Coronavírus: Hospital de Faro pronto para ser de referência «assim que necessário»

Paulo Morgado não tem dúvidas de que o Algarve está preparado para enfrentar o Covid-19

O Hospital de Faro está preparado e pode tornar-se numa unidade de referência para validação do Coronavírus (Covid-19) «assim que necessário». A garantia foi dada ao Sul Informação por Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, que adiantou que estão a ser identificados espaços para isolamento de doentes nos hospitais e nos Centros de Saúde da região e a ser dada formação específica aos profissionais de saúde, entre outras medidas de preparação para a eventual chegada do vírus.

Segundo Paulo Morgado, o Algarve «tem condições» para dar resposta ao Coronavírus, «quer nos nossos hospitais, quer com o nosso laboratório, quer nos Centros de Saúde».

«Assim que a Direção Geral de Saúde (DGS) determine, o Algarve poderá entrar na rede nacional com um hospital de referência, que, numa primeira instância, será o Hospital de Faro, que está disponível para entrar tão cedo quanto a DGS entenda que é necessário», assegurou Paulo Morgado, que respondeu, desta forma, às inquietações manifestadas ao nosso jornal por responsáveis do setor turístico e por médicos.

«Depois, se virmos o assunto a alargar-se mais, obviamente que temos uma unidade de resposta, que é Portimão».

O responsável máximo pela ARS do Algarve precisou que existem no Algarve quartos com pressão negativa, recomendados para isolar pessoas com doenças contagiosas. «No Hospital de Faro, temos quatro, um deles pediátrico», disse.

«A partir do momento em que a DGS ative o Hospital de Faro, temos capacidade laboratorial na região para fazer o diagnóstico, no Laboratório Regional de Saúde Pública. Não foi ativado ainda porque não foi considerado necessário. Temos as pessoas e os equipamentos de que precisamos», assegurou.

Ainda assim, Paulo Morgado admite que se está a enfrentar um problema, «não só o Algarve, mas em quase todos os países», que é a espera por mais kits de diagnóstico, devido a dificuldades da indústria farmacêutica, porque «neste momento há uma grande procura no mercado e não é muito fácil que eles nos forneçam uma grande quantidade».

Quanto ao que já foi feito, a pensar no Covid-19, o presidente da ARS elenca «a formação dos nossos profissionais, específica para esta questão do Coronavírus, a decorrer há várias semanas. Também estamos a proceder à identificação de espaços de isolamento em todos os Centros de Saúde e unidades hospitalares».

«Portanto, em termos operacionais, temos tudo preparado», voltou a garantir.

Entretanto, «os planos de contingência da Gripe estão ativados» e serão apresentados «em breve» os planos nacional e regional de reação ao Coronavírus.

Também nos próximos dias, a «DGS vai revelar um conjunto de normas e orientações específicas para o setor do turismo, correspondendo à preocupação que existe no Algarve e não só», da qual o Sul Informação deu ontem conta.

«O Algarve é uma região turística, mas, neste momento, todo o Portugal é uma região turística, apesar de nós termos a nossa especificidade, talvez por este setor ter um maior peso na economia regional», salientou Paulo Morgado.

A consciência desta realidade e de que os turistas e potenciais vetores de infeção podem chegar «por todas as vias, não só de avião», levou a ARS algarvia a contactar com as entidades que gerem as diferentes portas de entrada na região.

«As nossas equipas já estabeleceram os contactos necessários com as autoridades, quer com o aeroporto, quer com o porto de cruzeiros de Portimão, no sentido de lhes transmitir orientações», disse.

Quanto às conhecidas carências de profissionais de saúde na região, Paulo Morgado diz que não serão um problema, já que, «nestes casos, as pessoas reagem sempre com um espírito de entreajuda e temos excelentes profissionais».

O presidente da ARS recorda o que aconteceu com a Gripe A, em que «o Algarve teve bastantes casos», mas que não houve qualquer situação de rutura ou de dificuldade assistencial.

«Tenho a certeza de que temos capacidade de responder, tal como respondemos à Gripe A. Iremos com certeza, num eventual surto, trabalhar todos no mesmo sentido, bem como naquilo que é a prevenção, as boas práticas e o controlo da infeção», disse.

Aqui, a população tem um papel importante a desempenhar, respeitando as regras de ouro para minimizar os riscos de contrair e propagar o vírus, os seja, «lavar bem as mãos e de forma regular, ter a necessária etiqueta respiratória [por exemplo, tossir ou espirrar para o próprio cotovelo] e contactar o SNS 24 (808 24 24 24) antes de se dirigir às urgências».

Para ajudar, o Sul Informação dá-lhe a conhecer mais sobre o Coronavírus, a forma como se transmite e como se proteger, entre outras informações úteis e recomendações da DGS, nesta infografia.

«Temos uma boa rede de saúde pública, algo que não acontece em todos os países, e esta boa rede ajudará a controlar os casos que inevitavelmente irão surgir. Eu acho que o país irá dar uma boa resposta e o Algarve não ficará para trás», reforçou Paulo Morgado.

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