Raio-X dos Concelhos: VRSA é «um diamante por lapidar» e um «bom local para investir»

Vila Real de Santo António tem praia, rio, uma extensa zona de mata,  uma gastronomia apreciada e fica numa zona […]


Vila Real de Santo António tem praia, rio, uma extensa zona de mata,  uma gastronomia apreciada e fica numa zona plana. Isso faz com que seja «um bom local para investir», acredita Luís Camarada, empresário que subiu a pulso e tem já vários negócios no concelho onde nasceu e ainda vive.

O fundador e administrador do grupo empresarial “Coração da Cidade”, proprietário de restaurantes, residenciais e de uma fábrica de bolos no centro histórico de Vila Real, considera que o concelho é «um diamante por lapidar», cheio de potencialidades, nomeadamente para o turismo sénior e desportivo.

Para chegar aqui, VRSA teve de trilhar um caminho longo, uma vez que, há algumas décadas, a situação era bem distinta. Foi isso que levou o agora empresário a emigrar para os Estados Unidos da América aos 17 anos, país onde viveu e trabalhou mais de dez anos.

Aos 28 anos, Luís Camarada decidiu voltar e investir aquilo que tinha conseguido amealhar em negócios na sua terra-natal, tornando-se um empresário de sucesso. E a “culpa” foi daquilo que VRSA tem para oferecer.

Partindo dos dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu ao empresário e dirigente associativo que fizesse um retrato do concelho onde nasceu, viveu e onde investiu.

«Vila Real de Santo António tem demonstrado, nos últimos anos, ser uma das terras mais ativas e dinâmicas do Algarve. Isto deve-se ao facto de ser um local que recebe milhares de visitantes vindos de Espanha, por estar aqui na fronteira. Também é uma terra muito plana, o que agrada à terceira idade», que elege o concelho como local para fazer férias ou viver parte do ano.

«Mas há grandes oportunidades de negócio, que ainda estão por desenvolver. VRSA é um diamante por lapidar. Temos aqui mesmo ao lado, em Espanha, um mercado com muitos milhões de pessoas. E, além dos espanhóis, há os turistas que visitam aquele país, que aproveitam a oportunidade para visitar Portugal e o Algarve», reforçou Luís Camarada.

E se o concelho é bom para quem o visita, viver ali é, na visão de Luís Camarada, «um privilégio». «Temos uma qualidade de vida acima da média. Há a praia, o rio e o pinhal, mas também a gastronomia e equipamentos municipais de grande qualidade, como a biblioteca e as piscinas», descreveu.

Isto leva a que Luís Camarada não fique surpreendido com um dos indicadores que salta à vista, entre os dados disponibilizados pela Pordata: o do número de estrangeiros que vivem em VRSA.

«Estes 9,1 por cento de população estrangeira devem-se a diversos fatores. Esta é uma terra ótima para os mais idosos, pela sua localização e por ser plana», disse.

Estas caraterísticas, aliadas a outros fatores, também contribuem para um aumento do número de visitantes.

«Temos um Complexo Desportivo muito ativo, que tem crescido e recebemos muitos desportistas. Isso faz com que haja desenvolvimento económico e uma ocupação hoteleira também no período de Inverno», ilustrou.

Isto tem permitido que surjam novas unidades hoteleiras, nomeadamente em Monte Gordo. «A construção do passadiço foi importante para a atração turística. A remodelação da praia, que começará agora em Outubro, também significa que vamos passar a ter muito mais qualidade na frente de mar», disse.

Luís Camarada faz questão de salientar dois grandes investimentos vindos de fora, o de remodelação do Hotel Guadiana, realizado pela cadeia hoteleira sul-africana Grand Africa, e a construção de uma Pousada no centro histórico de VRSA, uma aposta do Grupo Pestana, que indicam que «Vila Real de Santo António está na moda».

No entanto, nem tudo são rosas. Também há questões a resolver no concelho, nomeadamente a nível ambiental e social.

«Ainda há uma grande franja da população que vive em condições não adequadas. Há muitos problemas ao nível do Saneamento Básico e das habitações em si», alertou. Ainda assim, admite, a questão do saneamento tem vindo a melhorar «nos últimos anos». «Tem havido uma clara evolução, mas ainda é insuficiente», acredita.

Ao nível do crescimento turístico, «a maior nódoa», na visão deste empresário, está ligada à Via do Infante a à sua concessionária.

«Há quatro cartazes enormes que enganam quem nos visita. Porque os cartazes indicam: Estrangeiros – Portagens Eletrónicas. Mas não avisam que há duas saídas, a de Castro Marim/VRSA e a de Monte Gordo/Altura, em que não se paga. Estão a fazer publicidade enganosa», defende.

Por outro lado, considerou, o movimento associativo não tem a vida facilitada. E Luís Camarada, enquanto fundador e membro dos órgãos sociais da Confraria do Atum – é o confrade nº 1 -, sabe bem do que fala.

«A Confraria do Atum vive apenas das participações dos seus confrades e é extremamente difícil fazer atividades. Mas, ainda assim, temos vindo a conseguir», contou.

E esta não é a única associação que enfrenta dificuldades, situação que podia ser atenuada com alguma aposta neste setor.

«O auditório do Glória Futebol Clube está há anos completamente inativo e não há ninguém que tome a iniciativa de o reabilitar e de o colocar ao serviço da população. O edifício devia ser entregue a várias associações, para ali desenvolverem as suas atividades e poderem promover atividades culturais e desportivas», defendeu.

 

 

NOTA: O Sul Informação publica aqui o último de uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios, trabalham ou nasceram nos municípios em causa.

 

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