Leonel Morgadinho, antigo presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve e atual professor, anunciou, este domingo, a sua candidatura à Concelhia do PS Faro. Só que ainda não há data marcada para as eleições para este órgão.
Com o lema «Envolver, Ouvir, Construir!», Leonel Morgadinho diz querer «envolver todos os militantes», «para construir um PS/Faro mais forte e coeso com vista a reconquistar o Município de Faro em 2025». Para tal, na próxima segunda-feira, dia 25, às 21h00, promove uma «reunião aberta para ouvir todos», que se realizará nas instalações do IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, na capital algarvia.
A questão é que as eleições para a Concelhia dos socialistas farenses – e para todas as outras – não estão ainda marcadas, nem se sabe bem quando terão lugar. Questionado pelo Sul Informação, Leonel Morgadinho disse que, «se os calendários forem cumpridos, deverão ocorrer em Janeiro próximo».
No entanto, Adérito Silva, atual presidente do PS/Faro, garantiu ao nosso jornal que «o PS não tem eleições agendadas» para já. «Caso se cumpra o calendário anterior, as eleições para as Concelhias seriam em Fevereiro ou em Março. Mas o PS nacional tem que reunir os seus órgãos e decidir isso».
Leonel Morgadinho critica a atual direção da Concelhia e atribui-lhe responsabilidades pela derrota sofrida nas recentes Eleições Autárquicas. «Claramente, o PS não atingiu os seus objetivos: não ganhámos a Câmara e até perdemos um vereador, assim como perdemos a maioria na única Freguesia que tínhamos, a de Conceição e Estoi. O PS falhou em toda a linha», considerou o candidato, em declarações ao Sul Informação.
Adérito Silva, apesar de admitir que os resultados dos socialistas não foram os esperados, atribui a não conquista da Câmara da capital algarvia ao PSD ao «efeito Bacalhau».
«Em 2005, foi a última vez que ganhámos a Câmara de Faro [com José Apolinário]. Depois, em 2009, o PSD [com Macário Correia] ganhou a Câmara por apenas 130 votos, em 2013, já com Rogério Bacalhau como candidato, o nosso candidato foi o Paulo Neves e a diferença foi de quase 400 votos [395), em 2017, tendo o António Eusébio como nosso candidato e a concelhia presidida pelo Luís Graça, a diferença a favor do Bacalhau alargou-se para 1500 votos [1572]. Este ano, em 2021, sou eu o presidente da Concelhia, o nosso candidato foi o João Marques e a diferença ainda aumentou mais, chegou aos 4300 votos [4386]. Isto representa uma tendência, que tem a ver com o fator Rogério Bacalhau», defendeu Adério Silva.
Para o líder dos socialistas farenses, «a pandemia também ajudou a este resultado. Tinha que socorrer-se as pessoas, e bem, quem estava no poder foi quem deu a cara, é normal».
Esta é, defende, «uma tendência que já vem de trás» e que, em breve, poderá mudar. «O Dr. Rogério Bacalhau está em fim de ciclo, nas próximas eleições já não se pode recandidatar, por atingir os três mandatos consecutivos».
Quanto às críticas de Leonel Morgadinho e ao seu anúncio de candidatura, Adérito Silva considera que «é ainda prematuro. Este é um partido plural, ele tem todo o direito a candidatar-se. Mas ainda não abriu a caça…»
Eleito em Fevereiro de 2020, Adérito Silva diz que se orgulha «muito do trabalho que fizemos no PS». «Propusemos a criação de grupos de trabalho em áreas temáticas, que funcionaram, aumentar o número de militantes e aumentaram, passámos de reuniões de 20 ou 30 militantes para 120. Criámos um grupo de gestão financeira autárquica, para apoiar os nossos autarcas, criámos um conselho consultivo, envolvendo pessoas da academia, por exemplo, como o professor João Guerreiro ou o professor Efigénio Rebelo, entre outros, nas listas demos oprtunidade para entrar gente nova, para não serem sempre os mesmos. Todos os assuntos que vão à Câmara Municipal damos conhecimento aos militantes», enumerou o presidente do PS/Faro.
E quanto à uma sua possível recandidatura? Adérito Silva volta a dizer que é «prematuro» falar disso. «Se eu tenho condições ou não para me recandidatar, os militantes o dirão, a seu tempo».
«Nunca pretendi coisa nenhuma, nunca fui em lista nenhuma fosse para a Câmara, para a Assembleia Municipal ou para as Freguesias. Podia tê-lo feito, como sempre fizeram os outros presidentes da Concelhia, antes de mim. Mas não é isso que me interessa. Nunca precisei da política, nem preciso, o meu objetivo é apenas servir o PS», garantiu Adérito Silva.
Leonel Morgadinho não tem, como seria de esperar, uma visão tão positiva sobre a liderança de Adérito Silva. No comunicado enviado às redações, Morgadinho afirma que, «em cerca de 26 anos de militância, primeiro na Juventude Socialista e posteriormente no PS, nunca assisti a uma situação como a que vivemos atualmente no PS Faro», «onde as divisões internas se agudizam e o partido se vai quebrando cada vez mais». Daí o ter avançado já com o anúncio público da sua candidatura.
«Fui candidato, integrando as listas do João Marques. Fiz campanha e tive a oportunidade de acompanhar, mas acima de tudo de ouvir os Farenses. Neste percurso de campanha ouvi muito, senti muito…quer dos Farenses, quer de militantes. É por isso que reafirmo que este é o momento de construir. Construir um projeo com todos e para todos, reconstruir solidariedades, recuperar a fraternidade e acima de tudo saber perdoar para nos podermos unir. Quem está no PS, quem governa o PS, seja nacional, regional ou localmente, tem de ter sempre a ambição de ganhar. Não basta o refúgio de dizer que: não perdemos, que apenas não ganhámos! Basta deste discurso», acrescenta Leonel Morgadinho.
O agora candidato ao PS/Faro foi, poucos dias antes da tomada de posse dos novos órgãos autárquicos farenses, um dos signatários de uma «Carta Aberta» a Rogério Bacalhau, pedindo-lhe que acabe de vez com as barracas da Horta da Areia. Na realidade, uma questão que se arrasta há décadas, mesmo dos tempos em que os socialistas governaram a autarquia e a que a atual Câmara de Faro, de maioria social-democrata, já disse que vai dedicar-se, através da Estratégia Local de Habitação.
A «carta aberta» era assinada por 21 pessoas, ligadas ao PS, algumas delas militantes, como Leonel Morgadinho ou Guilherme Portada.
Nas suas declarações ao Sul Informação, Adérito Silva manifestou a sua estranheza em relação a esta carta, que, garante, foi feita «à revelia da hierarquia do PS». «Queriam dar a sua opinião sobre o assunto, podiam dar à vontade. Mas à revelia da hierarquia do PS? Sem sequer falarem comigo? Não é assim que se faz as coisas».
O presidente dos socialistas farenses critica ainda o facto de Leonel Morgadinho não lhe ter comunicado antes, «por cortesia», a intenção de se candidatar. Quanto a isto, Morgadinho garante que a sua candidatura foi «anunciada na última comissão política concelhia, que decorreu no passado dia 15 de Outubro».
E conclui: «há muito trabalho a fazer, é preciso desde já imprimir o ritmo da mudança necessária» no PS/Faro.
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