Regantes querem mais água de superfície, subterrânea e reaproveitada no Algarve

Especialistas apontaram vários caminhos para aumentar a água disponível para a agricultura, no Algarve

O Algarve tem potencial para ter mais captação de águas superficiais, mas também subterrâneas, e uma grande margem para usar mais águas residuais tratadas, bem como aplicar novas tecnologias de rega. Esta foi uma das principais conclusões das XIV Jornadas FENAREG – Encontro do Regadio 2023, que decorreram em Alcantarilha, no concelho de Silves, nos dias 11 e 12 de Dezembro.

«No Algarve, ainda há margem nas fontes de água superficial, nas águas subterrâneas, nas tecnologias de rega e no aproveitamento das águas residuais tratadas. São soluções que se complementam e podem contribuir para atenuar o grave problema da seca que afeta o abastecimento de água à agricultura e às populações», disse José Núncio, presidente da Federação Nacional de Regantes – FENAREG.

Esta visão é alicerçada pelas intervenções dos vários especialistas convidados para participar nas jornadas.

António Carmona Rodrigues, antigo ministro do Ambiente, especialista em hidráulica e professor da Universidade Nova de Lisboa, defendeu o recurso a fontes de água superficiais, «considerando vital para a região do Algarve a concretização dos projetos da Ribeira Foupana e a captação de água do Pomarão para reforço da capacidade de armazenamento existente nas albufeiras de Odeleite/Beliche», segundo a FENAREG.

José Paulo Monteiro, especialista em hidráulica e professor da Universidade do Algarve (UAlg), «referiu que existem, na região, aquíferos com capacidade de ser explorados e que a sua recarga artificial também poderá ser uma alternativa».

Manuela Moreira da Silva, bióloga e também professora na UAlg, «defendeu o uso de águas residuais tratadas na rega de campos de golfe e pomares, revelando que o Algarve reutiliza apenas 3,7% da água residual tratada na região».

Já Anabela Fernandes Silva, especialista em agronomia e professora da Universidade de Trás-os-Montes, falou da adoção de estratégias de rega deficitária, «que implicam regar com menos água em determinadas fases do ciclo fenológico das culturas».

Estas soluções são apresentadas «num momento em que o Algarve é gravemente afetado pela seca», as albufeiras dos aproveitamentos hidroagrícolas da região estão «em mínimos históricos e os agricultores podem enfrentar novas restrições no acesso à água na próxima campanha de rega».

«Na Barragem do Arade, estamos praticamente no volume morto, à data de hoje, a água que temos dá apenas para um mês, não é suficiente para assegurar a próxima campanha de rega», enquadrou João Garcia, presidente do Aproveitamento Hidroagrícola de Silves, Lagoa e Portimão.

«Para fazer face à escassez hídrica no Algarve, está em preparação o Pacto Regional para a Água, que complementará o Plano de Eficiência Hídrica do Algarve e inclui propostas dos setores agrícola, urbano e do turismo», lembrou a FENAREG.

No segundo dia das Jornadas, a Federação Nacional de Regantes apresentou, ao secretário de Estado da Agricultura Gonçalo Rodrigues, uma proposta de revisão do regime jurídico das obras dos aproveitamentos hidroagrícolas.

«O regime jurídico tem muito anos, propusemos adequá-lo às novas realidades dos perímetros de rega e quisemos incutir na letra da lei mais autonomia para as associações de regantes, tendo em conta a enorme responsabilidade que têm na gestão de mais de 300 mil hectares de regadio em Portugal», explica Gonçalo Tristão, diretor da FENAREG e presidente da Associação de Beneficiários do Lucefecit.

 

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