O Caminho tem caminhos bons e caminhos maus

Mais 11 km divididos entre caminho mau e caminho bom

T2 E3 – Roncão>>Santa Margarida da Serra

Os Caminhos têm caminhos bons e caminhos maus. Hoje, foi um exemplo disso, com duas metades completamente distintas. Começámos com um caminho mau, sempre em estrada alcatroada. Uma parte até foi menos má, pois o alcatrão quase tinha desparecido, estava a degradar-se e a natureza ia recuperando o que já tinha sido seu.

A outra metade, o caminho bom, foi feita em imersão na natureza, completamente isolados entre a vegetação, entre sobreiros, medronheiros, pinheiros e outras coisas.

 

 

No caminho mau, ouvíamos o barulho dos carros (atravessámos por baixo do IC33), o som das botas a pisar a gravilha, o pessoal que conduzia em alta velocidade levantando pó, víamos o lixo abandonado na beira da estrada.

No caminho bom, ouvíamos o canto dos pássaros, o zumbido das abelhas, os gritos das rapinas e consumimos a ração diária de medronho. Mas esta dualidade também faz parte da magia dos Caminhos.

Depois destas generalidades, hoje acordámos ao som do cantar dos vários galos das redondezas (o do episódio 1 já passou…). Tomámos o pequeno-almoço no único café de Roncão aberto ao domingo e combinámos logo o almoço, salientando que não tínhamos hora de chegada. Que estivéssemos descansados, disse o dono, nós servimos enquanto houvesse clientes – mas não davam jantares.

 

Será uma instalação de Pedro Cabrita Reis?

 

Apetrechados com umas sandes para o caminho, lá arrancámos. Ao longo do alcatrão, deparámo-nos com o que bem poderia ser uma instalação do Pedro Cabrita Reis. Não, não era. Tratava-se de uma estrutura de ferro já enferrujado de mais uma das inúmeras autoestradas que, delirantemente, se começou a construir no período áureo de vocês sabem quem. Esta ficou inacabada, evitando assim mais um massacre de sobreiros e outras espécies que os chatos dos ambientalistas gostam de defender.

Mas as passagens subterrâneas, no meio de nenhures, dão umas boas fotos… e têm ninhos de andorinha-dáurica.

Já na parte boa do percurso, ao sair do concelho de Santiago do Cacém e a entrar no de Grândola, tivemos um exemplo de coexistência pacifica entre a Grande Rota 11-E9, com a sua sinalética branca e vermelha, e os Caminhos de Santiago, assinalados a azul ou com as setas amarelas. Umas vezes lado a lado, outras complementando-se, guiando os caminhantes.

 

 

Presumo que também exista coexistência pacifica (será?) quase no final do troço, em que, à esquerda do caminho, existiam placas vermelhas de “Zona de Caça Associativa” e, à direita, estavam as placas verdes de “Zona de Não Caça”. Espero que tenham dado formação às aves e a outros animais…

Finalmente chegados a Santa Margarida da Serra para beber a habitual mini no fim percurso, deparámo-nos com os dois cafés à entrada fechados. Desilusão, mas era domingo e temos de compreender estas coisas… chamámos o táxi pré agendado de manhã e esperámos sentadinhos num banco de jardim à sua espera para nos levar de volta ao Roncão e… suspense (podem colocar rufar de tambores)… adivinhem qual era a marca do carro: um Tesla!!!

 

 

Nunca tínhamos andado num carro destes e a taxista, a D. Ana Lúcia (muito simpática, como todos por aqui), lá foi fazendo a demonstração das habilidades da viatura. Que até lareira tem (não estou a brincar, se escolher a opção “Romântico” aparece uma no grande ecrã central!!!). E o som da aparelhagem dá cartas a qualquer tuning que ande por aí.

E assim voltámos a Roncão de Tesla e fomos comer a comida típica daqui, Miolos com Carne de Porco! Digam lá se o Alentejo não é cheio de surpresas!…

 

 

 

 

 



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