«Primitive Reason» em Faro: Já que vai fechar, que a casa «vá mesmo abaixo»

«Se é para a casa vir abaixo, então que vá mesmo abaixo, depois de nós acabarmos de tocar», disse, a […]

«Se é para a casa vir abaixo, então que vá mesmo abaixo, depois de nós acabarmos de tocar», disse, a rir, o músico Abel Beja, referindo-se ao concerto que os «Primitive Reason» vão protagonizar esta noite, em Faro, que marcará a despedida da Associação Recreativa e Cultural de Músicos (ARCM) da sua atual sede. O concerto começa 21h30, na ainda sede da ARCM, junto à Estação da CP de Faro.

Um concerto que junta a famosa banda portuguesa e os «Original Electro Groove» e que é a reedição do espetáculo que, há dez anos, inaugurou o espaço de concertos da ARCM. Uma noite da qual o guitarrista dos «Primitive Reason» não se esqueceu.

«Lembro-me perfeitamente dessa noite, há dez anos. Aliás, fui eu que ajudei a organizar o concerto, com o Armindo. Na altura estávamos cá em Portugal, a fazer uma pequena digressão, porque estávamos entre discos e queríamos promover algumas músicas inéditas», disse Abel Beja, numa entrevista que concedeu à Rádio Universitária do Algarve RUA FM e ao Sul Informação.

«O Armindo ligou-me e falou sobre a associação, que já existia há alguns anos, mas que finalmente tinha uma sede. Queriam ter uma sala de espetáculos e um sitio onde os músicos pudessem ensaiar. Achei uma ideia fantástica. Onde eu cresci, em Nova Iorque, sítios desses eram comuns e eu sempre achei que fazia falta cá em Portugal para as bandas e os músicos crescerem», acrescentou.

«Lembro-me que o ambiente, à tarde, era de alguma ansiedade e excitação, de fazer uma coisa nova, mas, ao mesmo tempo, de algum receio. O Armindo e malta diziam que não sabiam se ia correr bem. O que é certo é que encheu, com gente à porta que não conseguiu entrar e foi uma grande festa. Tenho muito boas recordações dessa noite. Já tínhamos saudade de ir a Faro», disse.

Esta noite, os «Primitive Reason» querem repetir a dose e participar em novo concerto memorável, num momento histórico para a ARCM. «Há um lado triste, porque vai fechar, mas, ao mesmo tempo, acho que há esperança, com o novo espaço e mais condições para fazer coisas novas», disse o músico, referindo-se à mudança da associação para a antiga Fábrica da Cerveja, na Vila-Adentro de Faro.

 

O destino ajudou ao regresso dos «Primitive Reason» a Faro

Os «Primitive Reason» vêm a Faro numa altura em que a banda também está a celebrar uma marca importante, a dos 20 anos de existência. E, apesar de passar muito tempo fora de portas, em trabalho, o convite do presidente da ARCM Armindo Figueiredo surgiu «mesmo na altura certa», já que foi na altura em que a banda estava a agendar a celebração dos 20 anos em Lisboa.

«Como íamos estar em Portugal nessa altura, decidimos ficar mais uma semana e ir aí a baixo tocar. Ficámos muito contentes», disse Abel Beja.

O destino ajudou e determina que Faro possa ter uma versão própria daquele que foi o concerto de comemoração dos 20 anos da banda, que teve lugar no dia 6 de março, no São Jorge, em Lisboa.

«O concerto deste sábado vai ser uma espécie de pós celebração dos 20 anos, pois vamos aproveitar muitos dos temas que usámos no concerto dos 20 anos. Será um concerto extenso que passará pela discografia toda, se calhar com algum enfoque naqueles que tiveram maior sucesso. Acho que será um concerto que fará justiça à carreira e identidade dos Primitive Reason», prometeu o membro da banda.

Em Lisboa, os «Primitive Reason» tocaram «alguns temas inéditos, ao vivo». Nem todos serão tocados em Faro, pois alguns contaram com colaborações de músicos convidados, mas são de esperar surpresas.

 

Uma aventura «muito boa» muito mais valorizada fora de portas

Desde 1994, ano em que os «Primitive Reason» nasceram, em Cascais, até aos dias de hoje, a banda portuguesa ganhou o seu espaço não só no panorama cultural português, mas a nível internacional.

«Tem sido uma aventura muito boa, uma viagem partilhada não só com os vários músicos que passaram pela banda, mas também com públicos e gerações diferentes. Já vamos na terceira geração, está a começar agora. A primeira foi a do primeiro disco. Depois fomos para os Estados Unidos e, quando voltamos, já era uma nova geração que estava a aderir à banda. E agora, com o novo disco, já começámos a ver pais a ir aos concertos com algumas crianças», contou Abel Beja.

A saída do país deu-lhes outra visibilidade a nível internacional, de tal forma que a larga maioria das vendas da banda são no estrangeiro, com os números a atingir um peso que ronda os 90 por cento de exportações.

«As coisas, nesse aspeto, têm corrido muito bem. Reparámos que, mesmo ao nível do Itunes e mp3, a maioria das vendas são feitas no estrangeiro. Também notámos isso quando fizemos o crowdfunding. Mais de metade veio do estrangeiro», disse.

«Temos uma enorme base de fãs cá, mas o poder de compra não é o mesmo. Em Portugal, o pessoal adere mais aos concertos, que costumam estar cheios», acrescentou.

O número de vendas fora de portas é ainda mais surpreendente tendo em conta que há países onde a banda nunca tocou, «como o Japão, a Alemanha e o Brasil, Moçambique e Angola onde há muita gente a comprar e a ouvir Primitive».

Até agora, além dos concertos em Portugal, a banda só fez digressões «em Inglaterra, Espanha e várias nos Estados Unidos». Algo que vai mudar, em 2014.

«Através de uma agência alemã, vamos fazer, pela primeira vez, uma digressão extensa pela Europa. Também estamos a falar com uma agência no Brasil que quer levar a banda lá e também aos países africanos de expressão portuguesa. A partir do verão, vamos começar a abrir mais portas lá fora», antecipou Abel Beja.

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