Ministra garante que «há margem» para aliviar cortes de água no Algarve

Os planos em cima da mesa são «vários»

Ainda nada está decidido, mas a ministra do Ambiente, que participou esta terça-feira, 30 de Abril, na reunião da Subcomissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras, em Faro, deixou uma certeza: «há margem para aliviar as restrições» ao uso de água no Algarve. 

A governante marcou presença no encerramento da reunião, que decorreu à porta fechada, e que juntou tanto a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), como associações e autarcas, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

No final, Maria da Graça Carvalho disse que esta foi uma «reunião muito importante de auscultação das partes interessadas para a solução do problema da falta de água no Algarve», garantindo que há capacidade para aliviar as medidas de restrição impostas pelo anterior Governo.

Isso deve-se, explicou a ministra, ao facto de este ano a precipitação ter sido «maior do que no ano passado».

Segundo os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos, no conjunto das seis albufeiras algarvias, no final de Abril de 2024, havia um total de 196,6 hectómetros hm3 de água armazenada, quando um ano antes, o valor era de 187,8 hm3.

Ainda assim, as situações são bem distintas no Barlavento e no Sotavento. Na região Oeste do Algarve, o volume armazenado nas quatro albufeiras ali existentes – Odelouca, Arade, Funcho e Bravura -, é muito superior ao que se registava há um ano.

O mesmo não acontece no Sotavento Algarvio, onde as barragens de Odeleite e do Beliche, em conjunto, têm hoje menos água do que no final de Abril de 2023.

É precisamente sobre os agricultores do Sotavento que recaem as maiores restrições ao uso de água de barragem. De resto, o setor tem reivindicado um alívio nessas medidas, mas, por agora, ainda nada está decidido.

Maria da Graça Carvalho remeteu as decisões finais para a reunião interministerial que vai decorrer a 10 de Maio, também em Faro, com os ministros do Ambiente e da Agricultura.

«A reunião de hoje foi essencialmente técnica. A APA apresentou vários cenários e vamos discuti-los agora. Ao nível do Governo, vamos decidir, com os dados científicos e as opiniões desta reunião, qual o cenário mais apropriado», adiantou.

 

 

Os planos em cima da mesa são «vários», garantindo que o pedido dos agricultores vai «pesar» na decisão.

Ainda assim, o Governo não exclui que os alívios sejam mais transversais.

«Temos vários cenários em cima da mesa e todos são de alívio. Serão boas notícias: agora, são pequenos ajustes, se é um pouco mais, ou pouco menos, e a divisão por setores», explicou.

Da parte dos agricultores, o pedido é que o corte de consumo de água seja igual para todos os setores. No final da reunião, Macário Correia, porta-voz da Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve (CSHA), disse que a proposta apresentada carece de ser «melhor trabalhada e revista».

«Haverá uma reunião nos próximos 10 dias connosco, em que será apresentada uma decisão mais trabalhada. A agricultura do Algarve tem defendido que haja cortes. Nós não estamos em tempo de abundância», disse.

«Todavia, a APA apresentou uma proposta com alguns dados que vão ser trabalhados. Ouviram um conjunto de observações que foram feitas por vários intervenientes e estou convencido de que serão capazes de se aproximar do que nós propusemos aqui nesta reunião, que foi uma reunião bastante participada, alargada, e estou convencido de que o Governo será capaz de se aproximar das nossas preocupações», acrescentou.

Macário Correia, ex-secretário de Estado do Ambiente, vincou ainda que a “salvação” foram as chuvas da Semana Santa.

«A Semana Santa foi a mais abençoada que tivemos nos últimos anos e daí é que vieram as grandes soluções. Se estivéssemos na situação que estávamos em Janeiro ou Fevereiro, seria aqui uma zaragata nesta reunião para chegarmos a algum entendimento», concluiu.

De resto, a ministra do Ambiente, que garantiu que os projetos com apoio do PRR, como a dessalinizadora, estão a ser acompanhados de perto, considerou também que a situação da falta de água no Algarve se tornou «permanente», uma vez que, «nos últimos seis anos, a precipitação média diminuiu 35%».

«Temos de nos habituar a viver com pouca água e, por isso, temos de fazer investimentos e, cada pessoa que mora no Algarve tem de ter consciência disso. Quanto às medidas que estão no terreno, houve uma resposta excelente por parte de todos os algarvios, tanto no consumo urbano, como agricultura e no turismo», concluiu.

 

 

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