Raio-X dos Concelhos: a «palavra que melhor se cola a Silves será “potencial”. Haja quem o agarre»

Paula Bravo, jornalista e diretora do «Terra Ruiva», único jornal editado atualmente no concelho, considera que «a palavra que melhor […]


Paula Bravo, jornalista e diretora do «Terra Ruiva», único jornal editado atualmente no concelho, considera que «a palavra que melhor se cola a Silves será “potencial”. Haja quem o agarre…»

É que, diz, se por um lado «ainda vivemos num concelho com muitas desigualdades e vários níveis de desenvolvimento, com populações muito dispersas, que enfrentam problemas do quotidiano, como a falta de transportes públicos, dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, alguma pobreza, isolamento de idosos, sem acesso à rede de abastecimento de água e saneamento básico», por outro, «temos um concelho com um enorme potencial turístico, alicerçado nos seus monumentos, paisagens e diversidade de território, com um nível de vida médio, que tem vindo a melhorar».

Partindo dos dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu à jornalista que fizesse um retrato do concelho de Silves, onde reside e trabalha.

Paula Bravo não nega que persistem pontos negativos em Silves, até por causa da «enorme extensão do território deste concelho (um dos maiores do País) e de algumas das suas freguesias (São Bartolomeu de Messines, Silves e São Marcos da Serra, também das maiores do País)». Mas considera que essa «enorme extensão» também é a sua «grande riqueza», «pois aqui podemos realmente conhecer a serra, o barrocal e o litoral». E é, ao mesmo tempo, «um grande desafio ao desenvolvimento».

Nos últimos anos, defende, Silves «tem vindo a melhorar em termos de equipamentos sociais, turísticos, culturais e desportivos e no desenvolvimento de atividades com eles relacionadas».

Exemplos disso, recorda, são o recente lançamento da marca “Silves-Capital da Laranja”, que «pretende trazer para a ribalta aquele que é o produto mais importante do concelho», e ainda a «aposta no turismo de autocaravanismo, que tem ganho grande expressão».

Partindo dos dados da Pordata sobre as empresas existentes no concelho, Paula Bravo salienta que «o concelho não ficou imune à crise dos últimos anos, sendo notório, nos centros urbanos, o declínio do comércio tradicional e de empresas familiares».

No entanto, «também se assiste agora à criação de pequenas empresas na área do turismo e dos serviços, o que poderá vir a criar alguma dinâmica no concelho, onde a capacidade empresarial é relativamente fraca, caraterizada pela ausência de grandes empresas e ainda uma fraca aposta na criação de zonas industriais e comerciais». «Não por acaso, a Câmara Municipal continua a assumir o papel de maior empregadora no concelho», sublinha a diretora do jornal «Terra Ruiva», sediado em São Bartolomeu de Messines.

Paula Bravo

Os dados da Pordata (que se podem ver em detalhe na infografia acima) até não surpreendem Paula Bravo, mas «ainda assim», diz, «pensei que a relação entre o número da população ativa e dos idosos estava mais desequilibrada». Ou seja, a ideia que tinha é que o concelho fosse mais envelhecido.

Assinala também «a recuperação financeira da Câmara Municipal de Silves, que há poucos anos constava da lista das autarquias que mais tempo levava a pagar aos seus fornecedores».

E sublinha: «impossível não reparar na elevada taxa de abstenção nas eleições autárquicas – metade do eleitorado ficou em casa».

Num concelho muito extenso, com população dispersa e realidades geográficas, económicas e sociais diversificadas, o movimento associativo tem desempenhado, ao longo de décadas, um papel importante, até de coesão social, em Silves.

Paula Bravo elogia a «dinâmica associativa», salientando que «existem dezenas de associações no concelho, em todas as freguesias, algumas quase centenárias, e a maioria é bastante dinâmica, no que respeita ao desenvolvimento de atividades e envolvência de públicos».

A nota «menos positiva», admite, «é a dependência financeira e logística que uma grande parte dessas associações tem em relação aos subsídios atribuídos pela Câmara Municipal ou outras entidades. E alguma dificuldade na renovação dos órgãos sociais».

Fazendo um comentário geral ao seu concelho, Paula Bravo conclui: «viver em Silves é gozar de uma tranquilidade que a muitos aborrece, mas que poderá ser o grande “trunfo” que Silves ainda tem para jogar».

 

NOTA: O Sul Informação está a publicar uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios, trabalham ou nasceram nos municípios em causa.

 

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