Museu do Lyceu de Faro faz 1 ano e consagra Manuel Viegas Guerreiro como patrono

Comemorações do aniversário começam no dia 11

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O Museu do Lyceu de Faro nasceu há um ano e, para comemorar essa data, vai consagrar e instituir Manuel Viegas Guerreiro como patrono, bem como inaugurar a exposição “Manuel Viegas Guerreiro e a Sala de Angola do Liceu de Faro», no dia 11 de Maio. 

Nesta exposição, que estará patente entre 11 e 20 de Maio na Biblioteca da atual Escola Secundária João de Deus, os visitantes poderão ficar a conhecer «a história do Museu e o que foi feito ao longo deste ano», e a história do etnólogo Manuel Viegas Guerreiro, com o apoio da sua Fundação, «recorrendo a uma narrativa fotográfica», explica ao Sul Informação António Meira Pinto, curador do Museu do Lyceu.

Criado com o objetivo de «abrir o espólio do Liceu de Faro a todos», este Museu já conseguiu, em apenas um ano, mostrar-se não apenas à comunidade escolar, mas também ao público em geral, cumprindo assim um dos grandes propósitos da sua fundação.

Como iniciativas de relevo, Meira Pinto destaca a criação da Associação dos Amigos do Museu, «que tem ajudado a dinamizar as atividades», o colóquio sobre João de Deus e uma exposição para comemorar os 50 anos da Revolução, com o apoio dos CTT, que ofereceu uma edição limitada com selos de coleção da altura do 25 de Abril.

«Um dos grandes objetivos que temos é trazer pessoas de fora para dentro – e isso estamos a conseguir. Com os alunos tem sido mais difícil, porque eles quando estão aqui também estão em aulas, mas temos uma coisa nova que é a bolsa de voluntários que já juntou ao museu cinco miúdos extraordinários, que apanharam o feeling, e que nos estão a ajudar com tudo», revela Meira Pinto.

A poucos dias das comemorações, Carlos Luís, antigo aluno e atual diretor da Secundária, destaca ainda que a fundação deste Museu era «uma ambição» desde que voltou para cá.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«Eu sempre soube que o espólio desta escola era imenso e era uma pena ele estar escondido, mal acondicionada, e não poder ser exposto e mostrado aos alunos e às outras pessoas. Por uma feliz coincidência, voltei a encontrar o Meira e percebi que tinha aqui um grande aliado», conta, reforçando que o principal objetivo de futuro é envolver a Câmara Municipal de Faro, conseguir incluir o edifício e o Museu nos roteiros turísticos da cidade e fazer visitas guiadas.

A ajudar em toda esta compilação de espólio, está também Henrique Vieira, filho de Higino Vieira, professor de Angola com quem Manuel Viegas Guerreiro fez permuta, em 1948.

«Sempre fiz investigação e, aqui, no Liceu de Faro, vim encontrar um material muito grande sobre publicações ultramarinas. Nessa base, tenho estado a fazer uma investigação que será publicada na revista trimestral da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, a Raiz», conta o também professor de história, já reformado.

Além das comemorações do dia 11, a 13 de Maio, às 15h00, a Biblioteca da Escola Secundária João de Deus receberá a palestra proferida pelo investigador Marques Inácio, que falará da sua Academia do Fado, da Canção e da Guitarra de Coimbra.

A iniciativa contará com a participação do ex-aluno, músico e artista plástico José Maria Oliveira, que falará da importância que o reitor do Liceu, Rodrigues Davim, teve, em 1904, com a apresentação do tema “A influência do Canto e Música de Coimbra nos estudantes do Liceu de Faro”.

 

Henrique Vieira e Manuel Meira Pinto, no futuro Pátio da Cultura. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Ainda no dia 13, mas às 21h00, haverá, na Ermida de Santo António do Alto, espetáculos de fados e tunas da Universidade do Algarve.

Meira Pinto acredita que esta iniciativa de dia 13 servirá para mostrar ao Município que o antigo Liceu (hoje Escola Secundária) «também tem capacidade para receber estes eventos. Não é só a Sé, este edifício também pode mostrar a cultura a Faro».

O diretor Carlos Luís reforça estar-se perante «um edifício que inspira curiosidade aos turistas, que é de 1948 e que tem uma história profunda e longa, que começou com D. Maria II».

Para o futuro, o Museu do Lyceu de Faro tem também pensada a criação do Pátio da Cultura, junto à Biblioteca, onde já estão expostas algumas peças de arte doadas pelos filhos do escultor Vítor Picanço e, onde brevemente, se pretende realizar outros eventos culturais.

 

O Liceu de Faro foi criado oficialmente por decreto da rainha D. Maria II, a 3 de Janeiro de 1851.

Em 1911, concretiza-se o pedido de passagem de Liceu “nacional” a “central”, o que lhe permite lecionar também o curso complementar (e não apenas o geral).

O nome do poeta e pedagogo algarvio “João de Deus” surge, pela primeira vez, como patrono do liceu, em 1912, por um movimento iniciado pelos seus estudantes, sendo apenas reconhecido e oficializado em 1929.

Volta a designar-se Liceu Nacional de Faro em 1948 e passa a ocupar um novo espaço, no que é hoje o atual edifício localizado ao cimo da Avenida 5 de Outubro.

A obra foi entregue oficialmente a 28 de Abril de 1948 e, em 1966, o liceu volta a adotar a designação de Liceu João de Deus, e a comemorar o dia do patrono a 8 de Março (data em que se assinala o nascimento do poeta e pedagogo).

A 27 de Abril de 1978, passa a designar-se Escola Secundária João de Deus, por decreto que termina com a distinção entre liceus e escolas técnicas.

Em 2009, no âmbito do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, a empresa pública Parque Escolar previu obras de requalificação para o edifício, mas só em Setembro de 2010 se iniciou formalmente a sua reabilitação, que apenas foi concluída em 2015.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

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