Pedro Anica, mais conhecido como TECNICK, de 23 anos, é um jovem residente na Luz de Tavira que está a comemorar 10 anos de carreira como dj de música eletrónica.
Faro, Lisboa, Santarém, Braga, Alentejo, Olhão, Tavira, Figueira da Foz ou até mesmo Espanha: já foram inúmeros os lugares onde Pedro Anica espalhou a sua paixão de infância.
Para chegar às duas mãos cheias de anos de carreira, este processo teve uma história por detrás.
Chegamos ao estúdio, o lugar onde a magia acontece, e Pedro começou logo a recordar o início do seu trajeto pessoal.
«Quando tinha 14 anos, eu já tinha muito gosto pela música eletrónica, porque muitas vezes fazia viagens para Lisboa com os meus pais para visitar a minha avó e só se ouvia praticamente este género de música no carro», começou.
Entre 2012 a 2014, o gosto pelo género musical Electronic Dance Music (EDM) não parou de crescer. Quando Pedro começou a andar na Escola Básica D. Manuel I, em Tavira, embarcou no projeto da rádio-escola para passar músicas ao seu gosto, nos intervalos de 15 minutos. Em conversas com amigos e em junção com o projeto da escola, decidiu dar um nome ao seu trabalho. Aqui começou a ter como nome profissional Dj Anick (nome em homenagem ao seu apelido).
Do projeto rádio-escola à desilusão de não poder seguir o amor pela competição de futsal no clube da terra, chamado os “Sonâmbulos”, devido ao problema cardíaco que impedia de realizar exercício físico, Pedro teve que decidir o que queria fazer no seu futuro.
O bichinho da música eletrónica mantinha-se e, a partir daqui, começou a ter o sonho de ter uma controladora de dj. O pai sabia desse desejo e não o deixou na mão. A 30 de Maio, data que se assinala o aniversário de Pedro, recebeu a sua primeira controladora.
«Naquele momento, saltei de felicidade, como uma criança que ganhou um brinquedo que sempre quis ter», recorda.
Pedro, desde o momento em que teve a sua primeira controladora, começou a praticar sozinho. Foi na base da tentativa e o erro, com muita prática e determinação, que aprendeu o que cada botão fazia.
Passando das viagens de carro para os concertos e passagens de ano ao vivo, os djs que ouvia e a cujos espetáculos assistia davam-lhe a inspiração e o entusiasmo para continuar. Nesta caminhada musical, os pais faziam sempre questão de estar presentes, sendo eles o seu principal apoio.
«A pessoa que sou hoje é graças aos meus pais. Foram eles que me proporcionaram muitas das coisas que me fizeram chegar até aqui. Sempre foram o meu maior apoio e estou muito agradecido», revela Pedro, sorrindo.
Mas nem tudo correu às mil maravilhas na infância de Pedro Anica e houve pessoas que não acreditavam no talento deste jovem artista. Na escola, Pedro chegou a sofrer de bullying por parte de alguns dos seus colegas, que não acreditavam que algum dia ele iria tornar-se dj ou mesmo tocar em algum lugar. Nesses tempos, o seu único refúgio foi a música.
Acima de tudo, mesmo com dias menos bons, manteve o foco e nunca desistiu daquilo que realmente queria conquistar.
«Quando tens um objetivo ou um foco muito grande no que tu queres ser, nada mais importa. Costumo dizer que tens de dar 100% de ti em tudo se queres chegar a algum lado e a determinação é muito importante», diz Pedro Anica.
Os comentários maldosos não impediram Pedro de conquistar as suas primeiras datas. Desde então, muitas outras aconteceram, em bares ou em festas. Aos 18 anos, começou a atuar em lugares como a Figueira da Foz, nas afters do RFM SOMNII e, no Algarve, no Festival Welcome Summer e o Bye Bye Summer, em Vale Judeu (Loulé), entre muitos outros eventos.
O seu projeto focou-se, entre 2014 e 2018, na parte do espetáculo e na produção musical artística. Em 2018, com 18 anos, alcançou mais um objetivo na carreira: o lançamento da primeira música, intitulada “Iceland”, em colaboração com MadJackers.
Segundo o artista, a partir desse ano, foi dando atenção à performance ao vivo, com «coisas pensadas, trabalhadas, muitas horas passadas em frente ao computador, para saber o que é que vou fazer naquele momento para apresentar as minhas skills e para apresentar o meu trabalho ao público».
Com a entrada na Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, no curso técnico de gestão de equipamentos informáticos, Pedro decidiu mudar o nome do seu projeto para TECNICK, que se mantém até hoje.
Desde então, tem vindo a crescer e a partilhar a sua carreira nas plataformas do Youtube e Instagram.
Com muitas atuações de Norte a Sul do país, o dj lamenta não ver muitas oportunidades no Algarve para os novos talentos se darem a conhecer e atuarem.
«O Algarve é das zonas do país onde existe mais talento, mas ainda falta muito apoio das Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia para promover a juventude e os seus talentos», diz Pedro Anica.
Ser dj de música eletrónica não é fácil em Portugal, visto que os géneros musicais são por fases e neste momento o funk está em altas.
Apesar desta realidade, TECNICK não deixa de fazer o seu apelo: «É não desistir, é não perder o foco. E que daqui em diante as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia ajudem a que esses talentos saiam mais à rua, com a organização de festas».
Segundo Pedro, mesmo com 10 anos de carreira, ainda há muito caminho pela frente e esses passos serão dados com base na humildade, foco, honestidade e sinceridade, admitindo lutar para transmitir o que de melhor a música eletrónica tem e também para que este género musical não seja esquecido.
Chegando ao fim da conversa com o Sul Informação, o artista revela que não conta só com o apoio dos pais, mas igualmente dos amigos mais próximos e dos fãs.
«Não são só os amigos, não é só a família, são também as pessoas que gostam do meu trabalho, enquanto profissional. Agradeço cada vez mais a essas pessoas que nunca desistiram de mim».
Pedro Anica, ou TECNICK, revelou ter muitas novidades para contar em breve, entre algumas datas que ainda não pode anunciar. Uma das novidades recentemente revelada é o “Tecnick Sunset Party & Friends”, marcado para dia 1 de Junho, na Taberna Mota, em Monte Gordo, para celebrar os 10 anos de carreira, com convidados ainda por anunciar.
Os fãs do artista e quem quiser ficar a par das novidades podem acompanhá-lo nas redes sociais, nomeadamente no Instagram e no Youtube.
Fotos (na sua maioria) e texto de: Cátia Rodrigues, que é finalista do Mestrado em Comunicação e Media Digitais da Universidade do Algarve e está a fazer o seu estágio curricular no Sul Informação.
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