A Câmara Municipal de Silves rejeitou, na reunião da Associação dos Municípios do Algarve (AMAL) de 2 de Fevereiro, o aumento dos tarifários da água, tendo mesmo sido «o único município a fazê-lo», anunciou esta tarde o Município em comunicado.
Esta autarquia, a única liderada pela CDU no Algarve, considera que se trata de «uma medida socialmente injusta e penalizadora dos rendimentos das famílias. Quem tem mais poder económico não deixaria de pagar e continuar a consumir».
Ontem, os três presidentes de Câmara eleitos pelo PSD, Rogério Bacalhau (Faro), José Carlos Rolo (Albufeira) e Francisco Amaral (Castro Marim), já tinham também anunciado que não vão aumentar os preços das tarifas da água.
A Câmara de Silves, cuja presidente é a comunista Rosa Palma, salienta que «o quadro de seca e falta de água no Algarve não é uma situação imprevisível. Há cerca de 20 anos era claro o processo de desertificação nas regiões do Alentejo e Algarve».
No entanto, «não existiu planeamento estratégico, plano de ação ou concretização dos investimentos relevantes. Os sucessivos governos nada fizeram, e hoje, tardiamente, num cenário extremamente difícil, anunciam medidas de fundo, que já deviam estar concretizadas, soluções drásticas e desproporcionadas, para resolver, temporariamente, o problema da falta de água».
A autarquia silvense admite que, «perante a escassez das reservas de água superficiais e subterrâneas, são inevitáveis os cortes nos consumos» e salienta que «urge a execução de medidas imediatas que conduzam à poupança de água, medidas tomadas pelas entidades públicas (governo, autarquias), pelos agentes económicos e pelas populações, não tratando de forma igual o que é diferente».
Para o Município de Silves, porém, «dada a importância económica e social da agricultura, como elemento da soberania alimentar, é fundamental que as medidas impostas não periguem a sua sobrevivência e desenvolvimento sustentável».
Os aumentos, aprovados por maioria pela AMAL e que, pelos vistos, apenas serão aplicados nas Câmaras de maioria socialista, provocarão «agravamentos de 15% no 2.º escalão, de 30% no 3.º escalão e de 50% no 4.º escalão. O 2.º escalão de consumo abrange a maioria esmagadora dos consumidores.
Na opinião da Câmara de Silves, «o caminho da poupança de água no volume do consumo humano (15%), que é absolutamente necessário, passa, essencialmente, pela consciencialização e sensibilização da população, na qual confiamos».
Mas também passa, e por exemplo, «por planos internos de contingência e pelo combate decisivo às perdas de água na rede de abastecimento público, usando os equipamentos e dispositivos tecnológicos já instalados e funcionais em todo o concelho de Silves, que em tempo útil, a autarquia projetou e candidatou a fundos comunitários».
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