Câmaras do Algarve já não vão aumentar o preço da água

Em causa está a recusa de alguns autarcas em aumentar as tarifas, alguns dos quais votaram favoravelmente a proposta

Afinal, as Câmaras do Algarve já não vão aumentar as tarifas da água. A garantia foi dada ao Sul Informação por António Pina, presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, que não poupa críticas aos presidentes de Câmara do PSD algarvios, acusando-os de «jogo político e irresponsabilidade».

«A medida já não vai ser aplicada. (…) A proposta só fazia sentido se todos a cumprissem», resumiu o também presidente da Câmara de Olhão.

A proposta a que se refere António Pina é a que foi aprovada pelo Conselho Intermunicipal da AMAL, que junta os 16 presidentes de Câmara da região, e que previa o aumento entre 15 e 50% o preço da água para consumo urbano no Algarve, medida a aplicar a partir do segundo escalão de consumo e que entraria em vigor em Março.

No entanto, poucos dias depois, Rogério Bacalhau, José Carlos Rolo e Francisco Amaral, presidentes das Câmaras de Faro, Albufeira e Castro Marim, respetivamente, vieram a público mostrar-se «indisponíveis para aumentar o preço da água».

Não tardou até que a Câmara de Silves também dissesse que não ia aumentar a água. No final da semana passada, também autarcas do PS começaram a recuar.

Isto apesar desta medida, segundo assegura o presidente da AMAL, ter recebido votos favoráveis de todas as Câmaras, exceto da vereadora da Câmara de Silves, que esteve na reunião em que foi feita a votação em representação de Rosa Palma, presidente do município.

«Dois dias depois de terem votado favoravelmente a proposta, [os presidentes de Câmara do PSD] deram o dito por não dito, sem sequer avisarem os outros colegas autarcas», queixou-se António Pina.

O presidente da AMAL acusa os seus congéneres social-democratas de apenas terem mudado de ideias «depois de Miguel Pinto Luz [cabeça-de-lista do PSD pelo círculo de Faro] ter vindo criticar a medida».

Ao Jornal Expresso, que avançou com a notícia, o autarca olhanense alegou mesmo que «o candidato de Cascais que o PSD escolheu para o Algarve puxou as orelhas aos autarcas do PSD», razão pela qual mudaram de ideias.

Em declarações ao mesmo jornal, Rogério Bacalhau recusou a acusação de que tenha mudado de opinião por pressão de Miguel Pinto Luz.

«Eu tinha dito na AMAL que não concordava mas aceitava. Somos dos municípios que têm as tarifas mais elevadas no Algarve. Um aumento de 15%, noutros concelhos, representava uma subida de 1 cêntimo por metro cúbico de água consumido, aqui seria de 20 cêntimos. Quando vi isso, decidi que não ia aumentar o preço», disse o autarca farense.

O objetivo desta medida era promover a poupança de água, tendo em vista o cumprimento da meta de redução em 15% do consumo doméstico de água em todos os concelhos da região, prevista no plano de contingência para fazer frente à seca e à escassez de água no Algarve.

E António Pina defende a sua pertinência, alegando que «se as pessoas poupassem água, iriam acabar por pagar o mesmo que pagam agora».

E alternativas? «Isso agora é preciso perguntar a cada um dos presidentes de Câmara. Cada um de nós está obrigado a reduzir os consumos em 15%. Temos de arranjar maneira de o fazer».

O que é certo é que, tendo em conta os dados da Agência Portuguesa do Ambiente relativos ao consumo de água no Algarve, este aumentou em quase 5% em Janeiro e foi de perto de 20 hectómetros cúbicos (hm3) – mais do que os 15 hm3 de água que a chuva que caiu em Fevereiro depositou nas albufeiras da região.

 

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