Prémios EMYA em Portimão: “Museus são faróis para a democracia”

“Que lugar melhor que os museus para celebrar a tolerância, o respeito pela humanidade, a democracia, a sustentabilidade e a diversidade?”

Que os museus “continuem a representar um farol para a democracia e para questões identitárias, sem o sentido tóxico a que se quer, por vezes, conotar esse conceito, uma vez que o vosso trabalho é vital para as sociedades onde se integram”. Estes foram os votos expressos por Álvaro Bila, presidente da Câmara de Portimão, no encerramento da conferência anual e cerimónia de entrega dos Prémios EMYA 2024, que decorreu de 1 a 4 de Maio, naquela cidade.

Nas palavras do autarca, “a parceria que estabelecemos em 2018 com o European Museum Forum (EMF) para acolher, em Portimão, o secretariado e arquivo daquele que é o mais prestigiado prémio da museologia europeia, tem aqui o seu ponto alto e, por isso, estamos muito felizes por termos sido palco da mostra e discussão sobre 50 museus que foram escolhidos como exemplo de inovação e progresso neste setor cultural”.

“A beleza disto não reside simplesmente no facto desses valores se resumirem à aplicação de novas tecnologias e materiais expositivos, mas sim por representarem, sobretudo, histórias e narrativas que retratam o verdadeiro espírito das pessoas, lugares, coleções e situações abordadas”, acrescentou Álvaro Bila, que parabenizou o EMF “pela relevância e sentido de oportunidade na escolha do tema “Museus em Busca de Impacto Social” para a conferência.

“Em Portimão, temos um bom exemplo da fuga ao cliché do museu como um mero repositório de objetos antigos, aos quais se dá um valor monetário e económico, pois, nos tempos que correm, instituições como os museus são essenciais para espalhar valores como os direitos humanos, democracia ou inclusão“, disse ainda.

 

 

Aquando da abertura dos trabalhos, no dia 2 de maio, José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, confessou que “há 14 anos, quando recebemos o Prémio Museu do Conselho da Europa, estávamos longe de imaginar que este ano a nossa cidade seria o local escolhido para acolher o EMYA 2024″.

A parceria para a realização desta 47ª edição do evento “começou em 2018, com a preciosa colaboração da ex-presidente do EMF, Jette Sandahl, e prosseguiu com Joan Roca, o novo responsável máximo do organismo”, acrescentou Gameiro.

“Que lugar melhor do que os museus para celebrar a tolerância, o respeito pela humanidade, a democracia, a sustentabilidade e a diversidade”, assinalou José Gameiro, ao desejar uma conferência “muito agradável, na qual todos se sintam atraídos, inspirados e seduzidos pelo lado positivo dos museus que teremos a oportunidade de conhecer melhor por estes dias”.

“Não devemos esquecer que as raízes do nosso museu são o resultado e a expressão de um conceito nascido e desenvolvido na Europa, e gostaria de sublinhar o contributo e o papel extraordinário desempenhado pelo Fórum Europeu de Museus e pelo Conselho da Europa, e pela EMYA na a promoção dos museus europeus”, disse ainda o diretor científico, na sua intervenção de abertura.

Os museus, salientou igualmente, “desenvolveram novas funções e estratégias, mudando e tornando-se eles próprios observatórios privilegiados e permanentes das suas sociedades e do seu património histórico, social, cultural e natural, bem como laboratórios de novas ideias, projetos e parcerias em rede, locais de encontro com mais abertura social e uma maior consciência do seu tempo, evitando assim o congelamento das suas propostas e missões, acrescentando mais valor às suas comunidades e a todos os participantes envolvidos nessas interações sociais, culturais e científicas”.

“E que lugar melhor que os museus para celebrar a tolerância, o respeito pela humanidade, a democracia, a sustentabilidade e a diversidade?”, interrogou José Gameiro, a concluir.

 

 

Por seu lado, na cerimónia de encerramento, a chefe da Divisão de Museus e Património do Município de Portimão, Isabel Soares, afirmou que o museu da cidade “acolhe uma variedade de atividades educativas e culturais para reunir a sua comunidade e promover um sentimento partilhado de história, património industrial e sustentabilidade ambiental”.

Segundo a responsável, o Museu de Portimão “é um local particularmente acolhedor, dinâmico e envolvente, que faz com que os visitantes se sintam em casa, tendo sido muito impressionante envolver todos os membros da comunidade local, não só na sua criação, mas também no seu desenvolvimento contínuo, o que faz deste um lugar cheio de coração e humildade e nos transmite a vontade predominante de fazer a diferença”.

A conferência anual e cerimónia de entrega dos Prémios EMYA 2024 decorreu em Portimão, de 1 a 4 de Maio. Trata-se da mais prestigiada distinção na área da museologia europeia, que reuniu na cidade duas centenas e meia de participantes, representando 29 nacionalidades, 75 museus, dos quais 50 nomeados, e 25 associações e empresas do setor.

A organização deste evento, promovido pelo EMF – European Museum Forum, foi um dos momentos altos das celebrações que, durante 2024, assinalam o centenário da elevação de Portimão à categoria de cidade.

Esta foi uma ocasião única para a apresentação dos museus participantes, que, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, revelaram a sua dimensão enquanto espaços dinâmicos, históricos e socialmente relevantes e estruturas insubstituíveis no domínio cultural e científico.

Foram quatro dias inspiradores, com troca de experiências e de conhecimentos na área da museologia, a cargo dos profissionais do setor que impulsionaram um verdadeiro dinamismo cultural ao evento, enquanto apresentavam as arrojadas propostas dos museus que representavam, com destaque para o Sámi Museum Siida, da Finlândia, vencedor do prémio Museu Europeu do Ano 2024.

 

 

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