., ao J., ao N., à M e à outra M. e à T.

Próxima Temporada?

 

 

 



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