Turismo no Algarve já sente efeitos do Covid-19 e o pior pode estar para vir

Tem havido a diminuição também de reservas para a época alta

Os efeitos já se notam e o pior pode ainda estar para vir. 60% dos hotéis, que fazem parte da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), já tiveram cancelamentos de estadias devido ao Covid-19. O Barlavento tem sido a zona mais afetada (Lagos, Portimão e Albufeira), mas os impactos estendem-se a toda a região e até já estão a pôr em causa as reservas para o Verão. 

O surto de coronavírus tem assustado a população à escala global e o Algarve não é exceção. Numa região que vive sobretudo do turismo, os efeitos traduzem-se numa quebra no número de visitantes, tal como admitiu João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), ao Sul Informação. 

«Sim, há um abrandamento no ritmo do turismo. Sendo esta uma temática que gera muitas vezes receio de viajar, há alguns cancelamentos de grupos, sobretudo oriundos de zonas mais afetadas, como a Itália e Ásia», adiantou.

Da parte da AHETA, há números concretos: 60% dos hotéis seus associados já tiveram cancelamentos de reservas «que vão até daqui a dois, três meses», disse Elidério Viegas, presidente desta associação, ao nosso jornal.

Dessas, em 40% das situações as pessoas pediram o reembolso e os «hotéis têm dado». «O Barlavento, com zonas como Albufeira, Lagos e Portimão, tem sido mais afetado do que o Sotavento», explicou.

Por outro lado, Elidérico Viegas também já tem conhecimento de cancelamento de eventos como «congressos, reuniões de empresas e apresentações» que aconteceriam em hotéis.

Só que, nesta equação, há uma questão «muito preocupante». «Tem havido a diminuição também de reservas para a época alta. As pessoas mostram receio em viajar, não por causa dos empreendimentos ou hotéis, mas devido ao receio dos aviões e aeroportos», admitiu.

Ao Sul Informação, João Soares, delegado regional da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), também falou da quebra no número de reservas, explicando, porém, que isso é mais notório para «os meses de Abril e Maio».

Segundo este responsável pela AHP, que é também diretor e proprietário do Dom José Beach Hotel, em Quarteira, a situação dos cancelamentos afeta mais as unidades e empreendimentos hoteleiros que trabalham sobretudo com grupos. «Os cancelamentos são residuais para quem trabalha com individuais», acrescentou.

E Abril…é mês de Páscoa. Este é um período de férias que «poderá ser afetado, gerando uma menor procura», realçou, por sua vez, João Fernandes, presidente da RTA.

 

Há quem proponha o fim das portagens na Via do Infante

 

Para combater isto, Elidérico Viegas tem uma proposta: «abolir as portagens na Via do Infante». É algo que «já propusemos porque isso é uma maneira de atrair o mercado espanhol e até nacional», disse ao nosso jornal.

O presidente da AHETA lamentou também o papel da Direção-Geral da Saúde. «Ainda não divulgou um manual de procedimentos para a hotelaria e para o alojamento. Seria algo importante para que os hotéis soubessem como agir e atuar em casos de suspeitas», considerou.

Até agora, os únicos dois casos positivos de coronavírus, no Algarve, são em Portimão: uma mãe (professora) e uma filha, o que já obrigou ao encerramento de escolas.

Para Elidérico Viegas, estamos a «assistir a um processo em crescendo», o que terá «impactos progressivos na economia».

«Não vale a pena esconder isso. Continuamos a registar aumentos de casos e, até não se inverter essa situação, estas questões vão aumentando de forma gradual também no turismo», explicou.

João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, deixa, ainda assim, uma mensagem de tranquilidade. «Temos de estar atentos e preparados, sem alarmismos, para garantir que há todas as garantias de salvaguarda da saúde pública. Estamos em contacto, desde o início, com as autoridades de saúde e associações do setor».

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