Área ardida em 2023 no Algarve foi muito inferior «ao que era expectável»

A área ardida por incêndios com ignição no Algarve foi menos de metade da de 2022

Odeceixe após o incêndio de Agosto – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Um ano «muito positivo», em que área ardida foi «consideravelmente inferior ao que era expectável, dada a severidade meteorológica», é o balanço do desempenho do Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais de 2023, que foi feito esta quarta-feira, dia 15 de Novembro, em Faro, por Vítor Vaz Pinto.

O comandante regional do Algarve da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) apresentou os números principais de um ano marcado por «um Inverno muito quente, uma Primavera extremamente quente e seca e um Verão extremamente quente», que andaram bem abaixo das previsões, que apontavam para a possibilidade de haver uma área ardida «a rondar 17,8 mil hectares».

No entanto, «a área que efetivamente ardeu no Algarve representa apenas 16% desse valor, fixando-se nos 2,7 mil hectares».

Outro dado avançado na sessão foi o de uma redução da área ardida em 62%, em comparação com o ano passado, no que toca a incêndios que deflagram na região. Ainda assim, 2023 esteve longe de ser um ano tranquilo, em termos homólogos, tendo em conta que o número de incêndios «aumentou 28% em relação a 2022», revelou.

 

Vítor Vaz Pinto – Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Esmiuçando os números avançados pelo comandante regional, entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro de 2023 registaram-se 556 ocorrências, das quais 269 foram «incêndios cuja ignição teve origem na região e dos quais resultou uma área ardida de 789,77 hectares».

Destes 269 incêndios, 259 foram dominados no ataque inicial, ou seja, em menos de 90 minutos.

Os outros dez incêndios com início no Algarve, que demoraram mais de hora e meia a ser apagados, foram responsáveis por 95% destes 789 hectares consumidos pelas chamas.

Caso adicionemos a estes fogos o grande incêndio de Agosto, que deflagrou em Odemira, no Alentejo, mas alastrou a Aljezur e Monchique, os números elevam-se consideravelmente, para os 2,7 mil hectares consumidos pelas chamas, no Algarve, desde o início do ano.

Na sua passagem pela região algarvia, este fogo afetou principalmente Odeceixe, no concelho de Aljezur, onde se viveram momentos de aflição e arderam 1635 hectares, mas também atingiu Monchique, onde se registou uma área ardida de 363 hectares.

Por concelho, aquele onde o fogo causou mais estragos foi, de longe, o de Aljezur, que além de ter sido afetado pelo incêndio de Odemira, também viu lavrar outro dois incêndios, ambos na zona da Bordeira, em Agosto e em Outubro. Ao todo, neste concelho, ardeu uma área de 1924 hectares.

 

Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Os outros concelhos mais afetados por incêndios, no Algarve, foram Monchique, com 412 hectares ardidos (363 dos quais no incêndio de Odemira) e Castro Marim, com 331 hectares, graças ao incêndio que em Maio consumiu uma vasta área no Azinhal.

Comparando os dados de 2023 com a média do último decénio, houve «uma diminuição de 16% do número de incêndios e de 44% da área ardida».

«Também quero salientar que houve zero vítimas, tanto ao nível dos operacionais, como da população. E estes dados incluem queimas e queimadas», disse Vítor Vaz Pinto.

Estes números foram possíveis graças «ao esforço de todos os agentes de proteção civil e forças que integram o dispositivo, que conseguiram, com o seu esforço, fazer face a um ano particularmente exigente no ponto de vista meteorológico e também do ponto de vista de ignições», rematou Vítor Vaz Pinto, que defende que o dispositivo atualmente ao serviço no Algarve «é dos melhores do mundo».

 

 

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