Vitalina Vieira já foi vacinada em Portimão: «É uma esperança!»

Jorge Botelho: «o passo imediatamente a seguir» nesta operação é vacinar utentes e funcionários dos lares de idosos

Vitalina Vieira a ser vacinada contra a Covid-19 – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Vitalina Vieira trabalha na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital de Portimão desde o seu início, há vinte anos, e nunca pensou ser o foco de tantas câmaras de filmar e fotografar. Mas esta assistente operacional da UCI, de 57 anos, foi esta manhã a primeira profissional de saúde a ser vacinada contra a Covid-19 naquela unidade hospitalar.

«É uma honra estar aqui», garantiu Vitalina Vieira, depois de apanhar a vacina, que lhe foi ministrada pela enfermeira Tânia Gonçalves, sob o olhar atento dos jornalistas.

Tal como no hospital de Faro, onde, à mesma hora, foi vacinada Maria Clara Nogueira, também aqui a «honra» de ser a primeira foi dada a uma assistente operacional e não a um médico ou enfermeiro. «Não esperava ser a primeira, mas foi especial», para mais «estamos todos os dias em contacto com os doentes», acrescentou.

Para Vitalina Vieira, este «é o primeiro passo desta caminhada ainda longa», mas é, sem dúvida, «uma esperança», como não se cansou de repetir.

 

As vacinas preparadas para ser administradas – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Fora da sala, num corredor do hospital, estavam outros profissionais de saúde, todos dos serviços de Urgência ou de Cuidados Intensivos, à espera da sua vez de tomar a vacina.

Andrea Miali, também assistente operacional na UCI do hospital de Portimão, elogiou o facto de serem estes profissionais os primeiros: «temos de começar por algum lado, mas é bom que se comece por quem está na linha da frente», disse, em declarações ao Sul Informação.

Patrícia Gonçalves, sua colega na UCI, recordou a batalha diária que se trava neste serviço desde Março, contra a Covid-19: «atendendo ao serviço em que estamos, as situações complicadas já são usuais, mas a Covid trouxe-nos situações diferentes».

Apesar de a vacina representar uma «esperança», não é razão para baixar a guarda, como fez questão de salientar Andreia Miali: «Temos de tomar a vacina, mas teremos de continuar a ter os devidos cuidados. A única esperança que a vacina nos dá é que, se formos infetadas, o vírus não nos irá afetar tão gravemente». Relaxar os cuidados e as medidas de prevenção é que não, acrescentou.

Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, que também assistia ao momento da primeira vacina no hospital da cidade, disse que «é um dia muito feliz para o Algarve, para Portimão, para Faro». Este «era o dia esperado, o dia que todos ansiávamos», salientou a autarca, em entrevista ao Sul Informação.

«O Governo tomou uma boa decisão, em vacinar primeiro aqueles que cuidam de nós, e depois continuará pelos lares, onde há pessoas muito vulneráveis. As coisas estão a correr bastante melhor do que o expectável, porque ninguém imaginava que antes de Janeiro houvesse já tanta gente a ser vacinada», frisou Isilda Gomes.

A médica Ana Castro, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), adiantou ao nosso jornal que, nesta primeira fase, serão vacinados 2400 profissionais do CHUA, dos quais «agora os primeiros 900», 300 na unidade de Portimão, 600 na de Faro.

Felizmente, acrescentou, «não houve nenhuma recusa por parte de nenhum profissional de saúde. Há profissionais que não vão fazer agora vacinação, mas isso é por indicação clínica».

Tendo em conta que, «habitualmente» os hospitais não fazem vacinação, organizar tudo isto é uma operação logística diferente», que decorreu sem problemas porque «organizámo-nos nesse sentido», acrescentou Ana Castro.

Quanto à escolha dos assistentes operacionais para serem os primeiros a ser vacinados no CHUA, a administradora explicou que «são eles os primeiros na linha da frente, são eles que garantem que as condições de segurança e higiene estão asseguradas para podermos tratar os doentes, são os que têm o primeiro contacto com os doentes, estando por isso mais expostos, por isso não tínhamos como não começar por eles».

 

Isilda Gomes, Jorge Botelho e Ana Castro com Vitalina Vieira – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Jorge Botelho, o secretário de Estado que é o coordenador no Algarve do combate à pandemia, adiantou que «o passo imediatamente a seguir» nesta operação é vacinar utentes e funcionários dos lares de idosos. Sem querer comprometer-se com uma data, o governante apontou para «os primeiros dias de Janeiro» para dar início a essa vacinação nas Estruturas Residenciais para Idosos. Será, garantiu, «o mais rapidamente possível».

Sobre o incidente que ontem opôs PSP e GNR, em Évora, quanto à jurisdição sobre o transporte das vacinas, o secretário de Estado apenas disse que «todas as pessoas sabem as competências que têm de assumir», garantindo que «a coordenação dos hospitais está a ser muito bem feita, cada um sabe o que tem de fazer, para que isto seja feito com eficácia, simplicidade e, acima de tudo, em tempo».

Na ótica do governante, prova de que tudo está a correr sobre rodas é que «estas vacinas que hoje estão aqui chegaram a Portugal ontem de manhã e hoje, poucas horas depois, já estão a ser ministradas em Portimão».

Um pouco atrasado, porque vinha de Évora, onde assistiu ao início da vacinação no hospital local, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde visitou também a unidade de Portimão do CHUA, bem como o Centro de Saúde da cidade.

Em Évora, respondendo às perguntas do jornalistas, António Lacerda Sales já tinha desvalorizado os incidentes entre GNR e PSP no transporte das vacinas. «Eu acho que nenhuma imagem deslustra aquilo que tem, de facto, sido muito importante» neste processo, «que é a luz ao fundo do túnel que é a vacina e, neste caso particular, a vacina aos nossos profissionais de Saúde», afirmou o secretário de Estado.

Entretanto, no hospital de Portimão, mal acabou de ser vacinada, Vitalina Vieira agradeceu à enfermeira Tânia, dizendo-lhe: «não doeu nada!». No dia 20 de Janeiro, Vitalina e todos os profissionais de saúde que hoje estão a ser vacinados voltarão para receber a segunda dose. «É uma esperança, uma esperança!»

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

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