Faro dedica colóquio internacional a António Ramos Rosa para celebrar centenário do poeta

Faro comemora 100 anos do nascimento de Ramos Rosa com um programa com muitas iniciativas

Um colóquio internacional dedicado a António Ramos Rosa, a reformulação do atual “Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa”, um programa direcionado a jovens e uma homenagem com a colocação de uma escultura na Biblioteca Municipal são algumas das iniciativas previstas no programa do centenário do poeta farense, que foi apresentado na terça-feira, dia 23.

Um dos pontos altos da programação das comemorações do centenário do nascimento de António Ramos, que decorrerá em 2024, mas também terá atividades em 2025, será o colóquio internacional “António Ramos Rosa: Poesia Liberdade Livre”, que decorrerá no dia 17 de Outubro, data do 100º aniversário do poeta.

Esta conferência «pretende abrir a obra de António Ramos Rosa a outros universos da cultura que não apenas o meio académico. Este evento irá trazer a Faro diversos e reconhecidos poetas e académicos nacionais e internacionais», segundo a Câmara de Faro.

«Outro dos grandes destaques é a transformação do Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa. No âmbito das comemorações, o Município de Faro estabelece uma parceria com a Associação Portuguesa de Escritores (APE) para a constituição do novo Grande Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa APE – CM Faro, que passa a a ser coproduzido entre estas duas entidades, passando de um formato bienal para anual e aumentando o valor do prémio dos atuais 5.000 euros para 12.500 euros», acrescenta a autarquia.

Mantendo a sua aposta na poesia editada em Língua Portuguesa, o Prémio é aberto a todos os autores que editem em português.

Será também promovida a exposição itinerante “António Ramos Rosa: Uma presença Real”, que irá ter uma mostra sobre as edições, os livros, os poemas e a presença do autor. Esta exposição, que decorrerá entre Setembro de 2024 e Junho de 2025, estará patente ao público na Biblioteca Municipal e irá circular pelas escolas do concelho de Faro.

Paralelamente, será promovido entre Setembro e Dezembro de 2024 um programa direcionado a escolas, «que incluirá sessões de poesia, música e conversas/ debates em torno da obra de António Ramos Rosa, que serão criadas para jovens e realizadas nas escolas secundárias do concelho».

Por outro lado, o Município encomendou ao artista Miguel Martins uma peça escultórica de homenagem a Ramos Rosa, que deverá ser instalada, até final do ano, na Biblioteca Municipal de que é patrono.

Também até final de 2024, deverá ser editada uma publicação em que um conjunto de autores escolhidos por António Carlos Cortez, ensaísta e professor que é o curador das comemorações, «vão partilhar as suas leituras sobre a vida e obra de António Ramos Rosa, através dos seus poemas».

No âmbito da sessão de apresentação das comemorações, António Carlos Cortez agradeceu o convite mas também a sensibilidade e o cuidado que a Câmara Municipal de Faro tem devotado à Cultura e à figura de António Ramos Rosa.

«Foi um convite que me surpreendeu mas que julgo que faz algum sentido, por ter sido amigo pessoal de António Ramos Rosa e por ter tido oportunidade de, em 2005, organizar e fazer o prefácio de um livro de António Ramos Rosa, ‘Os Animais do Sol e da Sombra seguido de O Corpo Inicial’, das Edições Quasi», lembrou António Carlos Cortez, adiantando ter uma ligação sentimental a Faro e ao Algarve, por via de amizades com outro poeta farense, Gastão Cruz, e com Nuno Júdice, poeta algarvio falecido em Março deste ano.

«Fazer a curadoria de um programa deste género significa não só ponderar bem o eco da obra de António Ramos Rosa, mas também fazê-lo num contexto que é adverso, seja no ensino, seja na atmosfera cultural, onde há hoje uma resistência seja às humanidades, seja ao ensino da poesia. Por isso, este gesto da Câmara Municipal de Faro enche-me de alegria e de responsabilidade e esta ocasião feliz pode ter uma importante ação sob a cidade de Faro e não só: levar António Ramos Rosa às escolas, uma vez que, na verdade, Ramos Rosa e os poetas portugueses são muito pouco conhecidos pelas gerações mais jovens», referiu o curador das comemorações.

José Manuel Mendes, presidente da APE, saudou a criação do Grande Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa APE – CM Faro, «que prestigiará não só os poetas que o vierem a receber, mas também quem o promove».

Invocando António Ramos Rosa, mas também Gastão Cruz e Nuno Júdice como grandes nomes da poesia e da literatura nacional, José Manuel Mendes destacou ainda o facto de este prémio literário ser um galardão aberto à lusofonia e a toda a criação literária feita em português, que até pode vir de fora do espaço lusófono.

«O centenário de António Ramos Rosa, por ser farense e um dos maiores vultos da poesia nacional e internacional, é uma efeméride que é única e que não podíamos deixar de assinalar, até juntando os 50 anos de liberdade e do 25 de Abril, em que também ele teve um papel importante, no plano literário”, concluiu o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau.

 

 



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