Raio-X dos Concelhos: «Qualidade de vida» de Monchique não chega para fixar os jovens

Nasceu em Monchique, mas foi em Faro que criou a sua empresa. Humberto Correia é cofundador da empresa de desenvolvimento […]


Nasceu em Monchique, mas foi em Faro que criou a sua empresa. Humberto Correia é cofundador da empresa de desenvolvimento web Nova Página e, apesar de esta estar sediada na capital do Algarve, reside no concelho de Monchique pela «qualidade de vida», para estar «mais perto da Natureza e longe do caos das cidades».

O empresário está num setor que lhe permite trabalhar remotamente. Se assim não fosse, teria que procurar emprego ou casa noutro lugar. «O maior problema de Monchique é mesmo a falta de emprego, especialmente para os mais novos ou com cursos superiores. Hoje em dia, o ensino superior está cada vez mais acessível e Monchique não tem um mercado de trabalho que consiga absorver estas pessoas», considera.

Partindo dos dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu ao jovem empresário que fizesse um retrato do concelho onde reside.

Para Humberto Correia, Monchique mantém, nos últimos anos, uma tendência: «os jovens continuam a procurar trabalho fora do concelho e as empresas continuam a fazer um enorme esforço para não fechar as portas».

Monchique até tem implementado medidas de fixação da população mas, para o empresário, «mesmo com as medidas de apoio à habitação, a maioria acaba mesmo por mudar-se para o litoral, o que faz com que a população se torne cada vez mais envelhecida. Não podemos esquecer que isto não é apenas um problema de Monchique, mas também de outros concelhos do interior».

De acordo com os dados da Pordata, 34% da população de Monchique tem mais de 65 anos e apenas 57% está em idade ativa.

Em relação às empresas, Humberto Correia ficou surpreendido com os dados sobre as sociedades constituídas e dissolvidas, uma vez que «estava à espera de um saldo negativo entre empresas abertas e fechadas», ou seja, que fechassem mais negócios.

Em 2015, foram criadas cinco empresas em Monchique e três encerraram portas.

Para o empresário, «as áreas de atividade estão cada vez menos diversificadas. À exceção das atividades ligadas ao turismo, que têm tido algum investimento, as únicas áreas que parecem subsistir são a produção de enchidos e a indústria madeireira».

Humberto Correia também é sócio do Clube BTT Monchique e realça o papel das associações para dar vida a um concelho com poucos jovens. «As associações fazem o que podem com o pouco que têm para cativar os jovens para a prática de desporto e outras atividades», sendo que também pessoas de outros concelhos acabam por ser atraídas para estes eventos, ficando «a conhecer os caminhos e paisagens da nossa serra».

NOTA: O Sul Informação está a publicar uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios, trabalham ou nasceram nos municípios em causa.

 

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