Já nasceu a Rede Regional de Mercados Locais do Algarve

Nova Rede mostra que há «M coisas que nos ligam»

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

São 18 mercados em oito concelhos do Algarve e integram agora a Rede Regional de Mercados Locais, que foi apresentada este domingo à tarde em Silves. A primeira fase do projeto está quase a acabar, mas vem aí uma segunda fase.

O projeto engloba, para já, os Mercados de Sagres, Vila do Bispo, Aljezur, Odeceixe, Almádena, Odiáxere, Barão de São João, Bensafrim, Espiche, Monchique, Alvor, Silves, São Bartolomeu de Messines, Alcantarilha, Pêra, Algoz, Moncarapacho e São Brás de Alportel, que agora passam a estar unidos num projeto comum, com uma imagem de marca homogénea.

São espaços de dimensões variáveis, geridos por Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e, num dos casos, por uma empresa municipal.

Financiado por verbas do PADRE (Plano de Ação para Desenvolvimento dos Recursos Endógenos), este projeto da Rede Regional pretende, no fundo, «arranjar formas alternativas para trazer as pessoas aos mercados», como salientou Márcio Viegas, presidente da Vicentina – Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste, a entidade que coordena todo o processo.

É que, nos últimos anos, os mercados municipais – ou praças, como são conhecidos em muitas localidades – têm vindo a perder clientes para as grandes superfícies, que têm horários mais adaptados à vida atual, estacionamento abundante e gratuito, além de maior variedade de produtos. Ora, a ideia é inverter este estado de coisas.

Como explicou Aura Fraga, diretora da Vicentina, através desta rede de mercados locais, pretende-se contribuir «para a valorização da produção agrícola, pecuária, agroalimentar local», assim como «incentivar as artes e os ofícios tradicionais», divulgando-os e promovendo-os.

O projeto começou pela reabilitação de alguns dos espaços que integram a rede, mas passa também pela criação de uma imagem de marca comum, de um site que concentre toda a informação, mas onde cada mercado tenha o seu próprio espaço, e ainda pela promoção de um ações de comunicação e animação nos mercados e pela qualificação profissional de quem neles trabalha.

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

A apresentação da Rede teve lugar no Mercado Municipal de Silves, que foi há pouco alvo de profundas obras de requalificação, precisamente no âmbito do mesmo projeto. Como este, também o pequeno mercado local de Barão de São João (no interior do concelho de Lagos) sofreu obras que já estão prontas, enquanto os Mercados de São Bartolomeu de Messines (Silves) e de Odiáxere (Lagos) estão em fase de conclusão das suas requalificações.

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas, que participou no lançamento oficial da Rede, fez questão de salientar que o Mercado de Silves é «um bom exemplo do que deve ser feito» e defendeu que os mercados, por estarem mais perto das populações, devem apostar nos circuitos curtos, vendendo sobretudo a produção local, ou seja, «puxando pelos ativos do Algarve».

Também José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, entidade gestora dos fundos comunitários, nomeadamente naqueles que apoiam a criação desta Rede de Mercados, bateu também na tecla dos «circuitos curtos entre produtor e consumidor, do prado ao prato», até para dar resposta às «novas exigências dos consumidores reforçadas no pós pandemia».

Mas, como «não basta ter boas instalações para atrair os clientes», o projeto passa pela criação de uma marca (desenvolvida pela KOBU Agency, com sede em Faro).

Nuno Tenazinha, da Kobu, apresentou essa nova identidade visual, que se baseia nos elementos gráficos de todos os 18 mercados, dando destaque à cor azul, bem algarvia. Havendo uma imagem gráfica comum, cada espaço tem, ainda assim, a sua própria imagem. O resultado final é muito contemporâneo, embora fortemente ancorado na tradição.

Nuno Tenazinha, que explicou detalhadamente o processo criativo, resumiu o âmago desta Rede Regional de Mercados do Algarve: no fundo, trata-se de «18 mercados que se juntam para chegar a novos públicos».

Ou, usando a frase que é o slogan da Rede, são «M coisas que nos ligam».

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Sim, porque já não se vai ao mercado apenas para comprar peixe fresco do dia, frutas e legumes e carne. Os mercados são cada vez mais locais onde estão à venda os diversos produtos de uma determinada região, do mel ao medronho, do pão caseiro cozido em forno de lenha aos vinhos, das conservas às compotas, dos enchidos à gastronomia, da doçaria mais tradicional aos doces que inovam a partir dos produtos locais. E são também os locais – ou pretende-se que sejam – onde se compra artesanato ou mesmo peças de arte, onde se ouve música ou até se dá um pezinho de dança, onde se prova um bom queijo ou um xarém saboroso.

Tudo isto animado com música, dança, teatro, marionetas e Dom Robertos, exposições, concursos, demonstrações e degustações gastronómicas, conversas. Que o diga Tito Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Silves, entidade que gere o Mercado da cidade e que ainda em Setembro passado promoveu por lá a iniciativa Mercado Fora d’Horas, que tinha tudo isso e muito mais. «É preciso que as pessoas se habituem de novo a vir ao mercado, seja para fazer as suas compras, seja para outras coisas», explicou o autarca, em declarações ao Sul Informação.

No domingo à tarde, o Mercado de Silves abriu as suas portas aos mercados de todo o Algarve que já integram as redes. E, além da assinatura do protocolo que une todas as entidades participantes no projeto, houve exposição e degustação de muitos produtos, bem como exposição e venda de artesanato.

No fim, depois da Fanfarra dos Bombeiros de Albufeira ter levado música aos corredores do Mercado, provou-se vinhos algarvios e comeu-se caldo verde, xarém de berbigão, carne de alguidar e outros petiscos.

A fase que se segue passa pela promoção regular de eventos e atividades, algumas delas realmente fora d’horas, para atrair os clientes tradicionais, mas também os novos clientes ao Mercados locais. Em breve o Sul Informação dará notícias deste programa de animação.

A primeira fase do projeto termina no fim do ano, até porque essa data marca igualmente o fecho do ciclo de financiamentos do CRESC Algarve 2020, onde o tal programa PADRE se integrava. Márcio Viegas, presidente da Vicentina, defendeu que «faz todo o sentido haver um PADRE II».

Em resposta, José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, deu uma boa notícia: «até Março, Abril, vamos colocar cá fora o primeiro aviso do novo PADRE», de modo a que as primeiras contratualizações para esses financiamentos possam ter lugar «ainda durante o próximo ano».

E agora? «Vamos ao Mercade»?

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

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