Urgência de Pediatria do hospital de Faro poderá ter de ser assegurada por médicos de Clínica Geral

Nos dias em que maternidade de Portimão esteve fechada, só 9 dos 47 partos feitos em Faro foram de grávidas do Barlavento

A Urgência Pediátrica no hospital de Faro não está fechada até sábado, mas, muitas vezes, terá de ser assegurada pelo «Serviço de Urgência básico, que não tem pediatra lá».

A explicação foi dada ao Sul Informação por Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), após denúncia do Sindicato Independente dos Médicos de que a urgência pediátrica na capital algarvia terá a escala desguarnecida durante os próximos cinco dias, entre as 9h00 e e as 21h00, desde esta segunda-feira até sábado.

Ana Gomes admite que se trata de «uma situação que não tem nada de novo» e se arrasta «desde Novembro passado». «Há dias em que estamos a funcionar com recurso aos médicos clínicos gerais que estão na Urgência», acrescentou.

Na origem desta falta de pediatras para assegurar as Urgências da especialidade está o facto de a grande maioria dos médicos já ter mais de 50 anos, estando, assim, dispensados de fazer urgência.

Apesar de admitir o problema, a presidente do Conselho de Administração do CHUA diz que não sabe se, de facto, a Urgência de Pediatria do principal hospital algarvio estará ou não a funcionar. «Vai depender da disponibilidade dos prestadores de serviço [os médicos tarefeiros] para completarem as escalas», disse.

Quanto à alegada falta de enfermeiras, que poderia levar ao encerramento da sala de cesarianas do Bloco de Partos do hospital de Faro, denunciada na passada semana pelo Sindicato dos Enfermeiros, Ana Varges Gomes reconhece o problema da falta de profissionais de enfermagem no CHUA.

«Queremos contratar mais enfermeiros e, por isso mesmo, até estamos a contactar com as Escolas de Enfermagem, para os contratar mal são formados», garantiu.

No que diz respeito ao eventual fecho da sala de cesarianas e ao perigo que tal poderia representar para parturientes e bebés, aquela responsável esclarece que essa situação não se coloca, já que «há um plano de contingência» no hospital de Faro, de acordo com o qual, sempre que é necessário, «os profissionais do bloco central dão apoio ao bloco de partos».

Referindo-se aos seis dias em que a Urgência de Obstetrícia e Ginecologia do hospital de Portimão esteve fechada, mais uma vez devido sobretudo à falta de pediatras, obrigando a transferir as grávidas para Faro, a presidente do Conselho de Administração do CHUA revelou, nas suas declarações ao Sul Informação, que «nestes dias todos não houve nenhuma cesariana».

«Nestes dias, houve 47 partos em Faro, dos quais apenas 9 de grávidas vindas do Barlavento. Até tivemos menos nascimentos que o normal. E nós precisamos é de mais bebés a nascer», disse ainda Ana Varges Gomes.

Entretanto, o PSD/Algarve já criticou, em comunicado, que a Urgência de pediatra em Faro fique a descoberto entre segunda-feira e sábado.

Cristóvão Norte, presidente do PSD Algarve, salienta que «este é o novo normal, sintomas graves de uma doença crónica e estrutural, bem mais aguda no Algarve, a qual exige medidas de fundo do ponto de vista da gestão, das carreiras, da formação, da remuneração, etc. Sem isso, vamos ver cada vez mais exangue o SNS e, por isso, quem tem dinheiro faz um seguro, quem não tem vê a saúde adiada, o que muitas vezes equivale a vê-la negada».

No seu comunicado, os social-democratas algarvios assinalam que «o Conselho de Administração do CHUA esteve bem quando revelou publicamente a insuficiência da maternidade de Portimão, de modo a prevenir que as grávidas a ela se dirigissem e perdessem tempo precioso, e deveria adotar idêntico procedimento em todas as especialidades, colocando-o online, para que os doentes tivessem acesso a essa informação, o que não foi feito».

 

 

 



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