Fecho da maternidade do hospital de Portimão é «medida pontual», garante diretor clínico do CHUA

Durante quase sete dias, Urgências de Obstetrícia/Ginecologia e Maternidade serão asseguradas apenas em Faro, por médicos de ambos os hospitais

Horácio Guerreiro, diretor Clínico do CHUA – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

O fecho do Serviço de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e da Maternidade da Unidade Hospitalar de Portimão é uma «medida  de recurso pontual», garante o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

O encerramento, que começa esta noite, às 21 horas, e se prolonga até às 9 horas da manhã da próxima segunda-feira, dia 20, foi anunciado ontem à noite pelo Conselho de Administração do CHUA, que explicou que a situação se devia «à dificuldade em assegurar escalas na Maternidade e no Bloco de Partos de Portimão».

Durante estes quase sete dias de fecho das Urgências e da Maternidade, esses serviços serão asseguradas apenas em Faro, por médicos de ambos os hospitais. Trata-se de uma «reorganização» dos serviços que o diretor clínico Horácio Guerreiro assegura que é apenas «pontual».

Em entrevista ao Sul Informação, aquele responsável assegurou que a atual situação se deve «mais à falta de pediatras, que à falta de obstetras», acrescentando que é difícil, com os poucos recursos existentes, assegurar «dois serviços de urgência de Obstetrícia e duas maternidades».

Ainda assim, este ano o CHUA já conseguiu contratar «dois pediatras jovens para Portimão, havendo a possibilidade de mais outra, bem como mais dois para Faro». Só que, sublinhou, «basta que dois deles fiquem doentes, engravidem, metam férias, tenham que prestar assistência a um familiar ou vão a um congresso» para isso causar logo problemas.

«Temos aqui um elástico muito esticado», lamentou o diretor clínico do CHUA. «50% das nossas Urgências de Obstetrícia são garantidas por prestadores externos. Os pediatras andam escassos. Em Faro, só há três no ativo para fazer noites…»

Horácio Guerreiro recordou que, «ao longo deste ano, já tivemos de encerrar o serviço e a maternidade de Portimão, mas por períodos curtos, de 12 ou 24 horas». Desta vez, é mais grave.

Sublinhando que se trata de um «problema nacional», que ainda ontem motivou uma reunião de emergência entre a ministra da Saúde e responsáveis dos hospitais, da Ordem dos Médicos e dos sindicatos do setor, aquele responsável revelou que o próprio CHUA tomou a iniciativa, «há cerca de um ano, de apresentar muitas propostas», que passam pelo aumento do salário dos médicos e do valor pago pelas horas extraordinárias aos médicos dos hospitais (os prestadores externos recebem mais). «E uma questão estrutural de todo o Serviço Nacional de Saúde que tem de ser resolvida», acrescentou, na sua entrevista ao Sul Informação.

Além das questões salariais, o diretor clínico diz que, no CHUA, tem sido feita uma «aposta» na melhoria das «condições de trabalho» dos seus médicos, já se registando algum sucesso na «captura de novos profissionais», nomeadamente na Radiologia, Anestesiologia e Cirurgia Plástica.

Os novos equipamentos – como o angiógrafo apresentado há dias ou um microscópio cirúrgico topo de gama que foi oferecido ao CHUA – são também «altamente motivadores». O mesmo se passa com a inovação médica, como o procedimento cirúrgico que o nosso jornal acompanhou, ou a aposta na investigação médica e no ensino, em parceria com o curso de Medicina da Universidade do Algarve e com o Algarve Biomedical Center. Tudo isso, defendeu Horácio Guerreiro, «ajuda a prender as pessoas cá».

No CHUA, garantiu o seu diretor clínico, «desde Dezembro que estamos a pagar uma majoração pelas horas extra aos nossos pediatras e obstetras». O problema, acrescentou, «é que o dinheiro não faz nascer mais médicos».

E é por isso que, até segunda-feira, todos os bebés algarvios terão de nascer em Faro, mesmo que as mães vivam em Aljezur, Sagres ou Monchique…

 

 



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