Autarcas entre o entusiasmo e a desilusão pelo pacote de 300 milhões para o Algarve

Autarcas do PS aplaudem medida, Rogério Bacalhau, do PSD, fala em «migalhas»

Há quem considere que é uma «notícia extraordinária para o Algarve» e que a vinda de 300 milhões de euros para a região é «uma vitória tremenda», mas há também quem olhe para o «programa específico para a região do Algarve» anunciado pelo primeiro-ministro como sendo «migalhas», tendo em conta o valor global do pacote de ajuda que Portugal receberá da União Europeia, para enfrentar as consequências económicas da pandemia.

O entusiasmo, ou falta dele, varia consoante a cor política dos presidentes de câmara com quem o Sul Informação falou.

Enquanto os socialistas Isilda Gomes e António Pina, que presidem, respetivamente, às Câmaras de Portimão e à AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, se mostram agradecidos e elogiosos para a medida anunciada pelo primeiro-ministro António Costa, Rogério Bacalhau, o edil social-democrata de Faro, considera que o Algarve está, mais uma vez, a ser prejudicado, em relação ao resto do país.

 

Isilda Gomes

 

«Naturalmente, só posso achar que é extremamente positivo e que o Algarve com esse pacote, a somar ao que são os fundos comunitários, o Programa Operacional regional, vai ficar com uma verba bastante boa para fazer face a muito dos nossos problemas», afirmou ao nosso jornal Isilda Gomes.

«Agora, temos de definir criteriosamente quais são os investimentos prioritários para  região», acrescentou a edil portimonense.

Na lista de Isilda Gomes cabem todos os investimentos «que tiverem em linha de conta a criação de emprego e uma diversificação da base económica – que é o que nós precisamos, para não vivermos tão dependentes do turismo».

Por outro lado, há a dimensão das infraestruturas de que a região necessita e a questão da saúde, «que é prioritária e que nos tem vindo a preocupar ao longo dos anos».

Ou seja, as três áreas mencionadas pelo primeiro-ministro António Costa, ao anunciar um programa específico para recuperação da economia do Algarve, são dimensões «fundamentais, para as quais é necessário canalizar essas verbas, para que o Algarve não dependa tanto do turismo e para que haja infraestruturas atrativas, que facilitem não só a mobilidade como tudo o resto».

 

António Pina

 

António Pina, por seu lado, fala no «duplicar dos fundos estruturais para o Algarve. É uma vitória tremenda, do meu ponto de vista».

«O Algarve viu gradualmente reduzidas as verbas que recebia da União Europeia nos últimos Quadros Comunitários de Apoio, por ser uma região em Phasing Out. O primeiro-ministro deu um sinal que está preocupado e arranjou mais 300 milhões para o Algarve. Só posso estar satisfeito e agradecido», acrescentou ao Sul Informação o também presidente da Câmara de Olhão.

Já o presidente da Câmara de Faro não se mostra agradecido e, muito menos, satisfeito.

«São 300 milhões em 15,3 mil milhões [a verba a que Portugal terá acesso, a fundo perdido, no âmbito do Fundo de Recuperação da UE]. Acho que basta comparar o montante que está previsto para o Algarve com o total para perceber que, novamente, iremos ficar aqui com migalhas. Aliás, é muito parecido com os 30 milhões que foram anunciados para a cultura e que para o Algarve vêm 800 mil euros», disse.

«Mais uma vez, nós ficamos aqui na ponta da cauda. Somos todos ricos no Algarve. Só estamos é a passar a pior crise de sempre e, enquanto o resto do país já começa a funcionar, nós só estamos no início», disse ao Sul Informação Rogério Bacalhau.

 

 

Para o edil farense, «se alguém apresenta esses números todo satisfeito, devia comparar com o montante global, para perceber que somos um cantinho, para o qual vem uma parcela pequenina, só para dizer que não vem nada – embora 300 milhões sejam muito dinheiro».

«Mais uma vez, o grosso da ajuda irá, certamente, para Lisboa, Centro e Norte».

Quanto a prioridades na aplicação deste dinheiro, Isilda Gomes tem esperança que «se resolva o problema económico e social que existe, já que há pessoas que estão a passar por grandes dificuldades, neste momento».

«Como é óbvio, apesar dos programas que têm sido aplicados, nomeadamente a questão do lay-off, as nossas empresas e os nossos empresários precisam de um forte estímulo económico e financeiro», disse.

Por outro lado, «o desemprego acarreta problemas sociais muito graves, aos quais é preciso dar resposta».

«Todas as verbas que pudermos usar para fazer face a esses problemas, são bem vindas», resumiu.

Por outro lado, a autarca portimonense diz não ter dúvidas de que há agora «uma porta aberta para o novo Hospital Central. Acredito sinceramente nisso. Digo isto com as devidas cautelas, mas acredito que é este o momento e que teremos de pensar nisso muito seriamente, porque acho que é a melhor forma de ultrapassarmos os problemas da saúde no Algarve».

«Penso que desta forma temos todas as condições para que o Algarve se transforme numa região diferente, que acho que é aquilo que todos queremos», rematou Isilda Gomes.

 

 

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