A empresa algarvia Sea4Us recebeu cerca de 6 milhões de financiamento do European Innovation Council (EIC) para avançar com os testes clínicos que vão permitir trazer para o mercado um novo analgésico, de inspiração marinha, com «grande eficácia para o tratamento da dor crónica».
Este não é o primeiro financiamento ganho por esta empresa de biotecnologia de recursos marinhos, localizada em Sagres.
Em 2018, a Sea4Us recebeu 50 mil euros da Comissão Europeia para aprofundar o desenvolvimento de um medicamento para aliviar aqueles que sentem, constantemente, dores, e que seja uma alternativa à morfina e aos opióides.
O “Sea4Pain” é o projeto principal da empresa com sede em Sagres e está intimamente ligado à Costa Vicentina. É ali que vive a esponja que forneceu o composto principal do medicamento.
Quem está à frente desta empresa é Pedro Lima, licenciado em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve, e que já foi alvo de um homenagem pela academia algarvia.
De resto, Portugal foi o segundo país com mais financiamento aprovado pelo European Innovation Council.
Só a PICadvanced, empresa de Aveiro, obteve 17,44 milhões de financiamento, ficando muito perto do valor máximo de financiamento por projeto, seguindo-se a Sea4Us e Targtex (Lisboa), com 14 milhões.
Desde que arrancou, em Março de 2021, o European Innovation Council (EIC) já financiou empresas nacionais em cerca de 73,1 milhões de euros, no EIC Accelerator, o principal instrumento da iniciativa integrada no Pilar III do Horizonte Europa.
António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, já reagiu a esta notícia, felicitando as empresas portuguesas pelo «resultado extraordinário alcançado e que posiciona Portugal como o segundo país da UE com mais financiamento aprovado em termos absolutos».
«Esta é mais uma demonstração clara do caminho que o país está a percorrer afirmando-se como um centro de inovação e de conhecimento capaz de produzir soluções tecnológicas avançadas. As áreas premiadas evidenciam a capacidade de Portugal e das empresas portuguesas para marcarem a diferença com propostas tecnológicas e científicas avançadas na biotecnologia de recursos marinhos, na geração de componentes optoelectrónicos e na área das ciências da saúde», acrescenta.
Também Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, congratulou os resultados das empresas nacionais e considerou que «a participação nacional registada no Horizonte Europa reafirma a posição de Portugal, em termos internacionais, enquanto um país de ciência e enquanto um Estado-Membro que tem vindo a reforçar e a promover a relação entre a comunidade académica e o setor empresarial, catalisando, dessa forma, o desenvolvimento científico nacional».
Por fim, António Grilo, presidente da ANI, refere que «Portugal tem vindo a ter uma performance extremamente positiva no Horizonte Europa e este balanço no acesso a financiamento por via do EIC tem sido completamente extraordinário. Nesta ronda de financiamento, Portugal tem a maior percentagem de candidaturas aprovadas – 23% (3 em 13) – e foi o segundo país com mais financiamento aprovado em termos absolutos, logo a seguir à França que conseguiu 106,5 M€ para 12 empresas».
«Em terceiro lugar vem a Alemanha, seguida pela Holanda e a Bélgica. É importante continuarmos a trabalhar para apoiar estas empresas a competir por mais financiamento a nível internacional e trazer mais prestígio e competitividade para as tecnológicas nacionais. Isto é um sinal claro de que os investigadores em Portugal demonstram não só excelência a nível científico e tecnológico, mas também estão a ter um elevado nível empreendedor, pois estão a fundar start-ups deep tech que se vão tornar líderes a nível mundial», conclui.
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