VRSA pede 36 milhões ao FAM para pagar à banca e já começou a reduzir a despesa

Ideia é passar a pagar menos juros

Trocar dívida mais cara por outra mais barata, ao mesmo tempo que se aposta forte na redução de despesas, é a solução de curto prazo da Câmara de Vila Real de Santo António para endireitar as complicadas contas do município, anunciou na segunda-feira, dia 18 de Outubro, Álvaro Araújo, presidente da autarquia.

No dia em que deu conta do resultado de uma auditoria interna às contas da Câmara, que trouxe à luz situações que vão ser denunciadas às autoridades judiciais, o edil vilarrealense revelou como vai começar a tentar mitigar os 160 milhões de euros de dívida apurada.

«O que vamos tentar fazer é, através do Programa de Ajustamento Municipal (PAM), garantir 36 milhões de euros, para pagar os empréstimos à banca. Isto é muito importante, porque nós temos o nosso património hipotecado aos bancos. Podemos ficar sem este edifício [Paços do Concelho], sem o Complexo Desportivo, sem o Parque de Campismo… se a banca executar a nossa dívida, ficamos sem isto», ilustrou Álvaro Araújo.

«A situação é grave, pelo que é importantíssimo que venha rapidamente essa verba do Fundo de Apoio Municipal (FAM), para que possamos pagar esta dívida», reforçou.

É que, a partir do momento em que a Câmara amortizar os empréstimos que têm à banca, deixa de pagar «juros de 5% ou 6%», e passa «a pagar ao FAM, com juros de 0,95%. O serviço da dívida vai baixar exponencialmente».

Por outro lado, a Câmara tem vindo a apostar em reduzir as despesas com água, saneamento, energia e gás.

«Estamos a falar de uma poupança que rondará os 200 mil euros por ano. E estamos a falar de coisinhas, como os contadores de luz e de água que estavam espalhados por todo o lado», disse Álvaro Araújo.

 

Foto: Nuno Costa | Sul Informação (Arquivo)

 

E foram encontradas muitas situações, no mínimo, caricatas.

Uma delas, como o presidente da Câmara de VRSA já tinha contado ao Sul Informação, aconteceu no Complexo Desportivo.

«Decidimos controlar as despesas com água e saneamento e fizemos um levantamento exaustivo de todos os contadores. E descobrimos que havia um contador doméstico associado ao sistema de rega do Complexo Desportivo, cuja fatura em Setembro de 2021 foi de 20 mil euros. Isto é o tipo de coisa que não pode acontecer», contou, durante a sessão.

Em Setembro último, e já depois de terem sido reativados três furos, que faziam parte do sistema de rega mas não estavam a ser utilizados, «a conta foi de 814 euros».

Mas este não foi um caso único.

«Tínhamos uma série de contadores ligados a apoios de praia, para os lava-pés, em que nos estava a ser cobrada taxa de saneamento, quando a água ia para a areia e não para a rede de esgotos», explicou Rui Setúbal, o assessor financeiro que coordenou a equipa que fez a análise interna às contas do município.

«Só de contadores móveis, que são usados para feiras e outro tipo de eventos, nós tínhamos há anos à volta de 40 que pagavam todos os meses água e saneamento e já nem sequer existiam. Hoje temos apenas um», acrescentou.

No que toca à eletricidade, além do levantamento dos contadores e eliminação dos desnecessários, houve um esforço para regularizar a situação, uma vez que «havia atrasos constantes e, como tal, juros de mora».

A conta do gás também baixou. «No complexo de piscinas temos painéis solares [solar térmico] que estavam operacionais. Com um investimento de 5 mil euros, estão a funcionar e a água das piscinas passou a ser aquecida com recurso à energia solar», concluiu Álvaro Araújo.

 

 

 



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