Algarve já pensa no PADRE do futuro

Aposta em rede de aldeias digitais e inteligentes é uma das ambições para o futuro PADRE

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O Plano de Ação para Desenvolvimento dos Recursos Endógenos (PADRE) está a chegar ao fim, mas o Algarve já começa a pensar no próximo. «Exigência» será a palavra de ordem para que se continue a apoiar as atividades económicas do interior, com a necessidade de as Juntas de Freguesias se envolverem mais.

«Mais do que fazer um balanço positivo do PADRE, eu digo que o balanço é exigente, no sentido em que servirá para melhorarmos o próximo, tornando-o mais eficaz para criar apoios às atividades económicas do interior e garantir melhores condições de vida». As palavras são de José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, em declarações ao Sul Informação à margem da sessão “Desenvolvimento e valorização de recursos endógenos em territórios de baixa densidade”, que decorreu no Museu do Traje, em São Brás de Alportel, a 3 de Outubro.

Nesta sessão, foram apresentados os resultados do trabalho feito no âmbito do PADRE, plano apoiado pelo CRESC Algarve 2020, e foram também enumerados os próximos desafios e oportunidades no quadro do Programa Regional Algarve 2030.

José Apolinário considerou que «o trabalho em rede e o despertar de projetos» – como o Ready, a Rede Regional de Mercados Locais e a Rota Serrana de Autocaravanismo – foi o que correu melhor no PADRE I. «Uma falha e algo que temos de melhorar é a capacitação, ou seja, temos de ter recursos humanos para apresentar, dinamizar e lançar os projetos, porque não temos igualdade de capacitação em todo o território», continuou.

Apesar de a população ter aumentado no Algarve, entre 2011 e 2021, «perdemos 4% da população do interior e precisamos de reverter essa tendência», frisou o presidente da CCDR, apontado os problemas da habitação e conectividade digital como aspetos que estão a contribuir para esses valores.

 

 

Ainda que os objetivos para o futuro sejam sempre «fazer mais e melhor», foram destacados na sessão os resultados positivos e o impacto nas comunidades e nos territórios rurais e de baixa densidade de alguns projetos, como, por exemplo, a Casa da Memória da Estrada Nacional 2 e o Centro interpretativo da Serra do Caldeirão, ambos em São Brás de Alportel.

O autarca são-brasense Vítor Guerreiro destacou «a importância do apoio do Programa Operacional Regional CRESC Algarve 2020 para o desenvolvimento destes projetos», que se tornaram em «importantes recursos que geraram dinâmica e atratividade».

No primeiro Plano de Ação para Desenvolvimento dos Recursos Endógenos, com uma dotação inicial de 9 milhões de euros, foram aprovadas 47 operações com um investimento total de 16,9 milhões (e uma comparticipação prevista de 11,9 milhões do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) resultado do reforço de comparticipação).

Neste momento, o PADRE regista uma taxa de execução de 87%, correspondente a investimentos concretizados no montante 11,2 milhões (7,8 FEDER).

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Contudo, para o próximo PADRE, a dotação será de 30 milhões, o que faz com que, de acordo com Aquiles Marreiros, vogal executivo do Programa Regional Algarve 2030, seja necessário dar «prioridade ao robustecimento de cadeias de valor associadas aos recursos endógenos regionais, alinhados com os domínios de especialização inteligente, procurando que, também os territórios, se especializem e sejam fator de atração e fixação de investimento, talento e emprego», bem como dar «a oportunidade de complementar intervenções e financiamentos com outros fundos, instrumentos territoriais e Programas» para fomentar a competitividade territorial.

A aposta na rede de Aldeias Digitais e Inteligentes é assim o grande desafio para o próximo PADRE, que deverá contar mais com a participação das freguesias.

Apesar de a dotação ser maior, a taxa de comparticipação é menor, o que faz com que «seja preciso encontrar mais parceiros e que haja uma maior mobilização», frisou José Apolinário .

«No nosso território, há dinâmicas muito distintas, com concelhos onde há uma grande participação e outros menos. Temos de concentrar mais e valorizar mais as Juntas de Freguesia, que acho que podem ser aliados importantes na elaboração de bons projetos para a população, porque estão mais próximas e podem mobilizar mais meios para a execução, ultrapassando as dificuldades», rematou o presidente da CCDR.

 

O Plano de Ação para o Desenvolvimento dos Recursos Endógenos, apoiado pelo CRESC Algarve 2020, tinha como objetivos «apoiar ações de valorização económica de recursos endógenos, (…), dando suporte às iniciativas geradas em contexto de parcerias locais em estratégias de desenvolvimento, que apostem no reforço e diversificação de base económica dos territórios de baixa densidade, através do reforço da sua atratividade, e da valorização dos seus recursos diferenciadores».

A Associação Vicentina, a In Loco e a Terras do Baixo Guadiana foram as entidades parceiras escolhidas para desenvolver os projetos no território.

A Rota Serrana de Autocaravanismo tem como objetivo «criar condições de acolhimento dos turistas com apetência para a exploração de recursos associados à natureza e ao património cultural, dinamizando a atratividade do território e a sua visitação».

A requalificação e dinamização da Rede Regional de Mercados locais pretende torná-los mais atrativos, através da criação de novos postos de venda, bancadas, postos de trabalho e valorização do património histórico-cultural edificado. Tudo isto é ainda conjugado com um programa de animação que se pretende que circule pelos Mercados integrados na rede.

Já o Ready (Recursos endógenos e desenvolvimento do turismo ativo) tem como principal objetivo reduzir a sazonalidade da procura turística, através da dinamização e ampliação de projetos como a Via Algarviana ou a Rota Vicentina.

 

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

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