Raio-X dos Concelhos: «Há uma classe empresarial jovem a emergir» em Olhão

João Dias é presidente da MOJU – Associação Movimento Juvenil em Olhão e considera que há, no concelho, «uma classe empresarial […]

João Dias é presidente da MOJU – Associação Movimento Juvenil em Olhão e considera que há, no concelho, «uma classe empresarial jovem a emergir, ligada ao setor da restauração».

«Fruto de uma maior abertura ao mundo, estes jovens dispõem de conhecimentos que lhes permitem inovar e potencializar os recursos e tradições de Olhão», considera o presidente da MOJU. Por exemplo, atendendo aos dados da Pordata, houve, em 2015, 92 novas sociedades constituídas, contra 55 dissolvidas. Ou seja: um saldo positivo de 37.

Partindo precisamente desses dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu a João Dias, que também é diretor técnico da Farmácia Holon de Olhão, que fizesse um retrato do concelho onde reside e trabalha.

Em Olhão, os setores «da hotelaria e da restauração» têm tido um «incremento significativo nos tempos mais recentes», diz.

O concelho «destaca-se também a nível empresarial, com dois pólos que acolhem um número significativo de pequenas e médias empresas, sendo de destacar a indústria conserveira e a metalomecânica. As condições naturais e únicas que o concelho apresenta, tais como a proximidade do mar, da Universidade do Algarve, do aeroporto, o clima e a qualidade de vida são atrativos para o investimento externo», considera.

João Dias até dá o exemplo da nova parceria, anunciada entre o Município e a Altice Labs, que «está a criar expetativas no concelho, perspetivando mais oportunidades de emprego na área das novas tecnologias».

Os números da Pordata não surpreendem o presidente da MOJU. «No entanto, quando comparamos estes dados com os valores globais da região, verificamos que são mais animadores no concelho de Olhão», considera.

Devido «ao clima, à preservação dos costumes e tradições e à proximidade da Ria Formosa», nos «últimos dois anos» tem-se assistido a um aumento do turismo sénior em Olhão. « A atestar a este facto está o aumento da procura a nível imobiliário, na aquisição de casas típicas para restauro no centro histórico da cidade», diz João Dias.

João Dias

Ora, se a tal procura de habitação para fins turísticos, já referida, tem vindo a crescer, há o reverso da medalha. É que isso também «provocou um aumento significativo nos preços do setor imobiliário», o que leva a que a compra de casa seja «proibitiva para a camada mais jovem da população».

Para o presidente da MOJU, este acaba por ser um dos principais defeitos do concelho, a que se junta a «necessidade de oferta de alojamento para pequenos grupos a preços justos, na realização de eventos formativos, desportivos, juvenis e culturais».

E João Dias tem, aqui, um olhar privilegiado, uma vez que é presidente de uma das principais associações de Olhão.

«A dinâmica associativa reflete bem a cidade e a população olhanense. São inúmeros os grupos de âmbito cultural e desportivos existentes no concelho, sejam eles agregados em associações, seja em grupos informais que participam na dinamização de eventos pela cidade», diz.

Quanto à sua MOJU, ao longo dos 10 anos de atividade tem «proporcionado inúmeras oportunidades aos jovens olhanenses, atividades educativas e formativas, empregabilidade, mobilidade a nível nacional e internacional dando a conhecer ao mundo a cidade de Olhão», considera.

No fundo, morar em Olhão é, para João Dias, «viver o genuíno, conhecer as suas gentes, os seus costumes» e «ter a oportunidade de aproveitar o pôr do sol, tendo a Ria Formosa como pano de fundo».

E, claro, sem esquecer uma das «principais qualidades que Olhão apresenta»: «a sua gastronomia, à base do peixe e do marisco, que podem ser encontrados nos tradicionais e característicos mercados, únicos na nossa região».

«Não menos importante é a arquitetura cubista do centro histórico, salpicada por casas pintadas a cal», conclui.

 

NOTA: O Sul Informação está a publicar uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios, trabalham ou nasceram nos municípios em causa.

 

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