A Galeria Aderita Artistic Space, em Vale do Lobo, vai inaugurar, no próximo dia 4 de agosto, às 17h30, uma exposição da artista brasileira Thais Moretzshon.
Nascida no Rio de Janeiro, em 1986, a artista apresenta um percurso artístico a aguarela, pautado pela observação da natureza com enfoque em animais marinhos e aves. O gosto por pintar a aguarela surgiu na universidade, enquanto estudante de Design de Objetos, mas afirmou-se de forma maior quando saiu do país, em 2019, para viver em Espanha.
O isolamento provocado pela pandemia levou-a a redescobrir o prazer de pintar e o que era inicialmente um hobby levou-a a experimentar realização pessoal e felicidade interior, transformando-se numa via profissional.
Em Portugal, onde se encontra há quase três anos, encontra no mar, nos golfinhos e baleias e – sempre – nos pássaros, a sua fonte de criatividade maior.
É uma observadora nata e gosta de pintar em grandes formatos, nos quais pode dar relevo a todos as peculiaridades. Uma preferência à qual não fugirá a sua formação em Arquitetura e a pós-graduação em Design de Interiores.
“Atraiu-me, desde logo, no seu trabalho, o pormenor e os formatos muito grandes”, refere Adérita Silva, curadora da Galeria Aderita Artistic Space. “Há uma determinação e uma sinceridade na sua expressão, bem como um domínio na técnica da aguarela que são muito cativantes”, acrescenta.
Na íntima relação com a técnica, Thais Moretzshon classifica como “encantador” o movimento próprio que a aguarela encontra quando em contacto com o papel. “Embora parta de uma referência fotográfica, a partir da qual elaboro o desenho a lápis, à medida que o trabalho avança, sinto que a mancha tem um sentimento próprio e há muita coisa que deixo acontecer.”
Afinal, há muito lugar para o fator surpresa. “O domínio da técnica não é tudo. As gotas de lágrima observadas a microscópio podem parecer mosaicos, cristais de gelo, podem parecer mandalas, porque a água vibra… e, mesmo fazendo uso da técnica, a água oferece-nos uma parte involuntária que vem trazer leveza ao trabalho. A água trabalha como ela quer.”
“Parte da técnica da aguarela”, explica a artista, “consiste em aceitar que as manchas, tal como na vida, são involuntárias. Como na vida, as manchas não são falhas e defeitos, fazem parte do nosso caminho e é preciso trabalhar para as aceitar quando saem do controle.”
Mas, assim como o material influencia a obra, também o artista influencia o material. “A água tem um sentimento próprio, mas também o meu sentimento altera a água e o seu movimento”. “Por vezes”, explica, “a mancha vai para um lado que eu não queria. Noto que quanto mais aceito, mais bonita a obra fica. E os trabalhos mais bonitos são sempre os mais leves. E assim acontece quando tenho a leveza de aceitar a involuntariedade da água.”
Este talvez seja o aspeto que mais preza na técnica que adotou para a sua identidade enquanto artista: a sua versatilidade e a sua irreverência, o lado intuitivo da leveza. Lições de vida que a artista guarda hoje no seu percurso.
Para ver, entre os dias 4 e 27 de agosto, de segunda a sexta (14h00 – 18h00) e aos sábados (10h00 – 18h00).
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