Abusos: Diocese do Algarve convoca padres e anuncia caso arquivado pelo Vaticano

A Igreja é chamada a «assumir a responsabilidade», disse o bispo algarvio

D. Manuel Neto Quintas – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Um dos casos foi arquivado, a pedido da Santa Sé, e o outro, além de não haver «qualquer referência» nos arquivos, não diz respeito a um sacerdote da região. Esta é a reação da Diocese do Algarve à lista de dois padres, alegados abusadores, entregues na passada sexta-feira, 3 de Março, ao bispo D. Manuel Neto Quintas pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica. O prelado já convocou uma assembleia geral de padres para estudar medidas para prevenir a possibilidade de ocorrência de abusos no futuro. 

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, dia 9, a Diocese fala abertamente dos dois casos identificados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja em Portugal.

Um dos nomes diz respeito ao caso de um padre, que terá exercido em Boliqueime, e de que a Diocese teve conhecimento em Outubro de 2021.

Os alegados abusos, na Casa dos Rapazes (Instituto D. Francisco Gomes), em Faro, foram denunciados no programa “Goucha” da TVI.

A Diocese desencadeou logo uma «investigação prévia, com informação ao Ministério Público», esclarece o comunicado.

O resultado foi «enviado para a Santa Sé» que, após a análise, indicou que o processo «devia ser arquivado», acrescenta a Diocese.

O outro caso, que vem no relatório da Comissão Independente, liderada por Pedro Strecht, não «corresponde a nenhum sacerdote incardinado na Diocese do Algarve, nem se encontra nos arquivos diocesanos».

De resto, o Bispo «já informou a Comissão Independente (Grupo de Investigação Histórica) desta ocorrência, ficando a aguardar uma informação adicional sobre este assunto».

O prelado convocou, esta quinta-feira, 9 de Março, todo o clero da Diocese «para uma assembleia geral destinada a estudar medidas para prevenir a possibilidade de ocorrência de abusos no futuro, quer envolvendo menores, quer adultos vulneráveis, a partir da legislação civil e canónica em vigor».

A assembleia deverá ocorrer este mês.

O objetivo é também «alargar esta ação de formação a todos os agentes diocesanos de pastoral».

Na sua mensagem de Quaresma, o Bispo do Algarve já tinha considerado «a recente publicação do relatório para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa pela Comissão Independente» como «um veemente apelo à conversão», apelo que exige «coragem e decisão em conhecer a verdade».

A Igreja é chamada a «assumir a responsabilidade que essa verdade reclama», disse também.

Nesse sentido, a Diocese do Algarve e o seu Bispo afirmam que tudo farão para que sacerdotes e demais agentes de pastoral recebam informação e formação sobre este assunto, com o objetivo de criar uma «cultura do cuidado e da transparência» em todas as instituições diocesanas.

Da mesma forma, todas as comunidades devem desenvolver uma «nova sensibilidade de modo a prevenir e a denunciar situações que possam ocorrer na proteção e defesa das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis».

D. Manuel Quintas apela também a todos para «manterem a esperança» e «cultivarem um sentido cristão de acolhimento total às vítimas, bem como de caridade e acompanhamento em relação aos abusadores, chamados a assumir as consequências canónicas e civis dos seus atos».

 

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