Há dias perfeitos para as caminhadas

Num dia em que até os javalis se fizeram ouvir, o Caminhante teve de ter cuidado para não se perder

T2 E4 – Santa Margarida da Serra>>Grândola

Há dias perfeitos para as caminhadas. Hoje foi um deles. Temperatura amena, deu para ir de manga curta. Céu nublado, de tal maneira que nem foi preciso usar chapéu. Paisagem deslumbrante, pelo meio da Serra de Grândola. E pronto, a crónica poderia terminar aqui porque nem as fotografias conseguem dar uma ideia do que fomos vendo. Mas vamos lá tentar…

 

 

Sempre que podemos, gostamos de dinamizar o comércio local, até porque é sempre uma forma de falar com as pessoas. No café de Santa Margarida da Serra, ficámos a saber que já tem passado por lá gente que anda a fazer esta parte dos Caminhos, principalmente estrangeiros, mas também já se vão vendo alguns portugueses.

Como o Caminho acompanha a Grande Rota 11, a Rota da Serra, muitos percursos circulares, a E9, conhecida com o Caminho do Atlântico e que vai até São Petersburgo, na Rússia, torna-se difícil saber quem está a fazer o quê.

Mas disseram-nos que chegam a juntar-se grupos de pessoas a caminhar e correr, como ontem no Ultra Trail Serra de Grândola, que juntou cerca de 400 atletas. Por isso, encontrámos tantas setas e riscos brancos no chão…

 

 

Nós não temos visto ninguém. Provavelmente, deve-se ao facto de irmos todos na mesma direção, para norte, e as velocidades não devem variar muito, pelo que não ultrapassamos, nem somos ultrapassados.

Quando fizemos o Caminho Histórico da Rota Vicentina, cruzámo-nos com muita gente em sentido contrário. Curiosamente, quando chegámos a Santiago do Cacém e dissemos que íamos caminhar a observação era “Ah, vão até ao Algarve!” e ficavam surpresos quando dizíamos que não, que íamos para cima.

 

 

Voltando ao nosso caminho, à saída de Santa Margarida vimos um depósito de água com um sistema de medição do nível tão simples como eficiente: um boiador lá dentro, um cordel e uma tabuinha cá fora indicavam que o nível estava um pouco abaixo da metade – nível 5 em 12, seja qual for a capacidade. Às vezes, as coisas simples são as mais eficientes…

Não me farto de dizer que, no fantástico percurso que fizemos hoje, a natureza estava exuberante. Os cogumelos eram enormes, os medronhos estavam bons e quase que jurava que até javalis ouvimos.

 

 

Se até agora, quando se falava em passar por Grândola, eu, como a esmagadora maioria dos portugueses, pensava na “reta de Canal Caveira (do IP1)” agora, quando me falarem nesta terra, vou pensar na Serra de Grândola, conhecida por uma pequena minoria de portugueses – apesar de saber que a subida para o Santuário de Nossa Senhora da Penha de França (e respetiva descida) não são uma brincadeira de crianças.

No meio da serra, tivemos um dilema. Chegámos a um sítio em que a marcação dos Caminhos de Santiago apontava para a direita. O GPS, que descarregámos do site oficial, mandava para a esquerda. A sinalética da Grande Rota também dizia que era para a esquerda. Por maioria de indicações, fomos para a esquerda. E esta divergência entre o percurso GPS e a sinalética no terreno voltou a verificar-se intermitentemente até ao final do percurso. Acho que é uma coisa que os Caminhos de Santiago Alentejo Ribatejo têm de retificar.

 

 

Acho que cada vez mais as pessoas e entidades por onde passam estes percursos os estão a valorizar. Este sobreiro que foi descortiçado já tem novas marcações, mas dá para ver que, há uns anos, tiveram o cuidado de deixar a marca.

E chegámos ao fim deste troço, passando por um bonito olival tradicional, pela passagem superior do IP1 e pelo habitual repor de líquidos (perdão, pela necessária dinamização do comércio local).

 

 

 

 



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