Marcelo promete “apoio solidário e cooperante” ao Governo e exige “diálogo aturado”

Presidente da República recomendou também ao primeiro-ministro que exerça o seu mandato com paciência política

Presidente da República no seu discurso – Foto: João Relvas/Lusa

O Presidente da República prometeu hoje “apoio solidário e cooperante” ao novo Governo chefiado por Luís Montenegro, ao qual considerou que se exige “diálogo aturado” para aumentar a sua base de apoio.

No seu discurso na cerimónia de posse do XXIV Governo Constitucional, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que este executivo minoritário formado por PSD e CDS-PP “conta com o apoio solidário e cooperante do Presidente da República – que, aliás, nunca o regateou ao seu antecessor”.

“Mas não conta com o apoio maioritário na Assembleia da República, e tem de o construir, com convergências mais prováveis em questões de regime: política externa, de defesa, europeia, financeira de repercussões internacionais ou de compromissos eleitorais semelhantes”, defendeu.

Segundo o chefe de Estado, “para convergências menos prováveis, noutros domínios, o diálogo tem de ser muito mais aturado e muito mais exigente” e “para decisões como reformas estruturais ou orçamentos do Estado essa exigência é ainda de mais largo fôlego”.

“Conta, para tudo isso, de um apoio popular que lhe deu a vitória, mas para o qual terá de conquistar muito mais portugueses”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República recomendou também ao primeiro-ministro que exerça o seu mandato com paciência política, sem elevar expectativas ou criar ambições ilusórias aos cidadãos, salientando a dificuldade da conjuntura internacional e desafios de caráter interno.

Na sua intervenção, referindo-se às condições de governabilidade do novo executivo minoritário PSD/CDS/PP, o chefe de Estado citou o histórico socialista Salgado Zenha, dizendo que há sempre soluções em democracia, e a obra de frei Manuel Bernardes, do século XVII.

“Significa: parte-se um problema em vários mais pequenos e resolve-se um a um sem perder a vista do todo, com paciência, sem elevar expectativas, ou criar ambições ilusórias. Pode não ser espetacular neste tempo de grandes emoções, paixões, seduções pela sensação imediata. Mas poderá ser um caminho com virtualidades”, advogou o Presidente da República.

 



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