Chuva de Fevereiro fica longe de resolver escassez de água no Algarve

Situação continua a ser muito preocupante

Barragem de Odeleite – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

As chuvas de Fevereiro permitiram às barragens do Algarve acumular, desde o início do mês de Fevereiro, 15,3 hectómetros cúbicos (hm3) de água, um valor que, apesar de significativo, está longe de resolver ou tornar menos preocupante a escassez de água na região.

«Apesar do que choveu, que na realidade foi muito pouco, temos hoje 52 hectómetros menos que no mesmo período no ano passado», revelou ao Sul Informação Pedro Coelho, diretor regional da Agência Portuguesa do Ambiente. Como termo de comparação, só as necessidades do Algarve de água para abastecimento público (consumo urbano, sem contar com os setores agrícola e industrial e com o turismo)  rondam os 80 hm3 por ano.

«As nossas albufeiras estão agora com 34% da sua capacidade, quando no ano passado estavam a 45%. Daí o plano de contingência, daí as restrições ao uso da água que temos vindo a impor», ilustrou Pedro Coelho.

No entanto, avisou o mesmo responsável, «o esforço tem de ser de todos, senão o parente pobre será sempre a agricultura e o golfe», a quem é mais fácil impor restrições.

No que toca à situação atual das barragens algarvias e à evolução dos volumes armazenados, ao contrário do que tem sido a tendência mais recente, foi a Bacia Hidrográfica do Arade que mais recarregou, com a chuva que caiu desde o início do mês, na região algarvia.

No conjunto das três barragens que compõem esta bacia, o aumento foi de 8,4 hm3, revelam os mais recentes dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos.

Em Odelouca, a maior barragem do Algarve, o volume de água armazenado subiu dos 45.2 para os 50,2 hm3. Em percentagem, este albufeira passa a estar com 32% da sua capacidade total, quando no final de Janeiro estava com 28,8%.

Ainda na Bacia Hidrográfica do Arade, as outras duas barragens também estão mais cheias. Em termos percentuais, foi a do Funcho que mais aumentou, dos 33,3% (15,9 hm3) para os 40% (18,9 hm3), em 19 dias. Na albufeira do Arade, o aumento de água armazenada foi muito menor – de 15,3 para 16% e de 4,4 para 4,6 hm3.

No Sotavento, as duas barragens também estão mais compostas, com destaque para Odeleite, que armazena agora 55,1 hm3 (no final de Janeiro, eram 45,2 hm3). Em percentagem a subida foi dos 39% para os 42%.

Na barragem do Beliche, o volume armazenado subiu dos 15,4 hm3 (32,2%) para os 16,9 hm3 (16.9%).

Contas feitas, há agora mais 6 hm3 de água armazenada nestas duas albufeiras.

Por fim, na barragem da Bravura, a única da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Barlavento, o volume armazenado cresceu dos 3,3 hm3 (9,4%) para os 4,2 (12%) – ou seja, mais 0,9 hm3 em 19 dias, uma quantidade ínfima de água.

Mesmo com este reforço, a água disponível no Algarve, neste momento, não deverá chegar para garantir o abastecimento até final do ano.

 

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