Um mau dia e um mau percurso

Um dia para ficar a deitar estrada alcatroada pelos olhos

T2 E7 – Alcácer do Sal>>Casebres

Hoje foi um mau dia e um mau percurso. Começou logo à saída de cidade, em que uma baliza mandava ir para a esquerda e a seta amarela por cima dizia para ir para a direita.

Às tantas, ainda em Alcácer do Sal, perdemos as setas amarelas e fomos seguindo o Caminho via GPS. E só voltámos a encontrar as benditas setas quase no fim do troço.

 

 

Os vinte e três (23!) quilómetros previstos incluíram quase um quilómetro nas bermas do IC1, com uns brutos camiões a passarem e depois mais doze (12!) quilómetros da estrada municipal para Casebres.

Foi uma sova de estrada, acho que esta noite vou sonhar com o risco branco da berma em frente do nariz. Foi muito desinteressante, o único divertimento foi ir contando os carros que iam passando (97, mas alguns passaram para lá e depois vieram para cá), ir refletindo sobre a mania dos automobilistas de jogar todo o tipo de lixo para as bermas, tirar fotos dos vários tipos de sinais de trânsito que iam aparecendo e, de vez em quando, à carne alentejana (daquela ainda viva).

 

 

Depois deste desabafo, falemos das curiosidades de Alcácer do Sal. Foi difícil descobrir um restaurante para jantar, estavam quase todos fechados. Mas conseguimos um com comida de conforto, no “Arrisca e Petisca”.

Foi difícil conseguir um táxi, um dos taxistas até estava na ceifa do arroz e não podia, mas conseguimos o Sr. Fernando. No alojamento, no “Valentina Place”, onde ficámos, foi interessante falar com o dono, sobre as tendências atuais. Disse-nos ele que há uns anos começaram a aparecer os ciclistas. Agora, ficou interessado nesta coisa dos caminhantes, que espera se tornem um novo nicho de mercado.

 

 

Na parte boa do caminho, no princípio, encontrámos o Sr. Manuel Tavares, muito apoquentado com as lagartas e os bichos que lhe davam cabo da horta. Perdemos/ganhámos um tempinho a conversar com ele.

Quando soube que íamos para Casebres, a pé, deve ter pensado que esta gente não deve estar boa da cabeça, mas, mesmo assim, deu-nos uma série de conselhos sobre o melhor caminho a seguir. Esta dimensão humana é uma das boas partes do Caminho. Quando lhe dissemos que éramos do Algarve, lembrou-se do seu melhor amigo quando esteve na Guiné, na tropa, e que era algarvio e cozinheiro.

 

 

Um dos conselhos que nos deu foi que “passam o canal da rega, passam por uma ceifeira avariada e seguem”. Daqui a uns dias, se calhar, esta dica deixa de o ser, pois estavam uns homens muito atarefados a repará-la. Já íamos um bocado à frente quando ouvimos o barulho dos motores. Mais uma máquina operacional!

Chegados a Casebres, bem estafadinhos e deitando estrada alcatroada pelos olhos, lá tentámos arranjar um sítio para comer e beber qualquer coisa. Não foi nada fácil, mas fomos a uma espécie de café / mercearia /loja de curiosidades /antiquário, que nos desenrascou pão, queijo, cerveja e uns bolinhos… Conseguimos sobreviver!

 

 

 

 

 



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