Victor Guerreiro quer conhecer contas e investimentos em comunicação social da ACRAL

Pedir «uma auditoria externa às contas da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve» e «reunir com a […]

Pedir «uma auditoria externa às contas da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve» e «reunir com a direção da empresa Algarve Canal», empresa da  ACRAL detentora de meios de comunicação social, «aferir a sua real situação e agir em conformidade» são as primeiras medidas que o novo presidente da associação Victor Guerreiro, ontem empossado, vai tomar.

Na cerimónia da Tomada de Posse dos novos órgãos sociais da ACRAL, que decorreu esta terça-feira em Faro, o saneamento financeiro foi apontado como uma prioridade tanto pelo presidente da direção como pelo presidente da Assembleia Geral Álvaro Viegas. Um novo rumo para a associação foi outra das mensagens vincadas.

Saber qual o estado exato das contas da ACRAL, dados que Victor Guerreiro garantiu que tentou, sem sucesso, obter da direção que o antecedeu, era uma intenção já há muito anunciada. Uma medida que o novo responsável pela associação já havia avançado ao Sul Informação que iria tomar, caso fosse eleito.

Na terça-feira, deixou ainda claro aos sócios e entidades presentes, bem como aos jornalistas à margem da cerimónia, que quer perceber a fundo o projeto de comunicação social em que a anterior direção investiu.

«Se tenho um jornal que gasta 10 mil euros por mês, também é importante clarificar», considerou Victor Guerreiro. Um número que, confessou, «é aquilo que se diz», pois nunca lhes foram «mostradas as contas». O valor de 10 mil euros foi avançado em 2011 por Álvaro Viegas, numa altura em que entrou em rutura aberta com a ex-direção, liderada por João Rosado.

«Mesmo que sejam 9, 8 ou 7 mil, julgo que a ACRAL não tem vocação para gerir um jornal. Esta é a minha convicção pessoal», disse. «Mas, depois de falar com as pessoas, logo se verá se há alternativas ou oportunidades», acrescentou.

A Canal Algarve, empresa detida a cem por cento pela ACRAL, é, na verdade, dona de dois títulos regionais, ainda que com uma redação comum, o jornal «O Algarve» e o site «Observatório do Algarve», adquiridos durante o anterior mandato. Da equipa agora eleita faz parte o dono de um outro jornal regional, o Postal do Algarve, mas isto não irá pesar na decisão de Victor Guerreiro, assegurou.

«Se houver algum tipo de interferência e se alguém se tentar aproveitar, mostro-lhe a porta da rua», afirmou.

Na passada segunda-feira João Rosado avisou, numa nota de imprensa, que há 14 projetos em curso, com um investimento comparticipado por fundos nacionais e europeus que ultrapassa os 4,7 milhões de euros, em risco de ser perder. Uma boa parte desta verba está ligada à Canal Algarve.

«Os elementos que eu tenho é que há fundos comunitários a decorrer no valor de 4,75 milhões de euros. Se é para o jornal, se é para jogar ao berlinde, se é para formação, se é para comprar melancias, eu desconheço. Não posso tomar uma decisão sem conhecer a situação», reforçou.

No discurso de tomada de posse, Álvaro Viegas considerou que já não é possível à associação «fugir ao saneamento financeiro» e apelou à nova direção que «abandone todos os projetos que não digam respeito ao comércio e serviços». Para o presidente da AG, uma associação «deve ter estrutura para suportar os projetos a que se candidata», algo que considerou que não se passa, neste momento, na ACRAL.

O reempossado presidente da AG da ACRAL defendeu na terça-feria que a associação «deve retornar à sua missão», que é a de «defender os empresários do comércio e serviços».«Queremos uma associação interventiva em defesa da sua classe», reforçou.

Boa disposição, mesmo com ameaça de processo em Tribunal

A tomada de posse foi marcada pela serenidade e boa disposição, em contraste com o processo que a ela levou. As eleições ficaram marcadas por diversos episódios polémicos, a partir do momento em que Álvaro Viegas recusou aceitar a lista apresentada pela ex-direção por alegadas irregularidades.

Uma decisão que desencadeou uma reação por parte do ex-presidente da ACRAL João Rosado, que levou a questão para os tribunais e acusou o presidente da AG de «irregularidades estatutárias».

Nos últimos dias, depois de ver negada uma primeira Providência Cautelar, João Rosado colocou nova ação a pedir a impugnação das eleições. Além disso, anunciou que iria colocar ações contra Álvaro Viegas e diversos membros da direção eleita, incluindo Victor Guerreiro.

O novo presidente da ACRAL mostra-se tranquilo quanto aos esforços desenvolvidos por João Rosado. «É um direito que lhe assiste, ou a qualquer outra pessoa, meter alguém em Tribunal. Aquilo fez-se para homens, vamos a Tribunal e vemos o que acontece depois. Estou de consciência tranquila e, como não tenho feridas do passado, não me incomoda», disse.

Quanto ao pedido de impugnação, diz que «não faz futurologia» e que, caso o Tribunal decida a favor de João Rosado, «logo se vê o que se vai passar».

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